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Contagem regressiva pela prefeitura de Campos

Faltando um ano para as Eleições Municipais, principais lideranças começam a se posicionar

Política
Por Marcos Curvello
6 de outubro de 2019 - 7h00

Alexandre Tadeu, Caio Vianna, Gil Viana, Rafael Diniz, Rodrigo Bacellar, Wladimir Garotinho: nomes mais cotados para as eleições de 2020

As eleições de 2020 serão um teste para os políticos que hoje estão no poder, seja no Município, no Estado ou na União. Serão escolhidos prefeito, vice-prefeito e vereadores, o que torna o pleito uma prova de capital político tanto de quem caminha para o fim de seus mandatos e pretendem a reeleição, como para aqueles que chegaram ao poder com forte apoio popular e pretendem consolidar um projeto político. O primeiro turno acontece no dia 4 de outubro, e o segundo, caso seja necessário, no dia 25 do mesmo mês.

Nos bastidores, aspirantes a pré-candidatos se movimentam pelo menos desde a segunda metade de 2018. Encomendam pesquisas, sondam alianças e fazem gestos em direção ao seu eleitorado. Entre os nomes mais citados, porém, somente Gil Vianna, do PSL de Jair Bolsonaro, assume a intenção de disputar a sucessão de Rafael Diniz (CDN).

Ungido “comandante” da legenda no Norte e no Noroeste Fluminense pelo filho “01” do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, que preside o diretório estadual da sigla, Gil Vianna afirma sem rodeios: “sou pré-candidato a Prefeito da cidade de Campos”.

Ex-militar e parte importante da estratégia de consolidação do PSL no Estado, Gil apresenta sua ficha: “Tenho experiência na vida pública. Fui eleito vereador por duas vezes. Fiquei um ano e meio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) como suplente. Esse ano, iniciamos uma nova Legislatura, um mandato participativo, ouvindo a sociedade e conversando muito com as pessoas, pois acredito que o diálogo é muito importante para que possamos construir e solidificar, com verdade e transparência, uma história para a cidade de Campos”, reflete.

No estilo direto que ajudou a fazer do PSL um fenômeno nas eleições de 2018, Gil alfineta potenciais adversários. “Tenho vida própria, não nasci em berço político. Meu pai era garçom. Cuidou de cinco filhos. Não tenho parente na política, não sou sombra de ninguém”, diz o herdeiro natural do movimento conservador que se destacou nas urnas do país em 2018, reforçando seu perfil outsider.

Mesmo não citando nomes, o recado tem endereço certo: quatro aventados com frequência entre os prováveis pré-candidatos vêm de famílias profundamente relacionadas à política campista. O prefeito Rafael Diniz, que deve tentar reeleição, é neto do ex-prefeito Zezé Barbosa e filho do ex-deputado estadual Sérgio Diniz. Deputado federal, Wladimir Garotinho (PSD) é filho dos ex-prefeitos de Campos e governadores do Rio Anthony e Rosinha Garotinho. O deputado estadual Rodrigo Bacellar é filho do ex-vereador Marco Bacellar (SD). Já Caio Vianna (PDT) é filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna.

A um ano da Eleição

Ainda que a preparação para o pleito ganhe ritmo cada vez mais acelerado e as lideranças políticas atuem há meses com olhos em 2020, a palavra “eleição” parece provocar algum desconforto. Para o prefeito Rafael Diniz, tocar no assunto agora “antecipa o debate eleitoral” e pode provocar desunião em um momento em que políticos de todas as cores e ideologias prometem atuar juntos contra o novo modelo de repartição dos royalties, cuja constitucionalidade será analisada pelo Supremo Tribunal Federal em 20 de novembro.

“Acho cedo — e até perigoso — falar em eleições agora. Trará mais prejuízos do que benefícios diante do risco de perder os royalties. Todos precisamos estar do mesmo lado. Uma derrota no STF não vai prejudicar apenas meu governo. Será uma tragédia para a cidade, independente de quem seja o prefeito. É hora de trabalhar, e não de pensar em eleições”, pondera Rafael. O prefeito vem de uma vitória em primeiro turno, em 2016, e já assumiu publicamente a intenção de tentar mais um mandato, mas enfrenta rejeição devido a um mandato lembrado pelo caixa apertado e por uma série de cortes.

A avaliação de Rodrigo Bacellar é semelhante à de Rafael. “O que menos importa nessa reta final de 2019 é a antecipação do tabuleiro eleitoral de 2020. Especulações eleitoreiras nesse momento servem apenas para alguns grupos acirrarem os ânimos e insuflarem seus cabos eleitorais, visando criar um clima de ‘guerra’ na nossa planície goitacá”, opina.

Mesmo assim, o deputado estadual conta com apoio do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), e deixa a porta aberta para uma candidatura, ao mesmo tem em que critica “administrações anteriores”.

“Não decido nada sozinho. Nomes importantes do meu grupo acham que seria um bom momento para uma candidatura. Outros, pensam que esse passo deveria esperar um pouco mais. Quem na política não sonha governar sua cidade? Mas, sonho nunca pode se sobrepor à realidade. E o momento é ruim na economia. O município passa por uma asfixia financeira, culpa de desastradas administrações anteriores”, diz Bacellar, eleito pela primeira vez em 2018, com 26.135 votos.

