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EDITORIAL: A cidade que sobreviveu

Com uma máquina mais enxuta, que prioriza serviços essenciais e a assistência aos mais necessitados, Macaé vive um momento pós-crise

Editorial
Por Redação
24 de novembro de 2019 - 0h01

(Foto: Carlos Grevi)24

Antes da Petrobras, Macaé era uma vila de pescadores. A chegada da estatal a transformou em uma cidade cosmopolita e uma das principais economias do Estado. Durante anos, o município cresceu, atraindo gente de todo o país e amealhando cifras milionárias com o pagamento de compensação pela exploração e da produção em alto-mar. Tornou-se, nas últimas décadas, símbolo da indústria nacional de óleo e gás. Natural, portanto, que a crise que abateu o setor a partir do último trimestre de 2014 gerasse efeitos importantes sobre a dinâmica da economia macaense.

As filas nas portas das empresas, que antes reunia candidatos a vagas de emprego, passou a aglomerar demitidos em busca de direitos trabalhistas. O setor imobiliário precisou lidar com um mercado deprimido pelo esvaziamento repentino de casas e apartamentos, conforme homens e mulheres decidiam retornar a suas cidades natais ou tentar a sorte em outro lugar. Os hotéis passaram a receber metade dos visitantes, enquanto a rodoviária e o aeroporto se tornaram, principalmente, pontos de partida e raramente, de chegada.

Mas, segundo o prefeito Dr. Aluízio, Macaé sobreviveu. A palavra não parece ter sido escolhida por acaso. Sobrevive aquele que sofre, perde, e continua. A queda de receitas foi identificada e uma estratégia de redução de despesas e atração de investimentos foi implementada. Hoje, a cidade consegue vislumbrar um futuro que pode, novamente, ser chamado de promissor. E volta a projetar crescimento, com a aposta na indústria do gás, que promete oportunizar a criação de um cinturão de desenvolvimento econômico que deve se estender até São João da Barra e Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. O desafio, agora, é recuperar níveis de empregabilidade semelhantes aos de 2013 e início de 2014.

Com uma máquina mais enxuta, que prioriza serviços essenciais e a assistência aos mais necessitados, Macaé vive um momento pós-crise, que o prefeito descreve como “uma nova realidade”: mais austera e que exige uma visão clara de prioridades. Mas que, ao mesmo tempo, permitiu ao município o aprendizado necessário para lidar com uma possível mudança nas regras de distribuição dos royalties, a ser definida no dia 20 de abril de 2020, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) julga liminar que suspendeu dispositivos da Lei 12.734/2012, que prevê a partilha de receitas do petróleo com municípios e estados de todo o país.

Hoje, a compensação paga pela exploração da commodity representa somente 23% da arrecadação de Macaé. Uma lição de quem fez o dever de casa.