Mesmo após cinco anos de atraso, a data de entrega do novo prédio da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, situado na Avenida XV de Novembro, ainda é uma incógnita. Gravemente afetada pelo contingenciamento de verbas do Ministério da Educação (MEC), a obra da mais antiga universidade pública do município encontra-se em ritmo lento. A esperança é de que uma emenda de bancada da Câmara de Deputados no valor de R$ 50 milhões seja aprovada para agilizar o processo, embora ainda não haja apoio o suficiente por parte dos parlamentares e nem garantias. Enquanto isso, avança o prazo para o encerramento do contrato de aluguel dos contêineres onde ocorrem as aulas, previsto para março de 2020.
O diretor do campus Campos, Roberto Rosendo, acredita que a UFF seja uma forte candidata a receber essa quantia por parte da Câmara Federal, no entanto, para que isso, de fato, ocorra, é necessário conquistar o apoio do maior número possível de deputados. Hoje, dos 46 parlamentares da bancada do Rio de Janeiro, apenas oito anunciaram o comprometimento com a tal emenda que foi proposta por Wladimir Garotinho em maio de 2019.
“Neste momento, os critérios para a distribuição dessa verba estão sendo discutidos pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Uma vez definidos esses critérios, os deputados apresentam as emendas de bancada, e entre elas está essa que beneficia a UFF, e há uma concorrência para definir quais serão contempladas. Quanto mais apoiadores tivermos entre os parlamentares da bancada do Estado do Rio, maior a chance de conquistarmos essa quantia, que pode ser entre R$ 45 e R$ 50 milhões”, explicou o diretor.
A situação torna-se ainda mais grave devido ao corte de verbas anunciado pelo Governo Federal. Para gerir todos os campi da UFF é necessário aproximadamente R$ 16 milhões. Atualmente, a segunda maior universidade do país tem apenas R$ 2 milhões em caixa. No caso do campus da cidade de Campos, além dos gastos gerais relacionados ao pagamento de servidores e manutenção, o agravante é a carência de uma estrutura adequada para a realização das aulas. Isso porque desde que os cursos de bacharelado em Ciências Econômicas e Psicologia, e de bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais, Geografia e História foram implantados, essas aulas ocorrem em contêineres alugados com a verba discricionária da universidade, essa que também tem sido alvo de cortes por parte do Governo. Tanto que a empresa que aluga esses módulos já ameaçou retirar as instalações por conta de atrasos nos pagamentos.
A princípio, o último contrato deve ser encerrado no dia 1º de março de 2020 e, depois disso, o diretor ainda não sabe o que poderá ser feito para manter os trabalhos acadêmicos da universidade. Em abril deste ano, o vereador Cláudio Andrade encaminhou um ofício ao Ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarando essa urgência para a conclusão das obras, mas não obteve resposta.
UFF Campos — O campus, atualmente situado na Rua José do Patrocínio, foi criado na década de 1960, a princípio somente com o curso de Serviço Social. Por décadas, essa foi a única instituição pública de ensino superior da região.
Hoje, a UFF Campos conta com 3.300 alunos, 150 docentes e 34 técnico-administrativos distribuídos pelos cursos de bacharelado em Ciências Econômicas, Serviço Social e Psicologia, e de bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais, Geografia e História.
A construção do novo prédio, em terreno localizado no antigo pátio de manobras da ferrovia, próxima à ponte de ferro, começou em 2012, orçada em R$ 35.563.054.93, mas, até o momento, somente 60% dos serviços foram concluídos.