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Entrevista: equilíbrio do corpo e mente

Nutricionista Rachel Faria acaba de lançar um método de emagrecimento que está disponível em plataformas digitais

Entrevista
Por Redação
18 de novembro de 2019 - 6h00

Uma das profissionais mais respeitadas de Campos é a nutricionista Rachel Faria e, nessa entrevista, ela faz jus a essa fama, ao se aprofundar no assunto ‘alimentação saudável’. Rachel explica a relação do corpo e da mente e como o inconsciente das pessoas influencia na alimentação. Aqui, ela também dá uma notícia em primeira mão sobre um método que acaba de lançar em um curso que já está disponível nas plataformas digitais. É o “Emagreça para sempre em 8 DRs”, que pretende levar seus pacientes a uma rotina alimentar positiva por toda a vida, enterrando de vez o tal do efeito sanfona que aterroriza qualquer um quando o assunto é emagrecimento. Rachel comanda o Espaço Nutrir, em Campos e, junto de uma equipe competente tem levado muitos campistas a uma vida saudável. Nessa entrevista, ela fala sobre o jejum intermitente, o uso das redes sociais como fonte de propagação da nutrição e alerta para o perigo do uso indiscriminado de suplementos e o risco da propagação de pesquisas sobre alimentação pouco embasadas em dados científicos.

Você coordena o Espaço Nutrir em Campos, que é muito mais que um consultório. Conte-nos um pouco do trabalho que é feito por lá.

O nosso espaço vem com uma proposta de atender as demandas desse público que deseja ter uma alimentação e estilo de vida saudáveis. Além do atendimento nutricional, temos cursos teóricos, com sala de aula, recurso audiovisual e cozinha para produção de lanches saudáveis. Fazemos entrega na cidade para atender a necessidade das pessoas de comer comida saudável. No Espaço Nutrir temos também nutricionista materno—infantil que promove palestras de introdução alimentar e alimentação para o público que sofre de alergia alimentar.

A nutrição está sempre no topo das redes sociais. Hoje, muita gente usa esses canais para se informar. Você também tem seu público fiel nas redes. Comente um pouco sobre essa relação…

A rede social possibilita a gente a ter voz para um número grande de pessoas. Ela viabiliza a chegada de muito conteúdo para as pessoas, mas nem tudo tem embasamento, por isso, é preciso cuidado. Tenho muita responsabilidade e comprometimento com a informação que eu passo, fico feliz em poder transmitir dentro do que eu sei e estudo, uma informação que contribua de forma positiva na saúde das pessoas e mudança no comportamento alimentar para que essas informações repercutam também na vida da família dessas pessoas. É uma troca muito boa. Através desse canal a gente busca também mais conhecimento e conteúdo para transmitirmos.

Também pelas redes sociais, vemos muitos assuntos polêmicos no campo da nutrição, como o jejum intermitente e a consagração do ovo, como um dos alimentos mais saudáveis do mundo, desmistificando a ideia de que “aumenta o colesterol” e, por isso, faz mal. Qual sua opinião sobre esses assuntos?

Toda informação deve ser baseada em estudo científico. Não posso ir para a rede com informação baseada no que eu gostaria que fosse verdade. Embasada em estudos sérios, a gente constrói a nossa conduta e é bem interessante falar sobre estudo científico porque quem trabalha dentro de uma determinada área é que tem condições de avaliar se aquele estudo foi conduzido de forma correta, por instituição e grupo de pesquisadores sérios, sem segundas intenções. É comum ver em veículos de comunicação, estudos sem nenhuma relevância serem repercutidos e seguidos por todo tipo de pessoa. Sobre o Jejum intermitente, costumo devolver a pergunta ao meu paciente porque cada caso é um caso. Não serve para todos, mas aplicado de forma individualizada, de acordo com o histórico de vida do paciente, pode ser benéfico.

Você também é especialista em nutrição infantil. Podemos dizer que a consciência dos pais, hoje, está refletindo numa melhor alimentação dos filhos ou isso ainda está longe da realidade?

Não tenho essa especialização e, embora eu não atenda crianças, eu converso com os adultos sobre a alimentação dos filhos. Essa pergunta é bem pertinente porque quando os pais têm consciência do que é uma boa alimentação, isso traz reflexo positivo. Mas quando os pais entendem que estão fazendo dieta para corrigir determinado problema, a alimentação dos filhos continua ruim porque eles pensam que os filhos não têm a mesma necessidade dos pais. Por exemplo, se os pais percebem que estão obesos ou com aparência física ruim, eles pensam que não precisam submeter os filhos a mesma reeducação alimentar porque a criança não está obesa. Nesse caso, não tem efeito positivo, mas quando as pessoas entendem os benefícios da alimentação saudável, independente de qualquer condição, com certeza vão querer replicar para família sim. Isso é positivo.

