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Entrevista: A arte e o Dom de cantar

Dom Américo ou Oswaldão tornou-se o artista mais popular da região e foi entrevistado por Jô Soares

Entrevista
Por Redação
16 de dezembro de 2019 - 0h01

Por Aloysio Balbi e Girlane Rodrigues

(Foto: Arquivo Pessoal)

Conhecido como Oswaldão, mais conhecido ainda e quase venerado pelos fãs como Dom Américo, ele é uma unanimidade quando o assunto é o dom de cantar. Flertou com a carreira nacional, mas não quis arrancar sua raiz da regionalidade. Oswaldão ou Dom Américo, tem uma agenda cheia, apesar do seu estado de saúde, e a cumpre integralmente. Sua voz nada mudou.

Já comparado a Tim Maia, Oswaldão, nos anos 90, era requisitado para se apresentar em programas de televisão em rede nacional e também em casas de espetáculos de grandes centros. Sem a menor sombra de dúvidas, do alto dos seus dois metros de altura, ele é o artista popular mais conhecido na região.

Foi um dos poucos destas bandas a ser entrevistado por Jô Soares, em um bloco inteiro do programa, com direito a cantoria no final. Foi uma entrevista tipicamente humorizada, já que Jô o chamou de coveiro, pois ele tinha trabalhado em um cemitério em Campos.

Oswaldão e Jô se entenderam. Riram juntos e fizeram os presentes e toda a audiência do programa rirem. Um dos momentos que Oswaldão ou Dom Américo guarda com muito carinho, afinal recebeu elogios do apresentador que também aplaudiu o cantor como se fosse um velho fã, tamanha beleza e recursos de sua voz.

Empilha uma série de homenagens e está para receber agora o título de Benemérito da Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL – pelos serviços prestados a Campos. Generoso, faz shows beneficentes e trata seus músicos com um raro carinho. Bem sucedido, ele estendeu a arte de cantar para seu filho Apollo – com quem já dividiu os palcos – e outros comparsas.

 

1- Dá para resumir sua carreira desde o tempo de Oswaldão até Dom Américo?

Dá pra resumir sim, são 52 anos. Comecei cantando em julho de 1967 e estou até hoje. Com 68 de idade e 52 de carreira musical. Muito bom isso tudo. Antes de ser cantor eu fui paisagista, fui eu que executei os jardins do cemitério Campo da Paz e fui professor e instrutor da banda do Colégio Agrícola de Campos. Mas mesmo nessas duas funções eu já cantava na noite. Comecei no conjunto chamado The Kings, depois passei para o Apollo 7, de Tombos, Minas Gerais de 1974 a 1979. Entrei na Banda Abertura em 80 e em 95 na Banda Mercúrio. De 1998 pra cá, estou na banda Dom Américo e seus comparsas.

2- Você deu entrevista e cantou no Jô Soares.Foi um dos pontos altos de sua carreira?

É claro que a entrevista a Jô Soares no SBT, em agosto de 1996 foi o ponto alto da minha carreira. Estava na BMG, no lançamento do Cd Salsa Brasil. Foi super legal, mas estive dando entrevista em outros programas nacionais também, como o de Ana Maria Braga, quando ela ainda estava na TV Record. Dei entrevista a Leda Nagle do Sem Censura, na Educativa, entre outros. Pelas rádios do Rio e de São Paulo eu passei por quase todas também. Assim como nos jornais mais importantes do país. Dei entrevista para todo mundo…

3- Naquele tempo, no curso da entrevista Jô Soares brincou com você com essa história de Coveiro. Conta aí?

Foi uma pegada. Porque existe a pré-entrevista e a menina me perguntou se eu só cantava. Eu disse que não. Eu disse que também trabalhava em cemitério. E isso aí me ajudou muito no gancho para ser chamado para a entrevista.

4- Você já foi comparado a Tim Maia a teve uma carreira nacional. Poderia ter isso mais longe?

Fui comprado a Tim Maia sim, diversas vezes. O tom de voz é bem parecido, mas longe de ter um talento igual ao do Tim que, para mim é um incomparável. Até hoje, quando eu ouço o Tim eu pergunto assim: ‘Ah Tim, por que é que você foi embora’? Foi um grande professor que eu tive: Tim Maia do Brasil.

5- Você já se recusou a cantar em algum lugar?

