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Classe média e política são temas de livro e debate

O cientista social Adalberto Cardoso lança obra em Campos, nesta terça-feira(5), no IFF

Cultura
Por Ocinei Trindade
4 de novembro de 2019 - 13h45

Adalberto Cardoso, do IESP da UERJ (Foto: Divulgação)

A obra “Classes Médias e Política no Brasil – 1922-2016”, de Adalberto Cardoso, será lançada em Campos, nesta terça-feira (5), às 18h30, no Auditório Miguel Ramalho, do Instituto Federal Fluminense.  O evento é aberto ao público e pretende discutir alguns pontos de vistas econômicos e políticos do país. O autor do livro é um dos mais renomados cientistas sociais do Brasil, membro do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Em 1922, o então presidente Epitácio Pessoa dava a lugar a Arthur Bernardes na Presidência da República. A chamada Primeira República (ou Velha República)  chegaria ao fim em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao governo federal. O Estado Novo, as eras Vargas e JK, a Ditadura Militar, a reabertura política, a redemocratização do país e a inauguração da Nova República em 1985 são alguns dos fatos cronológicos que fazem parte da evolução política brasileira, e que refletem ainda nos dias atuais.

De acordo com Adalberto Cardoso, os acontecimentos políticos que culminaram com o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do vice Michel Temer ao poder em 2016, fizeram com que a História fosse revisitada. As classes populares passaram a ter mais destaques ainda nas reivindicações políticas durante este século, com novos protagonistas e desdobramentos.

“Trata-se de uma pesquisa de longa duração. Tentamos buscar raízes profundas da História brasileira. Em 2016, houve um desdobramento do que aconteceu em 2013 que, por sua vez, foi um desdobramento do que ocorreu em 2005 durante as denúncias do Mensalão”, destaca o autor.

De acordo com Adalberto Cardoso, em 2019, otimismo e pessimismo ajudam a traçar um perfil do Brasil contemporâneo, desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente da República.

“Isto é bem relativo. Os bolsonaristas veem o futuro do país com otimismo. Já os não bolsonaristas têm pouco ou nenhum otimismo com a política do governo vigente. Considero que Dilma sofreu um golpe parlamentar. Desde que Temer assumiu,  uma agenda neoliberal radical tomou conta do Brasil”, cita Adalberto.

As catástrofes ecológicas também são analisadas pelo pesquisador. “O rompimento de barragens em Mariana e em Brumadinho, a destruição do Vale do Rio Doce no governo Temer; incêndios na Amazônia, liberação de agrotóxicos e venenos para lavouras, a poluição das praias nordestinas com derramamento de petróleo, além da reforma da Previdência, austeridade fiscal na gestão Bolsonaro são fatos que me tornam pessimista sobre o futuro”, diz o pesquisador.

Adalberto Cardoso se apresenta no IFF Campus Centro às 18h30, nesta terça (5)

O livro “Classes Médias e Política no Brasil – 1922-2016” dialoga com vários elementos da Sociologia e da História, em linguagem acessível a todos os públicos. “Nossa pesquisa tem como alvo os estudantes e historiadores, mas também qualquer leitor que se interesse pela trajetória política e econômica do país”, comenta Adalberto Cardoso.

O papel da classe média brasileira é considerado fundamental para algumas decisões políticas em quase um século. “Eu tento chamar a atenção para notar que as classes médias não foram só responsáveis por movimentos de regressão antidemocrática como foram na Revolução de 1930; no Golpe Militar do Vargas em 1937; na crise que culminou no suicídio de Getúlio em 1954; a crise contra João Goulart que levou ao golpe militar de 1964. O movimento estudantil naquele período foi essencial como contraponto. O “moralismo” e o “combate à corrupção” voltaram a fazer parte dos discursos conservadores da classe média, que passou a atacar governos de esquerda ou progressistas recentemente, também”, conclui.