Na sua opinião, uma pessoa que, no início da vida é estimulada a uma alimentação saudável, tende a repetir esse gesto por toda a vida?

Com certeza é muito mais fácil uma pessoa ter alimentação saudável na infância e replicar para vida. Até porque o inconsciente fala muito alto no que diz respeito a alimentação. Se a pessoa teve uma alimentação errada na infância e a memória afetiva dela remete a uma infância feliz e protegida, ela, quando adulto, busca de forma inconsciente aquela rotina alimentar, para ter a boa sensação da infância. As vezes, os pais obrigam o filho a comer verdura e legume porque aquilo faz bem, mas não se preocupam em tornar aquele alimento atrativo. Aí, acabam obrigando a criança a comer aquilo sob a condição de poder comer doce depois, como uma recompensa. Isso cria na criança, uma consciência de que comer verdura e legume é ruim e o doce é a coisa boa. Por isso criamos adultos que buscam tanto comer doces em momentos de pressão ou ansiedade.

Você também faz palestras sobre alimentação saudável, né? Isso facilita a vida do paciente e de pessoas interessadas em saúde e qualidade de vida. E os famosos cursos online ou presenciais sobre emagrecimento, você oferece ou já pensou em oferecer?

Faço palestras sim e estou com curso pronto que acaba de ser lançado. Estou falando isso em primeira mão para você. É um cardápio com uma proposta de várias refeições saudáveis, com vídeos, receitas e listas de compras. Estou estruturando o método “Emagreça para sempre em 8 DRs”. É uma forma que eu tenho de propagar esse método que eu já venho usando no consultório e que dá resultados maravilhosos. Estou adaptando para a versão online. Esse método fala em emagrecer para sempre para evitar que as pessoas se submetam a esse processo de engordar e emagrecer, o chamado efeito sanfona. Muitas pessoas ainda acham que estar de dieta é sinônimo de privação, angústia e isso desencadeia uma série de reações negativas, física e emocionalmente.

A nutrição é uma forma de contribuir com a saúde a longo prazo, como a medicina preventiva. Fale um pouco sobre isso.

A nutrição, de fato, é uma forma de contribuir com a saúde a longo prazo, prevenindo o envelhecimento precoce, por exemplo. Temos visto pessoas com corpo envelhecido. Fazemos no nosso consultório a avaliação por bioimpedância e esse aparelho nos mostra a idade metabólica das pessoas. Por conta de um ritmo de vida errado, sono ruim e falta de atividade física, as pessoas estão sendo desfavorecidas metabolicamente. Por exemplo, uma pessoa com 40 anos tendo um corpo metabólico de 48. A gente percebe claramente a reversão desse quadro com a mudança de alimentação e atividade física porque os alimentos saudáveis estimulam a renovação celular. Estimula a morte de células velhas e inativas e estimula a produção de outras células com mais vitalidade e efeito positivo no metabolismo energético, com mais capacidade de agir no sistema imunológico. Então, sim, alimentação saudável renova todo o corpo.

Como a nutrição agrega às atividades físicas? Você também é frequentadora de academias?

Sou frequentadora, embora não trabalhe com nutrição esportiva. O meu público pratica atividade física, não é atleta. Não sou a favor do nome de ‘treino’, isso dá a sensação de que a pessoa é atleta, que compete. A alimentação saudável contribui com as atividades físicas uma vez que favorece o corpo e o gasto calórico. Quando necessário uso suplementação. Para quem é atleta, existe a preocupação sobre o que comer antes, durante e depois da atividade. Mas para quem faz atividade física, existe preocupação do contexto alimentar. A conduta é sempre individualizada

Vemos muitos casos de prescrição de suplementos alimentares. Na sua opinião tem havido muito exagero na utilização desse recurso em busca do corpo perfeito?

Tem essa ideia de que a suplementação e necessária em todos os casos. Muitas pessoas ainda querem milagres e resultados milagrosos. Vemos consumo de produtos ditos naturais, mas não são; acredito que as pessoas sabem que não são, mas preferem acreditar na promessa. A prescrição de suplementação está muito prostituída. As vezes, as pessoas compram voluntariamente na internet, sem prescrição e informação. Vão às lojas, investem um valor em certo produto que não tem retorno nenhum para ela. O ideal seria investir em um profissional sério que, de fato, vai ajudá-lo.

Qual a sua opinião sobre o “arroz com feijão”. A dupla brasileirinha é indispensável para uma boa alimentação?

Dupla muito boa, um complementa o outro em termos nutricionais e ajuda a saciar a fome. Às vezes, as pessoas retiram esses alimentos da dieta porque acham que vão engordar, mas acabam passando o dia comendo bobagem porque não ficaram saciados no almoço.