×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Hospitais filantrópicos de Campos podem suspender serviços de saúde devido à atraso em repasses da Prefeitura

Valor que deveria ter sido repassado às quatro unidades hospitalares chega a R$ 15 milhões; questão pode ser levada à Justiça

Saúde
Por Redação
16 de outubro de 2019 - 19h07

(Foto: JTV)

Representantes dos quatro hospitais filantrópicos do município de Campos — Álvaro Alvim, Beneficência Portuguesa, Plantadores de Cana e Santa Casa de Misericória —, entre eles o atual presidente do Sindicato dos Hospitais, Frederico Paes, reuniram-se na tarde desta quarta-feira (16) para discutir o atraso do repasse municipal, que já soma R$ 15 milhões referentes aos meses de julho, agosto e setembro. Essa coletiva de imprensa aconteceu devido ao não comparecimento do secretário de Saúde, Abdu Neme, a uma reunião marcada para esta tarde. Esses representantes declararam que poderão judicializar a questão por entenderem que, caso o repasse não ocorra nos próximos dias, a população de Campos sofrerá as consequências. A Santa Casa e a Beneficência, por exemplo, poderão fechar a UTI e cancelar cirurgias devido ao não pagamento dos funcionários que atuam nessas unidades.

LEIA TAMBÉM Hospitais contratualizados de Campos com repasse municipal atrasado

Segundo os diretores dos hospitais, o repasse mensal da Prefeitura de Campos à rede contratualizada, que atende 70% da demanda, é de R$ 5 milhões; enquanto a rede própria – Hospital Ferreira Machado e Hospital Geral de Guarus — custa aos cofres públicos R$ 30 milhões, para atender os 30% restantes, oriundos, basicamente, do setor emergencial.

“Os quatro hospitais são baratos, custam pouco diante da quantidade e da qualidade do atendimento. A rede própria se acostumou a ter milhões e milhões de recursos dos royalties para prestar um atendimento muito inferior ao da rede contratualizada, e agora que a corda está no pescoço do município por causa da falta desses recursos, quem está sendo asfixiado são os hospitais filantrópicos, que atendem mais e melhor. Enquanto isso, a rede própria está sendo ampliada, aumentaram o número de RPAs… Esse é um exemplo da má gestão das verbas públicas”, declarou Cléber Glória, médico e diretor da Santa Casa.

O presidente do sindicato dos Médicos e diretor do Hospital Plantadores de Cana, Frederico Paes, acrescentou: “Que os royalties diminuíram, a gente sabe. Quando estamos passando por uma situação de aperto, o que a gente faz? Atendemos às prioridades. E se a saúde não é prioridade para esse governo, o que é? Para um município que tem uma previsão orçamentária de R$ 1,8 bilhões, R$ 5 milhões para complementar a tabela do SUS é muito pouco”, disse.

Nesta quarta-feira (16), a prefeitura de Campos informou que já repassou “mais de R$ 76 milhões em recursos federais para cinco hospitais contratualizados neste ano, o que representa em média 62% do total contratualizado” e que “os pagamentos estão em dia, sendo os últimos realizados nos dias 1º, 4 e 10 de outubro no valor total de R$ 8,7 milhões”.
Sobre essa nota, Frederico Paes e Geraldo Venâncio, que atualmente dirige o Hospital Escola Santa Casa, afirmaram que o título “engana o povo”. “Quando dizem que a prefeitura repassou R$ 76 milhões, parece até que o dinheiro vem do município, mas não é verdade. É verba federal. Eles esquecem que hoje o povo tem informação. E nós não vamos ficar calados, vamos reagir. Estamos há um mês tentando conversar, dialogar e agora o secretário não comparece a reunião? Essa não é uma falta de respeito conosco, mas com a população de Campos”, denunciou Frederico.

Sobre o não comparecimento do secretário de Saúde à reunião marcada com os representantes das unidades, a Prefeitura informou por meio de nota que “a equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo monitoramento dos recursos públicos, incluindo os subsecretários, estava presente e disponível para receber representantes dos hospitais da rede contratualizada, mas os esses não quiseram ouvir a equipe e deixaram o local”.

Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, “este seria o primeiro encontro com a finalidade de rediscutir o processo de trabalho” e disse que “lamenta a postura dos representantes dos hospitais em um momento delicado, que requer decisões importantes”.