×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Aumenta a escolha por partos humanizados

Obstetra Thayanna Alves Matsuda fala do aumento dessa prática desde que retornou à Campos em 2016

Saúde
Por Redação
16 de novembro de 2019 - 11h43

Nicole do Nascimento comemora o parto. (Foto: Victória Souza)

“O parto humanizado tem como foco o protagonismo da mulher”. É com esta declaração que a ginecologista e obstetra, Dra. Thayanna Alves Matsuda, comemora com orgulho o aumento do da procura por esse tipo de parto na cidade de Campos dos Goytacazes. Referência no assunto, a especialista lembra que em 2016, quando retornou à cidade após um período de residência na capital, o tema ainda gerava dúvidas e medo por parte das gestantes, mas com o tempo essa realidade foi modificando. A humanização surge para mostrar que a mulher é capaz de tudo que ela quiser, inclusive de fazer as escolhas relacionadas ao seu próprio corpo, optando pelos profissionais adequados e o melhor ambiente para ter o seu filho, do jeito que ela imaginou. O principal é o foco na saúde e no bem estar da mãe e do bebê.

“Quando terminei a minha residência médica, que é a especialização em Ginecologia e Obstetrícia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) no fim de 2015 decidi retornar à minha cidade natal, pois nasci em Campos, mas cursei toda a minha história da medicina fora. Voltei em 2016 buscando me inserir na área da Obstetrícia que é o meu principal foco, minha paixão. Esse foi o ano de muitas descobertas. Na verdade, um recomeço. Ao chegar tive uma surpresa em não encontrar um ambiente acolhedor para o parto normal humanizado. Eu já estava ambientada com essa atmosfera, pois onde me especializei é muito comum o parto normal. Eles incentivam muito mais essa prática do que a cesárea e isso me surpreendeu, pois eu encontrei um ambiente, onde que mais de 90% dos partos eram cesariana, inclusive, as pacientes não queriam buscar muito o parto normal por medo, mas depois fui entendendo a realidade e fui me inserindo na área”, comenta.

Humanização do parto

Segundo a obstetra, a humanização surgiu para resgatar o protagonismo da mulher no seu próprio parto, visto muitas situações que promoviam a insegurança e o medo nessas gestantes, seja por violência médica ou até mesmo por histórico familiar negativo em relação ao nascimento de um bebê. Dra. Thayanna conta que antes, a história do parto retratava a mulher parindo na própria residência ou nas casas de parto, com enfermeiras e parteiras. Com o avançar da medicina, o médico foi inserido nesse contexto justamente para salvar vidas.

“Ao longo do tempo, o ambiente do parto deixou muito de ser domiciliar e passou a ser hospitalar, para resgatar esse cuidado com a mulher, de salvar as vidas da mãe e do bebê e então surge à cesariana e o seu único objetivo era salvar vidas. Existem raríssimos casos de indicações absolutas de cesariana. A grande maioria das mulheres é capaz de parir de parto normal. Com o tempo fomos percebendo que era muito mais comum fazer parto cesariana do que o normal pelo comodismo, por histórias que tiveram um desfecho desagradável e por agressão médica. Infelizmente, muitos colegas compactuam com uma certa violência. Porém, o parto humanizado surgiu para enfim mudar esse cenário”, lembra.

Protagonismo: No parto humanizado, a mulher faz as próprias escolhas, assim como a mãe Sabrina Ferreira. (Foto: Lídia Gandra)

Direito de escolha

A especialista afirma que com a realização deste tipo de parto, as mulheres têm visto a humanização e o parto normal com outro olhar, principalmente com a dissolução de mitos relacionados à gravidez e ao momento do nascimento do bebê, que proporcionavam um cenário de preocupação. A humanização do parto é justamente para a mulher ter direito de escolha.

“A mulher deve escolher os profissionais que irão ajudar no parto, o acompanhante e como ela quer parir. Muita gente acha que o parto humanizado necessariamente é na banheira ou dentro de casa, fora do hospital. Não, o parto humanizado é justamente o protagonismo da mulher. A grávida pode sim andar durante o trabalho de parto. Ela pode parir sim em um hospital, não precisa ser em uma banheira. Ela pode parir na cama, no chuveiro, como quiser. A mulher comer durante o trabalho de parto, pode parir de cócoras ou sentada. O parto humanizado chegou para resgatar mesmo a autonomia delas, com suas escolhas, com o seu corpo, para poder ter um ambiente mais acolhedor nesse momento tão importante. Muita gente pensa que é uma exigência ser parto normal a qualquer custo. Ao contrário, é um parto com respeito, mas com muita responsabilidade. É lógico que existem pacientes que querem parto normal, mas infelizmente não conseguem e acaba precisando evoluir para uma cesariana e tudo bem. Isso não está errado, pelo contrário, a gente consegue sim mudar muitos desfechos ruins de partos salvando vidas pela cesariana. A cesária é muito bem-vinda, quando tiver a necessidade”, ressalta.

Em sua equipe, a Dra. Thayanna tem o auxílio de médicos pediatras, outras obstetras, enfermeiras e inclusive doulas, de livre escolha das pacientes.

“De 2016 para cá muita coisa evoluiu, a estrutura dos hospitais e das maternidades melhorou muito. Ainda precisa mudar muita coisa, mas já avançamos bastante e o índice de parto normal aumentou. Vejo vários colegas que não faziam partos normais e hoje em dia já estão fazendo. Eu fico feliz já que era vista como a diferente e agora as pacientes já me procuram em busca desse tipo parto. Tenho pacientes de outras cidades também e acho que isso não é à toa, porque elas devem buscar uma equipe que ofereça esse apoio. Fico feliz de poder ser essa referência aqui”, revela.