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Na idade das conexões e descobertas

É cada vez mais frequente o interesse de idosos por computadores, smartphones e mídias sociais

Ciência e Tecnologia
Por Ocinei Trindade
22 de outubro de 2019 - 11h30

Nizia Bravo, 87 anos, internauta e adepta das redes sociais (Fotos: Silvana Rust)

O mundo vive a plena Era da Informação. A revolução digital faz parte da rotina de bilhões de pessoas no planeta. Já há uma geração de crianças que nasceu e foi educada com todos os dispositivos eletrônicos disponíveis: a geração Alpha, precedida pelas gerações Baby Boomers, X, Y e Z. O número de imigrantes digitais ainda é imenso. Pessoas com mais de 60, 70 ou 80 anos experimentam os recursos tecnológicos com uso de computadores, telefones celulares, internet e mídias digitais sociais. Trata-se de uma infinidade de descobertas fascinantes para esses senhores de cabelos brancos cheios de interesse e curiosidade pela vida.

Aos 87 anos, a calígrafa Nizia Bravo se diz uma entusiasta do uso do computador portátil. Ela lembra que, em 1948, teve seu primeiro contato com a máquina de datilografia. “Foi durante curso no colégio religioso em Duque de Caxias com freiras alemãs. Ali, também aprendi caligrafia. Uso o notebook e tento repetir na digitação o que aprendi na máquina de escrever. Eu acho maravilhoso usar a Internet para aprender, o Facebook para poder me comunicar com as pessoas de todos os lugares”, diz.

Angela Gomes, 80 anos, adora as chamadas de vídeo do WhatsApp com a família

Quem também experimenta as novidades tecnológicas é a professora aposentada Ângela Gomes, de 80 anos. O telefone e a televisão já faziam parte de sua rotina, mas há dois anos ela foi apresentada ao smartphone. Mãe de três filhos, avó de quatro netos e um bisneto, foi o seu filho Ruy Gomes Filho, que vive em Chicago, Estados Unidos, que a presenteou com o aparelho.

“Ele vive lá há 20 anos. Eu só o reencontrei há dois anos viajando para Chicago. Depois do celular, quando voltei para Campos, passamos a nos ver e a nos falar todos os dias pelo WhatsApp, minha ferramenta favorita. Às vezes, ele conversa comigo do trem e me mostra a paisagem. Uso a videochamada para falar com ele e com meus netos, principalmente. Foi uma emoção maravilhosa poder falar com esse recurso. Possibilita estar perto, apesar da distância”, relata Ângela.

Leondenis Bensi, de 77 anos, gosta de usar aplicativos de mensagens e supermercados

O aposentado Leondenis Bensi, de 77 anos, tornou-se um usuário diário do telefone celular com internet, aplicativos e mídias sociais nos últimos três anos. Costuma estar em contato permanente com a família e os amigos. Há muito tempo deixou de usar o telefone fixo e afeiçoou-se ao smartphone.

“No início, tive um pouco de dificuldade para usar o teclado minúsculo para digitar. Ainda sigo aprendendo as novidades. Um de meus netos que é pequeno sabe tudo e me ajuda. É impressionante como eles lidam bem com esses eletrônicos”, revela.

Leonardo é professor  (Foto:Acervo Pessoal)

Faz 10 anos que o professor Leonardo França leciona na área tecnológica, de informática e sistemas de informação. Para ele, pessoas da chamada terceira idade têm perdido o medo “do novo” referente aos aparelhos eletrônicos. “Tenho alunos acima dos 60 anos que são super empolgados. Percebo a gratidão pela oportunidade de estar aprendendo algo novo,  definitivamente maior que os alunos mais novos. Eles sempre têm algo a contribuir”, avalia.

De acordo com Leonardo, idosos com experiências de vida e com outras habilidades manuais facilitam a prática do formato automático com computadores. “Eu amo trabalhar com a terceira idade. Aprendo muito com a paciência e respeito que eles têm com a própria capacidade de aprender”, constata.

Entre computador, notebook ou o celular, Leondenis Benzi não hesita em dizer que prefere o aparelho que cabe no bolso e na palma da mão. “Prefiro o telefone. Minha esposa gosta mais do computador. Apesar de muitos recursos de áudio e vídeo, uso mais o Whatsapp para escrever mensagens. Gosto também de acompanhar muito as promoções de supermercados. Baixei um aplicativo no celular e estou sempre de olhos nos melhores preços”, diz.

Angela se comunica diariamente com o filho que vive nos Estados Unidos

O uso do aparelho celular para Ângela Gomes representa um novo aprendizado a cada dia. “Sempre divido com o meu marido o que costumo aprender no telefone. São muitas novidades sempre, mas o que mais gosto é poder conversar com as pessoas pelo vídeo. É muito bom”, afirma.

Apesar de adorar falar ao telefone, Nízia Bravo elege o notebook como o seu dispositivo eletrônico predileto. “A Internet é muito válida na comunicação. Gosto de pesquisar, ver e ler coisas que me edificam e me acrescentam. Busco escrever corretamente o português. Muitos escrevem mal por falta de leitura”, defende.

O texto desta reportagem já estava finalizado, mas Nízia Bravo pediu para acrescentar uma frase que ela descobriu na Internet, e que considerou importante para refletir com os leitores. Ela utilizou o aplicativo Messenger e enviou o conteúdo para ser destacado: “A grande arte de ser feliz, reside na grande arte de saber viver”, conclui.

“Eu acho maravilhoso usar a Internet para aprender e o Facebook para me comunicar”