×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Prestígio do Terceira Via resgata parte importante da história e da memória da imprensa de Campos

Os semanários

Campos
Por Guilherme Belido
29 de setembro de 2019 - 8h01

Os semanários

No bojo das comemorações que assinalaram os sete anos de criação do Sistema de Comunicação Terceira Via e os três de fundação do jornal, pareceu-me oportuno registrar que, paralelo à relevante iniciativa do Grupo IMNE de contemplar o interior fluminense com todas as plataformas de mídia e cuidar para que a cada ano os veículos do Sistema ocupem novos espaços e invistam em qualidade de conteúdo, – o jornal vem resgatando algo que se havia perdido na imprensa campista e que lhe é de notável tradição: os semanários.
Levando em conta que Campos guarda rica história com a imprensa, cujos exemplos mais expressivos de longevidade foram contabilizados nos quase 200 anos do Monitor Campista (fase áurea nas mãos dos irmãos Oswaldo e Everaldo Lima); nas vizinhanças de um século da Folha do Commércio; em torno dos 90 anos de A Notícia (50 sob o comando de Hervé Salgado Rodrigues) e por volta dos 70 de A Cidade (mais de 40 dos quais sob a direção de Vivaldo Belido de Almeida) – todos de circulação ininterrupta enquanto existiram – é pertinente registrar fato incomum em qualquer cidade: semanários que ultrapassaram três décadas, marcaram época e prestaram relevantes serviços à população. Estamos a falar do Correio de Campos e Reportagem.
Ressalve-se, a matéria não tem compromisso com a exatidão – de quando este ou aquele jornal foi fundado ou fechou as portas.
O signatário escreve de cabeça. Logo, os dados são aproximados. Poderia, por exemplo, precisar que o Monitor circulou por 185 anos e a Reportagem foi fundada em 12 de junho de 1954. Mas, não é o cerne do texto.

Profusão de periódicos

Cabe salientar que a cidade teve dezenas de semanários e muitos mensários, a maioria não alcançando nem um ano de vida.
De alguns desses tomei conhecimento, digamos assim, pelo que me foi contado, visto que desde criança tinha grande interesse pelo assunto. Mas, é certo, a maioria abriu e fechou antes de que tivesse nascido.
Numa época em que fazer jornal era tanto mais trabalhoso quanto oneroso em relação aos dias de hoje, vale citar ‘O Jornal’, ‘Correio da Tarde’, ‘Radical’, ‘Jornal de Campos’, ‘Segunda-feira’, ‘Domingo’, ‘Domingo Esportivo’, e – já aí não tão distante no tempo – ‘O Canavieiro’, ‘Banana Society’ e ‘Primeira Página’ – este último tendo nascido quinzenal e depois passado a semanal, encerrando as atividades após quatro anos quando seu fundador e diretor – titular desta página – assumiu a direção-geral de O Diário e não conseguiu conciliar os dois.
Merece destaque o pioneirismo de Ronaldo Joreli, fundador do Banana Society, que cumpriu a difícil tarefa de criar e manter por alguns anos um jornal especializado em coluna social – o que, ao contrário do que “efemeramente” pode aparentar, não se tem notícia de haver consolidado publicação do gênero, quer aqui, quer em outra região do interior.
Registre-se, também, o ‘Domingo Esportivo’, dirigido pelo jornalista, escritor e grande comentarista de futebol, Paulo Ourives (ex-editor do Jornal dos Sports (Rio), e dos locais A Cidade e Folha da Manhã), com expressiva passagem pela imprensa local.
É certo que muitas omissões estão sendo cometidas. A esses, minhas desculpas, posto que qualquer que se lança no difícil ofício de fundar jornais, com resultados mais ou menos significativos, são merecedores de todas as homenagens.

 

Correio de Campos e Reportagem

Agora sim, voltando ao assunto central do texto, o que se deseja colocar em relevo é que a existência do Terceira Via constitui, também, resgate de uma parte importante da memória de nossa imprensa – os semanários –, que por longos 30 anos – um pouco mais, um pouco menos – lutaram pelos interesses da cidade e de seu povo.
Importante frisar, esses dois veículos representaram o mister de seu tempo, diferentes em proposta e plataforma da comunicação dos dias atuais.
Tanto o Correio como Reportagem circulavam segunda-feira trazendo notícias do domingo. Futebol e polícia eram os temas mais focalizados, sem prejuízo de política, economia, sociedade, etc.
Eram vendidos nas bancas e nas ruas por meninos da Casa do Pequeno Jornaleiro e vendedores avulsos, não raro alcançando tiragem de 5 mil exemplares. E vendiam! Mas os assuntos abordados esgotavam-se naquele dia, como se fosse a brecha deixada pelos diários.
Bem entendido, o conteúdo do Terceira Via mantém a edição atualizada ao longo da semana, o que exige produção e qualidade editorial diferenciadas. São, portanto, veículos separados por mundos bem distintos.

 

Homenagem aos que marcaram época

Os dois jornais citados, rivais que disputavam o leitor de segunda, eram diferentes, mas se encontravam no tema predileto: a política.
O Correio de Campos, de maior tiragem, era dirigido por Waldemar Pereira da Silva – pessoa afável e desprendida, a quem muitos devem o ingresso na profissão. Não ligava para dinheiro, queria é ver o jornal tremular na banca.
Para tanto, contava com uma redação bem diversificada. Por lá passaram nomes de peso, como Hugo de Campos Soares, Hélio Gomes Cordeiro, João Correa, Orávio de Campos Soares, Edson Freitas, Felício Gama (com sua prestigiada coluna “Pingo nos is”), Avelino Ferreira, o colunista Roberto Cordeiro, entre outros.
Fernando Gomes – Já Reportagem, fundada no comecinho da década de 50 pelo jornalista Vivaldo Belido de Almeida – anos antes de adquirir A Cidade – logo passaria à direção de Fernando José Gomes, que conduzira o jornal de forma bastante personalista.
Fazendeiro – ligado ao teatro, ao futebol, e ao carnaval campista (fora quem lançara Orávio no jornalismo) – era uma figura extraordinária e não abria mão de escrever, ele próprio, o jornal praticamente sozinho. Dono de um humor incomum, fez história com sua coluna “Rasgando o Verbo” que, como o próprio nome indica, dispensa explicação. Desfrutava, também, de grande prestígio junto à classe política.
Repetindo o já dito, Waldemar e Fernando, ambos de saudosa memória, são personalidades a quem a imprensa de Campos continua devendo justas homenagens. Mas isso é assunto para outra conversa.

 

Terceira Via resgata memória

Em virtude dessas breves considerações, que infelizmente mostram o quão curta e desatenta é a memória de Campos, é que, na esteira das festividades que assinalam mais um ano do Sistema de Comunicação Terceira Via, pede-se licença para ‘pegar’ carona na credibilidade e no prestígio do Terceira Via para regar um pouquinho as raízes ressequidas daqueles veículos que um dia também fizeram história.
Importa ressaltar, por relevante, a sensibilidade do médico Herbert Sidney Neves, fundador do Grupo IMNE – um dos maiores conglomerados de medicina privada do interior brasileiro – pela iniciativa de montar um grupo de comunicação que, ao noticiar, prende-se à imparcialidade do fato; e quando opina, aos interesses superiores de Campos e de sua gente.
Prestígio do evento – O reconhecimento do público se fez maiúsculo no sucesso das comemorações, prestigiadas por figuras representativas dos mais destacados segmentos da sociedade, fruto, não menos importante, da capacidade singular e qualificação dos diretores do Terceira Via.