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Artista transforma lixo em arte em trabalhos com resina

Projeto que chega a Campos ajuda moradores de comunidades e vende peças por até R$ 4 mil

Geral
Por Redação
16 de janeiro de 2020 - 13h20

Artista Ricardo Camuri mostra algumas de suas obras (Foto: JTV)

Transformar lixo em arte e ajudar a minimizar os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto destes materiais é desejo de muitos artistas. E quando esse objetivo é atingido e ainda é possível ajudar moradores de comunidades carentes e levantar fundos com as vendas, o trabalho se torna ainda mais nobre. É o caso do projeto Camuri Arte, do artista plástico Ricardo Camuri, que transforma materiais como tampinhas de cerveja, rolhas de vinho e até grãos de alimentos vencidos e sachês de maionese em obras de arte. O projeto utiliza ainda a resina para complementar as peças.

Os alimentos e objetos que iriam para o lixo ou que, em muitas vezes, poluiriam o meio ambiente, funcionam como uma espécie de “recheio”, que não fica visível após a conclusão das peças.

“A educação ambiental tem que ser algo constante e esse é um projeto que preza por isso. Muita gente quando toma a cerveja na praia, joga a tampinha fora. Eu consigo recolher em menos de meia hora quase 300 tampinhas em praias como a do Leblon, por exemplo. Mesmo quem tem educação, acaba perdendo essa consciência ambiental. Sei que não vou resolver o problema do mundo com isso, mas a gente consegue diminuir bastante o problema do lixo no estado”, destacou.

Bicicleta feita em resina (Foto: JTV)

Pensando em trazer o projeto para Campos, o artista visita estabelecimentos comerciais da cidade nesta quinta-feira (16) para fechar parcerias. “Estou indo aos melhores locais para colocar a arte para ser vendida lá. Isso traz um grande benefício para estes pontos, porque eu vou dar um destino ao lixo produzido por eles e depois volto ao local para levar as peças para serem vendidas. O estabelecimento também ganha uma parte do valor arrecadado nas vendas”, explicou o artista.

Camuri Arte na prática
O projeto visa recolher material e colocar as peças à venda em várias cidades, principalmente dos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina. O restaurante ou outro estabelecimento que participar do projeto recolhe e separa o material que seria jogado fora. Este material é levado para a comunidade que também participa e já passa por um treinamento prévio para iniciar a criação das obras.

“Eu ensino os moradores das comunidades a fazerem o básico para eu finalizar com a arte. Dessa forma, eu gero renda para eles e faço o trabalho com mais tranquilidade. É como se a comunidade fosse minha sócia. Uma peça dessa demora em média três dias para ficar pronta e mais cerca de uma semana para secar. A arte do Cristo Redentor tem 600 tampinhas de cerveja. Aquela é uma arte de tamanho médio. Uma vez pronta, eu levo de volta para os estabelecimentos para a venda. Os valores são em média de R$ 150, de acordo com o tamanho, mas temos obras maiores de até R$ 4 mil, porque a resina é um material muito caro”.

Uniformes em resina podem ser vendidos por até R$ 40 mil (Foto: JTV)

O início
Ricardo Camuri era surfista, mas precisou deixar o esporte após um acidente que sofreu enquanto surfava no Rio de Janeiro e que fez com que o fêmur dele saísse do lugar. Foram meses de recuperação e fisioterapia até poder voltar a andar. Neste período, ele já havia feito cursos em vários países para trabalhar com resina e foi enquanto estava se recuperando e fazendo fisioterapia que fez o primeiro trabalho de destaque.

“Meu fisioterapeuta é um grande amigo e queria presentear o zagueiro Juan, do Flamengo, que também é amigo dele. Então ele me deu a idéia de fazer a resina na blusa do Juan. Eu fiz, depois de vários testes, e ele levou no aniversário, que tinha vários jogadores presentes. Foi um sucesso e comecei a receber várias encomendas. Depois eu fui me aperfeiçoando e hoje faço a blusa com o movimento”.

O uniforme que passa pela resina pode custar até R$ 40 mil. “A camisa não tem cunho social nenhum, mas através dela que eu cheguei a esse projeto”, concluiu.

Lançamento – O lançamento do projeto Camuri Arte será dia 20 de fevereiro, simultaneamente, em vários estabelecimentos do país. Em Campos, os locais participantes ainda serão divulgados. Quem quiser acompanhar o trabalho, pode acessar o Instagram @camuriarte.

Peça feita com “recheio” de rolhas antes de ser finalizada (Foto: reprodução/redes sociais)

Obra com parte pronta e outra parte com ‘recheio’ à mostra (Foto: JTV)