O mundo vive a plena Era da Informação. A revolução digital faz parte da rotina de bilhões de pessoas no planeta. Já há uma geração de crianças que nasceu e foi educada com todos os dispositivos eletrônicos disponíveis: a geração Alpha, precedida pelas gerações Baby Boomers, X, Y e Z. O número de imigrantes digitais ainda é imenso. Pessoas com mais de 60, 70 ou 80 anos experimentam os recursos tecnológicos com uso de computadores, telefones celulares, internet e mídias digitais sociais. Trata-se de uma infinidade de descobertas fascinantes para esses senhores de cabelos brancos cheios de interesse e curiosidade pela vida.
Aos 87 anos, a calígrafa Nizia Bravo se diz uma entusiasta do uso do computador portátil. Ela lembra que, em 1948, teve seu primeiro contato com a máquina de datilografia. “Foi durante curso no colégio religioso em Duque de Caxias com freiras alemãs. Ali, também aprendi caligrafia. Uso o notebook e tento repetir na digitação o que aprendi na máquina de escrever. Eu acho maravilhoso usar a Internet para aprender, o Facebook para poder me comunicar com as pessoas de todos os lugares”, diz.
Quem também experimenta as novidades tecnológicas é a professora aposentada Ângela Gomes, de 80 anos. O telefone e a televisão já faziam parte de sua rotina, mas há dois anos ela foi apresentada ao smartphone. Mãe de três filhos, avó de quatro netos e um bisneto, foi o seu filho Ruy Gomes Filho, que vive em Chicago, Estados Unidos, que a presenteou com o aparelho.
“Ele vive lá há 20 anos. Eu só o reencontrei há dois anos viajando para Chicago. Depois do celular, quando voltei para Campos, passamos a nos ver e a nos falar todos os dias pelo WhatsApp, minha ferramenta favorita. Às vezes, ele conversa comigo do trem e me mostra a paisagem. Uso a videochamada para falar com ele e com meus netos, principalmente. Foi uma emoção maravilhosa poder falar com esse recurso. Possibilita estar perto, apesar da distância”, relata Ângela.
O aposentado Leondenis Bensi, de 77 anos, tornou-se um usuário diário do telefone celular com internet, aplicativos e mídias sociais nos últimos três anos. Costuma estar em contato permanente com a família e os amigos. Há muito tempo deixou de usar o telefone fixo e afeiçoou-se ao smartphone.
“No início, tive um pouco de dificuldade para usar o teclado minúsculo para digitar. Ainda sigo aprendendo as novidades. Um de meus netos que é pequeno sabe tudo e me ajuda. É impressionante como eles lidam bem com esses eletrônicos”, revela.
Faz 10 anos que o professor Leonardo França leciona na área tecnológica, de informática e sistemas de informação. Para ele, pessoas da chamada terceira idade têm perdido o medo “do novo” referente aos aparelhos eletrônicos. “Tenho alunos acima dos 60 anos que são super empolgados. Percebo a gratidão pela oportunidade de estar aprendendo algo novo, definitivamente maior que os alunos mais novos. Eles sempre têm algo a contribuir”, avalia.
De acordo com Leonardo, idosos com experiências de vida e com outras habilidades manuais facilitam a prática do formato automático com computadores. “Eu amo trabalhar com a terceira idade. Aprendo muito com a paciência e respeito que eles têm com a própria capacidade de aprender”, constata.
Entre computador, notebook ou o celular, Leondenis Benzi não hesita em dizer que prefere o aparelho que cabe no bolso e na palma da mão. “Prefiro o telefone. Minha esposa gosta mais do computador. Apesar de muitos recursos de áudio e vídeo, uso mais o Whatsapp para escrever mensagens. Gosto também de acompanhar muito as promoções de supermercados. Baixei um aplicativo no celular e estou sempre de olhos nos melhores preços”, diz.
O uso do aparelho celular para Ângela Gomes representa um novo aprendizado a cada dia. “Sempre divido com o meu marido o que costumo aprender no telefone. São muitas novidades sempre, mas o que mais gosto é poder conversar com as pessoas pelo vídeo. É muito bom”, afirma.
Apesar de adorar falar ao telefone, Nízia Bravo elege o notebook como o seu dispositivo eletrônico predileto. “A Internet é muito válida na comunicação. Gosto de pesquisar, ver e ler coisas que me edificam e me acrescentam. Busco escrever corretamente o português. Muitos escrevem mal por falta de leitura”, defende.
O texto desta reportagem já estava finalizado, mas Nízia Bravo pediu para acrescentar uma frase que ela descobriu na Internet, e que considerou importante para refletir com os leitores. Ela utilizou o aplicativo Messenger e enviou o conteúdo para ser destacado: “A grande arte de ser feliz, reside na grande arte de saber viver”, conclui.