O vereador Gersinho Crispim (SD) permanecia na 145ª Delegacia Policial (DP), em São João da Barra, na tarde desta quarta-feira (16). Ele é suspeito de manter um esquema de rachadinha entre funcionários de seu gabinete, na Câmara do município, e foi preso pela manhã, ao chegar para participar de sessão da Casa de Leis.
De acordo com seu advogado, Antônio Maurício Costa, o vereador “resguardou o direito constitucional de permanecer em silêncio”. A defesa tenta acesso aos autos do processo, que corre em sigilo no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Ainda segundo Costa, a informação que a defesa possuía até a última atualização desta reportagem é de que a prisão de Crispim “estaria relacionada a uma delação premiada”. O destino do vereador, então, dependeria de um posicionamento do relator do processo, cujo nome não foi revelado.
Apesar de afirmado, por meio de sua assessoria de imprensa, durante a tarde, que não se manifestaria sobre a prisão de Crispim até ser oficialmente notificada, a Câmara de São João da Barra emitiu uma nota oficial, na qual afirma o seguinte:
“A Câmara Municipal de São João da Barra vem esclarecer que nada tem a acrescentar ao que já foi divulgado pela imprensa acerca do ocorrido na manhã de hoje com um dos vereadores desta Casa de Leis. O Legislativo esclarece, ainda, que vai aguardar o desenrolar das investigações, que estão a cargo do Ministério Público”.
Posição do Ministério Público
De acordo com nota oficial do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), a prisão aconteceu logo após o vereador ter recebido R$ 3,5 mil de um assessor. A rachadinha configura crime de peculato.
Ainda segundo a nota, “Gerson Crispim já vinha sendo investigado pelo MPRJ por supostos repasses de valores mensais da remuneração de servidores nomeados por ele para trabalhar em seu gabinete, sendo a prisão decorrente de ação controlada judicialmente comunicada”.
Crispim foi preso por agentes do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim), do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), ao chegar para sessão da Câmara, que aconteceu normalmente.
Ainda conforme o MP-RJ, “as investigações apontam para a existência de uma embrionária organização criminosa, hierarquicamente organizada e suficientemente sedimentada para a prática de reiterados crimes contra a administração municipal, causando prejuízos aos cofres públicos do Município de São João da Barra”.
A Casa de Leis ainda não se manifestou sobre a prisão do vereador, que foi encaminhado para a 145ª Delegacia Policial (DP), em São João da Barra.