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As doenças que ameaçam a vida

Paciente e familiares devem receber uma abordagem multidisciplinar de apoio e alívio da dor e manter esperança

Saúde
Por Redação
16 de setembro de 2019 - 0h01

Dra. Elizabeth Uhl, oncologista clínica especializada em assistência com os chamados cuidados paliativos (Carlos Grevi)

Aliviar a dor de pacientes com doenças ameaçadoras à vida. Este é um dos princípios no que se refere a cuidado paliativo. A Organização Mundial da Saúde considera o termo desde 1990, atualizando-o em 2002, como uma abordagem interdisciplinar que promove o bem estar desses indivíduos e de suas famílias, através da prevenção e do conforto, desde o diagnóstico até o processo do luto, por meio de identificação precoce, avaliação e tratamento dos sintomas. O oferecimento dessa assistência deve preferencialmente ser feito por uma equipe multiprofissional da forma mais precoce possível. Este ano, o grupo IMNE lançou o Núcleo de Cuidado Integral e Reabilitação, em Campos, que tem como objetivo atender os pacientes com enfermidades que ameaçam a vida, como câncer, os problemas renais, as cardiopatias, as doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, entre outras, nas unidades do Hospital Dr. Beda e no Oncobeda, oferecendo essa assistência no alívio do sofrimento.

Segundo a oncologista clínica e especialista em cuidados paliativos, formada pelo Hospital Alberto Einstein/SP, Dra. Elizabeth Uhl, deve-se entender que o cuidado paliativo não é sinônimo de “cuidado de fim de vida”. Ao contrário, essa abordagem afirma a vida e considera o óbito como um processo natural. Não antecipa e nem adia a morte, mas propõe‐se a preservar e garantir a melhor qualidade de vida possível até esse momento. Hoje, no mundo inteiro, segundo a OMS, existem de 41 milhões de pessoas, que precisam de cuidados paliativos, destas 86% não têm acesso a um tratamento a dor de forma adequada. Apenas 14% da população chegam até ele.

“É preciso ter atitude para aliviar o sofrimento daquele que necessita, pois é urgente, não se pode esperar. Não podemos individualizar a dor e nem restringir essa abordagem ao elo médico e paciente. Esse indivíduo e a família precisam ser acolhidos por uma equipe que vai atender no alívio do sofrimento e no controle dos sintomas. Deve entender além, pois a dor não é somente física. Nós precisamos analisar os contextos físico, social, psicológico e espiritual. No núcleo temos reuniões quinzenais, a fim de passar para toda a equipe esse tipo de abordagem e construir juntos novas estratégias quando falamos em cuidados paliativos. Sempre podemos fazer ainda mais pelo outro”, explica.

I Congresso Estadual de Cuidados Paliativos do RJ

Recentemente, no I Congresso Estadual de Cuidados Paliativos do Rio de Janeiro, a especialista relata a discussão sobre a criação de comunidades compassivas, numa tentativa de transformação cultural em relação aos temas da morte, morrer e luto, bem como o oferecimento de bons cuidados paliativos para pessoas vulneradas, a partir do desenvolvimento de políticas de saúde e ações comunitárias conjuntas que possam aliviar o sofrimento e atendam cada vez mais às necessidades dos pacientes com doenças limitadoras de vida e suas famílias, com uma abordagem integral que associa conhecimento científico, competências e atitudes.

“A transformação cultural da nossa realidade em relação à morte, ao morrer e a fase de luto exige um esforço conjunto de profissionais de saúde e a participação de toda a sociedade. A realidade da vida não pode e não deve esconder o processo natural. E se todos caminharem juntos, nós podemos fazer muito mais pelo paciente e pelas famílias”, comenta.

Dr. Vanderson Carvalho Nery, neurologista fará palestra sobre o tema (Foto: Divulgação)

Palestra sobre o tema

O grupo IMNE tem avançado quando o assunto é cuidado paliativo. Tanto que no próximo dia 19 de setembro (quinta-feira), às 18h30, acontecerá uma palestra voltada para toda a equipe multidisciplinar com a presença do Dr. Vanderson Carvalho Nery, médico neurologista do Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, que abordará em sua fala o tema “Cuidados paliativos nas doenças neurológicas”. Na ocasião, a Dra. Elizabeth Uhl também vai expor mais sobre esse tipo de assistência, como o conceito, os princípios e a indicações nas mais variadas especialidades.

“A população ainda desconhece o que são cuidados paliativos. Eu e nós profissionais médicos precisamos ter essa preocupação e estar mais atentos, até para fornecer esse tipo de informação a quem precisa. Quanto mais se compartilha esse conhecimento, mais a gente pode chegar ao objetivo, que é de fato trazer o conforto em situações que o paciente e a família talvez acreditem que não exista, mas existe e podemos oferecer isso para eles”, completa a Dra. Elizabeth.