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Onde o medo fez sua morada

São muitos os relatos de moradores que foram expulsos de suas casas pelo tráfico de drogas em Campos

Editorial
Por Aloysio Balbi
10 de novembro de 2019 - 6h00

Polícia faz ronda em conjunto habitacional no bairro Eldorado (Foto: Carlos Grevi)

O que era para ser a solução do déficit habitacional de Campos acabou sendo morada de um enorme problema social: as casas populares. Em um único saco é possível acondicionar problemas para construção sem planejamento, fora de padrões técnicos, material de qualidade inferior à média e desvio de recursos que acabou colocando sob suspeita a ex-prefeita Rosinha Garotinho.

As casas populares, tanto o projeto “Minha Casa Minha Vida” do governo federal, quanto o “Morar Feliz” do municipal, acabaram transformando em áreas de risco social os locais onde essas moradias foram construídas. Todos projetados na periferia e sem a presença dos serviços públicos, como segurança, esses bairros e seus moradores viraram presas fáceis para traficantes e criminosos com modos de agir semelhantes aos milicianos.

São muitos os relatos de moradores que foram expulsos de suas casas pelo tráfico de drogas em Campos. A maior parte deste problema está situado em Guarus onde, em muitos desses bairros, carteiros não entram e motoristas de táxis não completam o serviço, deixando os passageiros bem distantes do seu destino.

Talvez fosse a hora de olhar o urbanismo em Campos de forma diferente. Financiar casas geminadas no atacado e fazer política de varejo. Mais interessante seria financiar a preços que alcançam essa demanda terrenos e projetos, para que o cidadão possa escolher onde quer morar. Seria uma maneira de desconcentrar esse problema.

A reportagem Especial desta edição, assinada pela jornalista Girlane Rodrigues, chefe de Reportagem do Sistema Terceira Via, faz uma espécie de tomografia computadorizada deste problema, que se agrava em pontos diferentes das periferias das áreas urbanas, mostrando como essas pessoas moram sob o domínio do medo.