Polarização

Ao contrário de Rafael e Bacellar, Wladimir Garotinho admite mais abertamente a intenção de uma candidatura dentro de seu grupo político, que comandou a cidade por dois mandatos até a eleição de Diniz, em 2016. Mesmo assim, o deputado federal não se coloca como pré-candidato, mesmo mantendo uma agenda que aponte de maneira clara nesse sentido.

“Acredito em projeto coletivo. Estou dialogando com vários segmentos da sociedade para discutir a cidade que temos e a cidade que queremos. Desse processo de diálogo, nascerá uma candidatura, que não necessariamente será a minha”, garante Wladimir, que vem se destacando na defesa da manutenção das regras de distribuição dos royalties do petróleo.

Como Bacellar, o deputado federal também se elegeu pela primeira vez em 2018. Recebeu 30.785 votos e foi o candidato à Câmara dos Deputados mais votado em Campos. Questionado se isso o cacifa a disputar a Prefeitura, ele atribuiu essa capacidade à “vontade popular”, com a qual afirmou contar.

“O que cacifa qualquer postulante é a vontade popular e meu nome tem liderado todas as pesquisas informais de que se tem notícia. Isso é reconhecimento do trabalho, fico motivado para trabalhar ainda mais”, encerra.

Wladimir é próximo do deputado estadual Bruno Dauaire, líder do PSC na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), e pode vir a contar com apoio do partido, que abriga, também, o governador Wilson Witzel.

Ele polariza diretamente com Rafael as discussões em torno de 2020, já que o atual prefeito encontrou evidência e se elegeu como um político de oposição a Rosinha e os Garotinho — sobrenome que carrega sua própria cota de rejeição na planície.

Silêncio e nota

Outro nome citado constantemente entre possíveis pré-candidatos a Prefeito de Campos é o de Caio Vianna. Terceiro colocado nas eleições municipais de 2016, com 31.360, o pedetista teve Gil Vianna como vice na ocasião, quando disputava pela primeira vez um cargo público.

Com apoio do pai, Arnaldo, que não teve no último pleito, Caio se encontrou em agosto com o ex-companheiro de chapa. Mas, deve tentar outros caminhos.

Procurado pela reportagem do Jornal Terceira Via, chegou a concordar em receber perguntas sobre o tema, mas não respondeu aos questionamentos até o fechamento da reportagem.

A lista de principais possíveis pré-candidatos se encerra com uma adição recente. Ex-vereador, o apresentador Alexandre Tadeu (REP) viu seu nome ressurgir no final de setembro, após ser cotado para encabeçar candidatura própria da legenda à Prefeitura em 2016.

Procurado, Tô Contigo, como é mais conhecido, orientou a reportagem a buscar o partido, cujo presidente emitiu a seguinte nota:
“O partido Republicanos está avaliando em quais cidades brasileiras é viável a disputa para o executivo municipal. Onde for, lançará candidatura própria. Em Campos, o nome forte do partido é do apresentador do Balanço Geral, Tadeu Tô Contigo.”
Alexandre Tadeu disputaria com Gil Vianna a preferência do eleitorado que busca um nome de fora da política tradicional e familiar comumente associada aos demais pré-candidatos.

Regras e datas para o pleito

Data: O primeiro turno acontece no dia 4 de outubro de 2020 e o segundo, dia 25 do mesmo mês, se houver.

Cargos: Serão escolhidos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

Partidos: Para participar, deverão registrar seu estatuto no TSE até seis meses antes do pleito.

Coligações: Candidatos a prefeito poderão formar coligações, mas não candidatos a vereadores.

Cota: Cada partido deverá reservar a cota mínima de 30% para as mulheres.

Candidatura avulsa: Está proibida mesmo que o candidato seja filiado a um partido.

Idade mínima: Para prefeito ou vice-prefeito, é de 21 anos. Para vereador, é de 18 anos.

Limites de gasto: Serão iguais aos de 2016, corrigidos pela inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Financiamento: O candidato poderá se autofinanciar em até 10% do limite de gasto para o cargo. Pessoas físicas poderão fazer doações, limitadas a 10% dos seus rendimentos no ano anterior à elei-
ção. A partir do dia 15 de maio de 2020, pré-candidatos poderão arrecadar recursos por meio de vaquinha eletrônica, mas dinheiro só será liberado com o registro da candidatura.

Propaganda eleitoral: Será permitida após o dia 15 de agosto de 2020, desde que não haja pedido explícito de voto. Até a antevéspera das eleições, pode haver divulgação paga na imprensa escrita, com reprodução do jornal impresso na internet. Propaganda gratuita é permitida nos 35 dias anteriores à antevéspera das eleições. É permitida campanha na internet, por meio de blogs, redes sociais e sites. Partidos e candidatos poderão impulsionar conteúdos, mas não pessoas físicas. É proibida propaganda paga em rádio ou TV.