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Captação de água em São João da Barra é interrompida pela Cedae

A concessionária alega salinização da água do Rio Paraíba do Sul, o que prejudica coleta e tratamento; não há previsão de normalização

Região
Por Redação
6 de agosto de 2019 - 15h58

Parte do município é afetado com a salinização da água do Rio Paraíba (Foto: Isaac Souza/Divulgação)

O abastecimento de água no município de São João da Barra tem sido afetado nos últimos dias. Mais uma vez, com o baixo volume de água do Rio Paraíba do Sul, aliado ao fenômeno de elevação das marés e ressacas no mar, a captação de água realizada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) tem sido interrompida em diversos horários durante o dia. A empresa alega que a situação climática provoca salinização da água do rio, o que dificulta o tratamento e distribuição para a rede. Moradores se queixam do problema.

Em nota, a Cedae divulgou os motivos da interrupção da captação de água:

“A Cedae informa que, devido ao avanço do mar no Rio Paraíba do Sul, causando intrusão salina na altura onde é realizada captação para abastecimento de São João da Barra, houve a necessidade de interromper as atividades na Estação de Tratamento de Água do município. Devido ao fenômeno natural, a Companhia precisa paralisar a captação para não comprometer a qualidade da água e garantir o bom funcionamento da unidade. Medidas já estão sendo tomadas para que o abastecimento seja plenamente restabelecido”.

O avanço do mar derruba casas e afeta o Rio Paraíba em Atafona, Sâo João da Barra (Foto: Arquivo)

A interrupção da captação de água feita pela Cedae em local e horários específicos causou protestos e reclamações entre moradores de São João da Barra, sobretudo do distrito de Atafona onde tem havido problemas frequentes de falta de água durante o ano. Nas redes sociais digitais, usuários do serviço de abastecimento de água se queixaram em postagens.

A usuária Marizete Silva Muquim comentou: “E ainda bem que na minha casa tenho poço artesiano. E quem não tem?”. Quem também criticou a situação foi Marinilce Duarte. “Um absurdo isso, mas a conta do mês de setembro que ainda nem consumimos já chegou. Isso é uma pouca vergonha”, disparou.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de São João da Barra (ACISA), Renê Fernandes, apesar do fenômeno natural do avanço do mar e falta de chuva nesta época do ano, o abastecimento de água no município é comprometido pelo sistema precário e falta de investimentos da Cedae na cidade.

Sede da Cedae em São João da Barra: captação de água afetada (Foto: Reprodução)

“A distribuição de água oscila na cidade. Uma hora pode estar normal, mas podemos ficar sem o produto durante o dia, depende da companhia. É um problema complexo porque nem a prefeitura e nem a Cedae investem em melhoramentos. Sem isto, a tendência é só piorar, porque o Rio Paraíba do Sul  sem força na foz está cada vez mais salinizado por conta do avanço do mar. Uma alternativa seria dispensar a água do rio e captar água proveniente de poços artesianos. A concessão da Cedae é atribuição da prefeitura, mas até agora não vemos solução”, pontuou Renê.

A reportagem procurou a Prefeitura de São João da Barra por meio da assessoria de comunicação para saber se a interrupção da captação de água tem afetado os serviços públicos municipais. Em nota, o governo municipal informou que “a Prefeitura foi informada pela Cedae que houve paralisação no período de 5h – de 4h30 às 9h30 -, diminuindo a vazão para abastecimento em residências, já normalizado. Não há serviços comprometidos, e a Prefeitura segue acompanhado a situação para, caso seja necessário, promover medidas emergenciais, inclusive com utilização de caminhões pipa, pois a Cedae dispõe de outra fonte de captação, que são os poços profundos, não atingidos pela salinidade”.