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Médica cubana assume Secretaria de Saúde em São João da Barra

Arleny Valdés Arias decidiu ficar no Brasil após passagem pelo município no programa Mais Médicos

Região
Por Marcos Curvello
7 de agosto de 2019 - 15h51

Arleny tem 32 anos e foi escolhida pela prefeita Carla Machado para substituir José Antônio Paulo Fonseca no comando da pasta. (Foto: Divulgação/Prefeitura de São João da Barra)

São João da Barra tem uma nova Secretária de Saúde. A médica cubana Arleny Valdés Arias, de 32 anos, foi nomeada no último dia 17 e substitui José Antônio Paulo Fonseca no comando da pasta. A escolha da prefeita Carla Machado coroa uma história de admiração e afeto mútuo entre Arleny e o município que a acolheu e que chama de “terra do coração”.

A médica chegou a São João da Barra em maio de 2014, por meio do programa Mais Médicos, após passar dois meses em Guarapari, no Espírito Santo, estudando português e medicina brasileira.  Foi lotada em uma unidade de Grussaí, onde atuou como médica da família. Mais tarde, foi transferida para Atafona.

A experiência de estar em outro país, tendo contato com outra cultura, atendendo pessoas que, de outra maneira, poderiam não ter acesso a tratamentos médicos, não era inédita para Arleny. Ela já havia passado dois anos na Venezuela, como parte de uma iniciativa chamada Barrio Adentro, semelhante ao Mais Médicos. Mas, algo de diferente aconteceu.

“Estava muito interessada em conhecer o Brasil, que tem uma cultura muito parecida com a de Cuba. A língua, que cheguei a pensar que seria uma barreira, acabou não sendo problema. Os pacientes foram muito acolhedores e eu criei um vínculo com a população, com o município. Cuba é minha terra natal e São João da Barra é minha terra do coração”, diz a Secretária de Saúde.

Decisão difícil

A escolha de Arleny para ocupar a pasta, porém, só foi possível graças a uma decisão difícil que ela foi obrigada a tomar. Após atuar durante três anos em Atafona, a médica viu seu contrato com o Mais Médicos ser encerrado em julho de 2017. Ela teria que voltar para Cuba. Mas, o carinho da população sanjoanense possibilitou que sua história fosse outra.

“Os moradores pediram que eu ficasse. Fizeram até um abaixo assinado. A prefeita ficou sabendo e me ligou, convidando a ficar e ajudar a coordenador o Estratégia Saúde da Família”, recorda Arleny.

A médica, então, resolveu permanecer no Brasil, o que rendeu uma proibição do governo cubano de que retorne à ilha caribenha por oito anos. Como consequência, só poderá voltar a ver seus familiares em 2025.

O bom trabalho desenvolvido à frente do ESF, porém, acabou catapultando Arleny ao comando da Saúde do município. Ela, agora, chefia uma equipe formada por 174 médicos e centenas de outros profissionais, lotados em 26 unidades de saúde. O sentimento é de responsabilidade.

“Temos um senso de responsabilidade muito grande, por gratidão à acolhida que tivemos. A equipe é muito boa e comprometida, então, estamos nos esforçando ao máximo para atender levantar as principais necessidades da população, de modo que possamos entregar exatamente aquilo de que as pessoas precisam”, finaliza a médica, que concluiu a revalidação do diploma este ano e em breve poderá voltar a clinicar.