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Fatos marcantes e um ano para Campos esquecer

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
29 de dezembro de 2019 - 0h01

Apenas em rápidas pinceladas e sem obediência cronológica, cuida-se aqui de registrar alguns dos fatos marcantes de 2019. Frise-se, não se trata de retrospectiva, mas de pontos isolados retirados de diferentes segmentos, muitos dos quais – e não menos importantes – sequer mencionados.
O destaque vai para a política, tendo em vista o peso de sua influência na sociedade.

MUNDO/ POLÍTICA | Neste campo, vemos que a maior parte do planeta segue confusa. Distúrbios na América Latina, inclinação isolacionista na Europa e recrudescimento em países poderosos – como EUA, Rússia e China – são exemplos de que o mundo e sai de 2019 com menos liberdade do que entrou.
Neste finalzinho, o fato mais impactante foi a aprovação do impeachment do presidente americano Donald Trump. O processo, agora, vai para o Senado. Esta foi a terceira vez na história dos EUA que a Câmara aprova o impeachment de um presidente.
BRASIL/ POLÍTICA | O Brasil ‘fecha’ 2019 melhor do que começou, mas abaixo do que se esperava. Isso porque a expectativa mais alta escorregou pelos dedos nos primeiros meses do mandato de Bolsonaro, quando o presidente desafinou com suas declarações polêmicas – plantando e colhendo divergências.
Da postagem de um vídeo de conteúdo obsceno durante o carnaval (divulgando o que teve intenção de repreender), a temas sérios – as trapalhadas potencializadas pelos tuítes de seus filhos geraram intranquilidade. O momento mais sensível foi o de embate com Rodrigo Maia, piorado pelo desentendimento do deputado com o ministro Sérgio Moro, a quem chamou de “funcionário de Bolsonaro”.
Contudo, parece que o Brasil se ajustou ao ‘jeito Bolsonaro’ e a partir do 2º semestre a situação melhorou.
De toda sorte, o País enxerga 2020 com certa calmaria. Tinha expectativas maiores. Contudo, pelos percalços com os quais se deparou, encerra o ano em relativa alta.
BRASIL ECONOMIA | Como na política, a economia também enfrentou turbulência, em especial nos meses que antecederam a aprovação da reforma da Previdência.
O bate-cabeças da equipe econômica e a falta de tato do ministro Paulo Guedes complicaram o quadro. A ida de Guedes à CCJ para tratar da reforma, que acabou em bate-boca no episódio “tchutchuca é a mãe, é a vó!”, foi o episódio mais tenso.
Mas a Câmara ‘assumiu’ a reforma que, aprovada, foi soltando as amarras que prendiam o Brasil à crise que ameaçava voltar.
ESTADO DO RIO | Levando em conta a condição falimentar em que o governador Wilson Witzel encontrou o Rio de Janeiro, seria uma análise temerária aferir a qualidade da administração em 2019.
O governador parece ainda tentar se encontrar no mundo político. Contudo, no episódio do sequestro do ônibus na ponte, teve comportamento deplorável. Ao invés enaltecer a ação bem sucedida da polícia, mas lamentar que o desfecho tenha sido de morte, o governador comemorou como se tivesse marcado um gol. Não se espera de uma autoridade tais gestos.
Mas Witzel termina o ano em alta com o funcionalismo público e favorecendo a economia: sem contrair empréstimo, pagou o 13º no dia 02 de dezembro, antecipando, também, o salário. Vê-se em curso, portanto, uma gestão tributária eficiente.
PERDAS | O teatro perdeu a atriz Bibi Ferreira, também diretora, cantora, compositora e apresentadora. Uma artista completa, responsável por trazer o musical para o Brasil.
A MPB perdeu João Gilberto; o jornalismo, Ricardo Boechat e Paulo Henrique Amorim; a televisão, o produtor e ator Jorge Fernando, os humoristas Lúcio Mauro e Zilda Cardoso, e o apresentador Gugu Liberato.
Infelizmente, a lista é longa em diferentes segmentos. Citando apenas alguns, Caio Junqueira, Wagner Montes, Beth Carvalho, Roberto Leal, Lady Francisco, Rubens Ewald Filho, Maurício Sherman…
FUTEBOL | O Flamengo mudou o patamar do futebol brasileiro. Com um desempenho muito acima de seus rivais, bateu quase todos os recordes em 2019. Campeão brasileiro com quatro rodadas de antecipação, venceu a Libertadores. Antes, o Carioca. Ficou faltando o Mundial de Clubes, que perdeu para o Liverpool, pelo placar mínimo e na prorrogação.
BRUMADINHO | O rompimento de uma barragem da mineradora da Vale, em Brumadinho, MG, em janeiro, constitui um dos maiores desastres ambientais da história. Deixou um mar de lama e matou centenas de pessoas.
NOTRE-DAME/PARIS | Um incêndio afetou a catedral mais famosa do mundo e um dos maiores símbolos da França, a Notre-Dame. Parte do edifício foi consumido pelas chamas, perdendo-se relevante acervo histórico.
TEMER DUAS VEZES SOLTO | O ex-presidente Michel Temer, de 79 anos, esteve preso e foi solto em duas ocasiões. Na primeira ficou quatro dias, sendo solto por liminar do TRF-2. Em maio, após passar seis dias no Batalhão da PM de SP, foi novamente solto por decisão do STJ.
CASAL GAROTINHO PRESO POR 24HS | No mês de setembro, os ex-governadores do Rio, Garotinho e Rosinha Garotinho, foram presos e soltos em 24 horas. O mesmo aconteceu em outubro: novamente presos, foram liberados no dia seguinte, por determinação do STF.
“LULA LIVRE” | O ex-presidente Lula da Silva foi solto após um ano e sete meses (580 dias) preso na Superintendência da PF de Curitiba. Bastou sair e logo fez um discurso com fortes ataques à Lava Jato.
PEZÃO SOLTO | Preso em novembro de 2018, Luiz Fernando Pezão deixou a Unidade Prisional de Niterói em dezembro, por decisão do STJ. O ex-governador está obrigado ao uso de tornozeleira eletrônica.
MEIO AMBIENTE | Os incêndios na Amazônia e o vazamento de petróleo no litoral Nordestino, que depois se espalhou por outras regiões, constituíram fortes agressões ao meio ambiente, que deixa 2019 com muito a lamentar.
ROYALTIES | Antes pautado para 20 de novembro, o STF adiou para abril de 2020 o julgamento da partilha dos royalties do petróleo. O tema, objeto de análise da Corte, é de vital importância para Campos.
GOVERNADOR EM CAMPOS | O governador Witzel esteve em Campos, em novembro, para a inauguração do Guarus Plaza Shopping e de uma nova unidade do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad). Na oportunidade, anunciou liberação de 5 milhões para obras no HGG, prometendo acompanhar pessoalmente a obra.