Não! Eu canto… nunca recusei e tenho a impressão, se é que me conheço, de que jamais vou recusar. Eu vou aonde o povo está, como diz a frase da música do Milton Nascimento: todo artista tem que ir aonde o povo está e eu levanto essa bandeira.

6- Houve um tempo que você emagreceu, quase tipo Jô Soares. E ai parece que você percebeu que o público gostava de você com peso. Isso é fato?

Houve esse tempo sim em que emagreci bastante e eu até contei isso a Jô Soares. Ele falou: “É.. eu também.. teve época que emagreci e as pessoas falavam que eu perdi a graça, ele falou”. Ele disse assim: que se gordura fosse graça a gente pendurava um pedaço de toucinho no cordão, balançava e dava risada. Isso eu achei muito engraçado essa colocação dele.

7- E como você levou Apollo para os palcos?

Eu descobri que Apollo desde criança tinha uma tendência a cantar. Levei para o palco, convidei… ele novinho ainda, nem tinha mudado a voz ainda. Na época era sucesso essa música ‘Dia de domingo’, com Gal Costa e Tim Maia. Apollo fazia aquela parte da aguda da Gal Costa, aí virava o tom e eu entrava com o tom do Tim Maia. Dali ele tomou gosto. Chegou a ser bancário, no banco Santander, mas tomou gosto pela música e vive da música hoje. Cria o filho dele, a família dele… Ele, através da música, trabalha muito. Ele é muito simpático. Cantor, mas tipo chefe de torcida de futebol. Gosta de fazer aquele alvoroço, fala com todo mundo. É bacana, que Deus abençoe ele.

8- Hoje, até porque você tornou isso público, atravessa um delicado problema de saúde. Quer falar sobre isso? Mesmo assim você mantêm sua agenda de shows e o tempo de permanência no palco?

Mantenho. Eu tenho feito atualmente cerca de 4 a 6 shows por semana. Porque eu tenho um projeto paralelo. Eu, Dom Américo e seus comparsas, com a Super Banda e tenho o projeto Pienós, onde eu canto e toco piano. É um teclado muito bacana que eu tenho, um Privia, lançamento da Casio. Só pra você ter uma ideia, ano passado eu fiz 144 apresentações só no piano, fora as apresentações da banda, que me dá um retorno super legal.

9- Com quais grandes nomes da música você já cantou?

Olha só, eu já cantei com grandes nomes da música, já cantei com Joana, Agnaldo Timóteo, cantei com Frank Aguiar. Cantei com José Augusto também… Eu era de um escritório de Roberto Menescau, no Rio, onde gravei dois discos pelo estúdio dele e lá eu fiz amizades com grandes artistas. Além da Poligram, que era vizinho, na Érico Veríssimo, na Barra. Então eu tive facilidade de cantar com alguns artistas. Confesso a você, em particular, que eu não gosto. Eu não gosto de fazer essa participação não. Agora, por exemplo, eu poderia ter feito com Alcione, na Multiplace mas eu preferi terminar a minha parte e ir embora.. eu tenho uma amizade com ela, mas nem fui no camarim cumprimentá-la porque ela podia me chamar para fazer parte do show dela e eu não queria fazer.. o show é dela …

10- Você tem centenas de títulos mas está para ganhar um que é de sócio benemérito da CDL, sem nunca ter sido comerciante. É um reconhecimento que parece importante. Te surpreendeu?

Eu quero crer que essa homenagem que vou receber, essa honrosa homenagem, é em função do comercial da Fepe que eu faço já há alguns anos. Nem sei quantos anos já são. Há uma certa gratidão dos comerciantes a essa participação minha. Eu tenho um carinho e um respeito muito grande com esse nosso comércio e aos nossos comerciantes e isso me deixa feliz de poder contribuir e agora ser reconhecido como uma pessoa importante para o meio.

11- Você realmente nunca pensou em política?

Não, política não. Fui convidado diversas vezes, mas fui firme na resposta. Eu falei que não queria, não era minha praia, não gosto… eu gosto muito de olhar nos olhos da pessoa e a impressão que eu tenho é que político não olha nos olhos de ninguém. Ainda mais na atual conjuntura. Não tem como… Eu gosto muito de olhar nos olhos das pessoas, eu gosto muito de sorrir. Eu não ia ter paz , eu não troco a minha paz por nada. Portanto, política nunca me apeteceu.