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Entrevista: Novas técnicas para cirurgia de coluna

A endoscopia de coluna substitui bisturis e pinças por câmeras de alta tecnologia e micro instrumentos

Entrevista
Por Aloysio Balbi
2 de dezembro de 2019 - 5h54

Em 2012, o médico ortopedista Rafael Osório Rocha, realizou a primeira cirurgia de escoliose em Campos. Formado em 2005 pela Unigranrio, com residência em Ortopedia no Hospital Federal de Ipanema e em Clínica e Cirurgia da Coluna Vertebral na Cecol/RJ, onde atuou até 2018 como staff na equipe do renomado Dr. Deusdeth Gomes.

Rafael é Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e único Membro da Sociedade Brasileira de Coluna em Campos. E é aqui na sua cidade, que no próximo dia 7 de dezembro, irá participar de um grande evento de ação social, que acontecerá no Hospital Dr. Beda, quando cinco pacientes do SUS, serão submetidos a cirurgias vídeo endoscópicas da coluna vertebral. O evento contará com a participação de professores reconhecidos internacionalmente, visando mostrar os avanços nas técnicas de endoscopia da coluna vertebral.

Especialista em deformidades da coluna e em cirurgias minimamente invasivas como a endoscopia, Dr. Rafael Osório Rocha fala nessa entrevista sobre essas novas tecnologias e também sobre as doenças da coluna vertebral que hoje atingem mais de meio bilhão de pessoas em todo mundo e é a principal causa de incapacidade física. Só no Brasil, são mais de 90 mil casos por ano, só na rede pública de saúde.

Por que tantas pessoas sofrem de problemas na Coluna Vertebral?

A coluna vertebral é constituída por peças ósseas sobrepostas chamadas vértebras, em número variável (entre 33 e 34). E no meio dessas vértebras passa a medula – canal de comunicação entre o cérebro e o restante do corpo. É uma estrutura muito sensível, cheia de músculos, nervos e discos, e é por isso que a dor nas costas é tão comum. Estima-se que 80% das pessoas vão sofrer com o problema alguma vez na vida.

Por que essas doenças da coluna atingem pessoas cada vez mais jovens?

Má postura, sedentarismo, obesidade, excesso de atividade física e herança genética são alguns dos fatores que contribuem para que as doenças da coluna afetem cada vez mais pessoas jovens. É possível observar um crescimento considerável no número de homens e mulheres cada vez mais jovens com diagnóstico de hérnia de disco, por exemplo. Muitos destes pacientes têm o diagnóstico depois de uma crise, quando ficam imobilizados e procuram auxílio médico.

A falta de atividade física é um vilão para a Coluna Vertebral ?

O exercício físico é uma parte importante do cuidado da saúde geral da coluna vertebral. A prática de atividades físicas, quando acompanhada por um bom profissional, pode resolver alguns problemas na coluna. A atividade física fortalece a musculatura, alonga os músculos das costas e ajuda a dar sustentação ao corpo, diminuindo os riscos de lesões.

A obesidade é um agravante para as doenças da coluna vertebral?

Com certeza! O excesso de peso, principalmente o abdominal, desloca o centro de gravidade do corpo para a frente, sobrecarregando também a musculatura posterior. Algumas das consequências do sobrepeso são a degeneração e o desgaste do disco vertebral, que pode gerar lombalgia – dor na coluna – e o desenvolvimento de hérnia de disco, caracterizados pela sobrecarga na musculatura e na parte óssea.

Quais os tratamentos para a maioria das doenças da coluna?

A grande maioria dos problemas na coluna vertebral são resolvidos com tratamentos conservadores, através da administração de remédios, repouso, fisioterapia, prática de atividades físicas e fortalecimento muscular. Por isso a importância de um diagnóstico precoce.

Em que casos específicos a cirurgia é recomendada?

A intervenção cirúrgica é recomendada nos casos onde há falha do tratamento conservador (medicações + fisioterapia), quando há deformidades graves e progressivas na coluna vertebral e quando o paciente apresenta algum déficit neurológico.

Qual a complexidade de uma cirurgia na coluna?

Como as novas tecnologias tornaram essas cirurgias mais seguras e menos invasivas? A cirurgia da coluna vem sofrendo recentes avanços no sentido de minimizar o trauma cirúrgico e levar a uma recuperação mais rápida dos pacientes. A cirurgia minimamente invasiva é realizada através de uma pequena incisão na pele, e usualmente auxiliadas pelo uso de microscópios e/ou endoscópios (câmeras de vídeo com ampliação das imagens). Hoje, várias cirurgias podem ser realizadas através de uma abordagem minimamente invasiva com resultados comprovadamente eficazes, diminuição dos riscos de complicações cirúrgicas, redução do tempo de internação hospitalar e retorno mais precoce às atividades da vida diária.

Como é a recuperação do paciente?

A recuperação depende muito do paciente e do tipo de doença que ele apresenta, mas de uma forma geral, o paciente consegue andar no dia seguinte a cirurgia. Deixamos uma semana de repouso em casa e logo reavaliamos para liberar para atividades.

Muitas vezes, problemas da coluna acabam irradiando para outras partes do corpo e as pessoas nem se dão conta da origem do problema. O senhor poderia listar alguns casos?

Problemas na coluna podem manifestar-se como dor, dormência e limitação funcional dos membros, pescoço, braços, pernas e costas. Por isso, é importante procurar um especialista de sua confiança quando os sintomas surgirem.

A dor é algo muito subjetivo. Como você lida com seus pacientes que possuem dor crônica?

É muito importante que o paciente busque por profissionais capacitados e com experiência para não haver indicações cirúrgicas desnecessárias. A dor crônica caminha junto com problemas da saúde mental como depressão e distúrbios de ansiedade. É preciso reconhecer quando a ajuda psiquiátrica é necessária.

Dr. Rafael, você foi o primeiro cirurgião a fazer uma cirurgia de escoliose em Campos no ano de 2012 no Hospital Dr. Beda, inclusive o Jornal Terceira Via fez essa cobertura. Fale um pouco sobre o assunto.

A cirurgia de escoliose é minha grande paixão dentro da especialidade.

É muito gratificante quando você consegue proporcionar uma melhora da qualidade de vida de um paciente. A escoliose é caracterizada pelo desvio lateral da coluna maior que 10°, ocasionando um desequilíbrio do tronco. A maioria das escolioses cirúrgicas é idiopática (não tem causa definida), mas novos estudos mostram uma predisposição genética.

É importante entender que muitas vezes cirurgias precoces evitam cirurgias maiores e mais traumáticas no futuro.

Fale um pouco sobre o evento de Cirurgia Endoscópica que acontecerá no dia 7 de dezembro no Hospital Dr. Beda

Foram selecionados cinco pacientes do SUS, com indicações cirúrgicas distintas que serão operados por profissionais renomados com tecnologia de ponta. O objetivo do evento é divulgar a cirurgia endoscópica da coluna, técnica minimamente invasiva que só traz benefícios para o paciente. Essa técnica tem se demonstrado útil para diminuir o trauma cirúrgico, preservar a função das estruturas anatômicas (como os músculos e ligamentos), oferecendo uma recuperação pós-operatória mais rápida e menos dolorosa.

 

Dr. Rafael Osorio Rocha

CRM: 52.80363-4

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