 

| CAMPOS, UMA CIDADE EM CRISE |

Se nas esferas federal e estadual foi possível enxergar algo de positivo, para Campos 2019 começou ruim e termina pior. O mais grave é o abatimento que tomou conta da cidade por conta do governo que não faz outra coisa senão dar notícia ruim.
As quedas nas receitas dos royalties provocam impacto alarmante, não há dúvida. Mas a mesma dificuldade vem atingindo outros municípios, como Macaé, Quissamã e SJB que, entretanto, buscam alternativas para vencer a dependência dos royalties sem impor tanto sacrifício à população. Ao contrário, pagaram o 13º adiantado, deram gratificação e anunciaram concursos públicos.
Mas aqui, não. Nada além da “nova realidade econômica”, repetida à exaustão por uma administração que não apresenta projeto, não cria alternativas e não mostra luz no fim do túnel. Não dá, sequer, esperança.
A transparência da administração deve ser entendida ao pé da letra: de tão transparente, não se vê.
Num resumo do resumo de 2019, tivemos uma Saúde caótica, greves por todos os lados, transporte de péssima qualidade, ruas esburacadas, mal iluminadas e a periferia entregue ao abandono. Ações na Justiça para garantir repasse aos hospitais contratualizados e até o 13º.
Embates – Em outra face da crise – possivelmente a maior da história recente de Campos – o governo segue, de embate em embate, se inviabilizando com setores do comércio, com os servidores e com a população.
Perdeu o apoio também na Câmara, que votou pela reprovação de todos os projetos do governo Rafael Diniz, chegando ao ponto de não aprovar a Lei Orçamentária – esta, ressalve-se, uma decisão temerária, que o legislativo precisa rever sob risco de prejudicar ainda mais o município.
A fala do juiz – Na terceira decisão para que o município pagasse o 13º aos servidores (metade no dia 23 e os 50% restantes em janeiro e fevereiro), a observação imparcial do juiz Elias Pedro Sader Neto diz muito sobre o governo: “O Município, por seu Prefeito, não demonstrou a mínima boa vontade para cumprir a ordem [decisão anterior do juiz Heitor Campinho, da 5ª Vara Cível], tanto que não propôs qualquer forma de pagamento parcelado”.
Em outro trecho da decisão… “Não cabe a este magistrado enumerar as inúmeras medidas que o gestor público poderia e deveria ter tomado pra evitar tamanho desastre administrativo”.
Fotografia de hoje – Enfim, não interessam as circunstâncias. Quando os servidores públicos ficam contra o governo e a população, igualmente, demonstra seu descontentamento, a voz das ruas é severa.
E se há uma coisa que a história nos ensina, é que no regime democrático, seja em que esfera for, perdeu o apoio popular… Perdeu!
Para 2020 – Espera-se que no último ano de governo, o prefeito Rafael Diniz reveja mecanismos de sua administração e, numa autocrítica, avalie se não estaria se deixando levar por certa empáfia – involuntária, naturalmente.
Torçamos, pois, por mudanças e pelo melhor.