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Páginas de uma obra poética e psicanalítica

Eleonora Chacur faz sua estréia como escritora de poesias, e publica o primeiro livro em Campos

Cultura
Por Ocinei Trindade
8 de setembro de 2019 - 15h41

Eleonora Chacur lança o primeiro livro “O último inverno”  (Fotos: Carlos Grevi)

Durante 28 anos, Eleonora Chacur atuou como psicóloga do Hospital Ferreira Machado, em Campos dos Goytacazes, sua cidade de vida inteira, apesar de ter nascido no Rio de Janeiro. Filha do médico Dib Abdalla Chacur e da pintora Dalila Abud Chacur, ambos de origem libanesa, Eleonora sempre esteve envolvida com a saúde física e emocional das pessoas. Ela se aposentou do serviço público, mas prossegue cuidando de pacientes como psicanalista. Seu primeiro livro, O último inverno (Marka, 2019), reúne poesias e prosa psicanalítica.

Recém-lançado em Campos, o livro O último inverno fará parte de alguns eventos literários que acontecerão até o fim deste. Eleonora Chacur reuniu 70 textos, além de algumas fotografias de importância pessoal. Uma delas ilustra a capa da obra, a tela “Mar revolto”, pintada por sua mãe, Dalila, em 1972. A praia de Atafona e as paisagens do Líbano fazem parte de seu imaginário e inspiração. No livro, há registros e poemas referentes ao cedro e a oliveira, árvores milenares encontradas e tocadas pela autora naquele país ancestral.

“Em um momento de grande intensidade, destes que vivenciamos na vida, dedico-me à escrita de peito aberto, apostando no alcance, na extensão das linhas desenhadas. Em um primeiro tempo, escrevo sem a pretensão de publicar. Em um tempo outro, fui despertada pelo desejo de publicar o que vinha escrevendo. Momento de lançar a minha escrita ao vento. “Na verdade, é uma liberação. É uma tentativa de contornar algo da ordem do insuportável. A escrita tem essa função. Não tenho receio de me expor. Escrever poemas é revisitar o íntimo de outro lugar.  É uma exposição que a gente se autoriza. A própria análise faz a gente revistar esse íntimo de um outro lugar. É uma forma de laçar e enlaçar o outro”, explica.

De acordo com Eleonora Chacur, a escrita é uma aposta entrelaçada com desejo de que o outro leia, e faça suas pontes e interpretações. “Há o risco de interpretações diversas. Quando lançamos um livro, ele não pertence mais ao autor, mas a quem está lendo. O que se diz, pertence a quem escuta, não exatamente a quem fala. A gente nunca sabe como o outro vai interpretar um texto ou pensamento que expressamos”, considera.

Com sua estréia na literatura, a psicanalista se permite a mesclar temas da alma com a escrita de poemas. “Existe a licença poética. O que a gente escreve por meio de poesia e prosa, às vezes, o inconsciente fala mais alto e surpreende o próprio autor do texto”, revela.

O livro “O último inverno” foi prefaciado pela psicanalista Elizabeth Juliboni e pelo médico Nélio Artilles. Para Eleonora Chacur, ser apoiada por amigos e leitores faz com que se promova  a literatura e o exercício do autoconhecimento.  “Eu estou muito feliz, e confiante para que tudo dê certo ao reunir pessoas por causa do livro e da psicanálise. Acho que isto vai em um crescente. Quero enlaçar a escrita poética e a psicanálise, me dedicar aos estudos do tema, pois gosto disto”, conclui.