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Grandes líderes políticos que nunca saíram da Câmara

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
26 de janeiro de 2020 - 0h01

Página anterior abordou a falta de lideranças políticas de Campos em
todas as esferas. Agora, ‘fecha’ o tema, fixando-se apenas na Câmara

Por conta das eleições municipais que novamente se aproximam, texto publicado ano passado (fac-simile ao lado) advertiu acerca da escassez de líderes políticos de peso, de cujas ausências o município tanto vem se ressentindo nas últimas décadas. O assunto deveria ter sido retomado logo na semana seguinte, mas sofreu o atropelo de algum outro.
Na ocasião, enfatizou-se a falta de renovação dos quadros políticos de Campos ao longo desses últimos anos, os quais, infelizmente, não se vislumbra estarem no mesmo patamar daqueles que, sem favor algum, marcaram época e inscreveram seus nomes como grandes lideranças do município, assim considerados graças aos relevantes serviços que prestaram como homens públicos.
Salvo melhor juízo e com todo respeito àqueles que ora se colocam como pré-candidatos à sucessão municipal, em termos de liderança, o que se vislumbra para 2020 diferente do que já visto em 2016? Ou na eleição anterior a esta?
Onde se verifica discurso de vanguarda, com propostas genuínas e transformadoras? Onde se vê a figura do verdadeiro líder político, aquele que enxerga além e apresenta plataforma de governo diferenciado e qualificado, capaz de enfrentar os difíceis desafios rumo à prosperidade, ao invés se limitar-se à interminável lamentação?
Para não ficar apenas no subjetivismo – relembrando observação feita no citado texto anterior – estamos a falar de nomes como Alair Ferreira, Barcelos Martins, Ferreira Paes, Heli Ribeiro Gomes, José Alves de Azevedo, José Carlos Vieira Barbosa, Nilo Siqueira, Raul Linhares, Rockefeller de Lima, Teotônio Ferreira de Araújo e Walter Silva. E nos dias de hoje?
Certamente que contribuindo sobremaneira para essa lamentável falta de renovação, Campos paga o preço pela inapetência de sua classe política ter consentido que as últimas oito eleições municipais girassem unicamente em torno de Anthony Garotinho: ou lhe apoiaram, ou lhe fizeram oposição; ora a subserviência, ora a odiosidade gratuita.
Enfim, teremos que partir do zero, torcendo para que uma liderança independente, com luz própria, surja para tirar Campos da situação caótica em que está mergulhada.
Como desdobramento da matéria anterior e agora entrando no tema que se deseja enfatizar, é de se admirar – e lamentar na comparação com os tempos de hoje – figuras que sem nunca terem saído da Câmara de Vereadores ou disputado outra eleição senão para o Legislativo local, tenham sido lideranças respeitadas e incontestes, que exerceram enorme influência nos destinos do município e como tal eram reconhecidos de toda gente, o que deixa à mostra, com clareza solar, a diferença para os dias atuais.
Nomes que marcaram época na Câmara
Importante deixar claro que não se está aqui fazendo comparações entre vereadores do passado e os eleitos nas últimas legislaturas. Ao contrário e muito além, o que se deseja é por em relevo que Campos, hoje à mingua de lideranças em quaisquer que sejam as esferas (e, como já dito, objeto de matéria anterior que faz desta acessória), já as teve de forma expressiva apenas no âmbito do legislativo local.
Esclareça-se, ainda, que o ‘apenas’, longe de qualquer conotação depreciativa, tem por objetivo enfatizar políticos que, como vereadores, foram mais influentes e prestaram serviços mais significativos do que muitos deputados ou prefeitos.
Daí reconhecidos, sem nenhum favor, como verdadeiras lideranças de Campos – cujos mandatos representaram o povo de forma larga, influenciaram no executivo, com frequência recebendo de prefeitos grandes e difíceis missões legislativas.

Fizeram história em Campos

Esclareça-se, novamente, o seguinte: 1) Não se fala de nomes que passaram pela Câmara e depois galgaram outros cargos; mas apenas dos que não quiseram se candidatar a prefeito ou ao legislativo estadual ou federal;
2) São muitos os que merecem o destaque aqui enfatizado. Contudo, em tempos que não havia internet e que só uma pesquisa aprofundada evitaria omissões – o que não é o caso – citamos apenas alguns representantes deixando registrado e pedindo desculpas pelas inevitáveis omissões;
3) Para que não se deixe na superficialidade quando se fala em ‘lideranças da Câmara’, diz-se daqueles que teriam votos de sobra para concorrer a outros cargos, bem como de vereadores que, com o peso eleitoral que dispunham, ajudaram substancialmente a eleger prefeitos e deputados.
4) Por fim, nem precisa dizer que seja aqui ou em qualquer lugar do Brasil, há inúmeros exemplos de prefeitos, deputados e até governadores que nunca alçaram condição de líderes, geralmente tendo o mandato lhes caído no colo. Enquanto vereadores exerceram, sim, expressiva liderança política.

Nomes que foram destaque

Padre Rosário – Eleito pela primeira vez em 1947, seria preciso um extenso volume de texto para descrever a atuação política do Padre Antonio Ribeiro do Rosário e sua influência. Para se ter ideia, foi vereador por nove vezes consecutiva. Líder nato, identificado como poucos com numerosa fatia da população, foi imprescindível na eleição e na governabilidade de vários prefeitos.
Quer na tribuna, quer nas missões que recebia, foi um gigante. Teve atuação destacada nas comissões técnicas de realizações públicas do executivo, sem prejuízo de suas obrigações sacerdotais. Homem de vasta cultura, foi fundador do Colégio Eucarístico, da Igreja do Saco e da Igreja Santa Terezinha.
Severino Veloso – Com mais de 30 anos na Câmara, ex-bancário, ex-presidente do Automóvel Club Fluminense e fazendeiro, Severino Veloso de Carvalho Neto foi outro nome de extenso prestígio na Câmara, da qual foi presidente por várias legislaturas. Elegeu-se em 1958 e nunca perdeu eleição.
Várias vezes instado a candidatar-se a prefeito, não quis. Preferia influenciar em favor dos temas que defendia e consolidou sua liderança como fiel representante da população, não raro se agigantando quando alguma crise abalava a cidade.
Edmundo Vaz de Araújo, Edgard Coelho dos Santos, Hermeny Coutinho, Edson Coelho dos Santos, Admardo Gama, Ederval Venâncio… – Pelos motivos já ditos, impossível citar todos os vereadores que por várias legislaturas empunharam como bandeiras os assuntos de interesse do município, bem como a habilidade e talento usados no desempenho de suas funções.
Resta evidente, trata-se aqui, também, de homenagear alguns poucos, entre tantos, a quem muito a cidade de Campos deve. E realçar, com evidência irrefutável, o quanto o município está carente de líderes.