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Opinião: muito barulho e nada

Campos está sentindo nos tímpanos um problema que tira o sono das grandes cidades

Editorial
Por Redação
27 de outubro de 2019 - 7h00

(Foto: Silvan Rust)

Por ALOYSIO BALBI

William Shakespeare escreveu uma peça que, até hoje, é vista e escutada em todo o mundo. Chama-se “Muito Barulho por Nada”. Tem gente que faz, realmente, muito barulho por nada. Mas, a maioria faria todo possível para não ouvir barulho, principalmente quando acompanhado de mau gosto e grosserias. Campos está sentindo nos tímpanos um problema que tira o sono das grandes cidades em bairros diversos: a poluição sonora, que se agrava quando é noturna.

A poluição sonora deixou de ser um problema de postura para se transformar em um problema de saúde pública. Já foi o tempo em que se invocava a Lei do Silêncio, que entrava em cena a partir das 22h. Mesmo com a luz do dia, fazer barulho reiteradamente e no mesmo lugar, sem nenhum tratamento acústico, é proibido. E as autoridades, com raras exceções, se silenciam.

São dezenas de ações na Justiça de moradores contra bares e boates, desde bairros periféricos até áreas nobres, como a Pelinca, apontada como dona do metro quadrado mais caro de Campos e com o IPTU tão alto quanto seus prédios. Moradores já fizeram de tudo: janelas antirruído e até o isolamento acústico da própria moradia, o que seria obrigação dos responsáveis pela zorra.

A reportagem Especial desta edição foca na Pelinca. A vocação eminentemente residencial, porém, ficou no passado e o bairro vem observando o desenvolvimento de um forte potencial comercial nas últimas duas décadas, conforme revela o repórter Marcos Curvello.

Dona de uma vida noturna badalada, é destino semanal de milhares de pessoas, que competem por mesas de bares e pistas de dança de boates, onde os ritmos do momento dão o tom da noite. Muitas delas, por lotação ou opção, acabam nas ruas, que se transformam em ponto de encontro informal de grupos dispostos a se divertir com o que têm à mão.

Lazer e entretenimento são necessários às pessoas e à economia. Mas existem leis a serem cumpridas. Definitivamente não estamos fazendo barulho por nada. É preciso acabar com isso.