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O místico agosto

por Guilherme Belido

Campos
Por Guilherme Belido
4 de agosto de 2019 - 0h01

Marcado por algumas tragédias,
é o mês de nascimento e morte
de grandes nomes

 

Para os supersticiosos, agosto é um mês agourento, de infelizes coincidências e até mesmo nefasto. Mas, crendices à parte, foi palco de tantas tragédias como vários outros do calendário.
Em termos de grandes conflitos mundiais, a Primeira Grande Guerra (1914) começou num 21 de junho, e da Segunda, agosto ‘escapou’ por um dia, sendo deflagrada em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha de Hitler.
Mas, de fato, pesa indelével sobre agosto as duas bombas atômicas lançadas nos dias 06 e 09 sobre cidades japonesas, cuja estimativa é de terem matado, instantaneamente, mais de 300 mil pessoas.
A história não registra nenhuma outra catástrofe que isoladamente tenha feito tantas vítimas. Foi o primeiro e único episódio em que armas nucleares foram usadas em conflitos contra alvos civis.
Mudando o foco, no agosto polêmico  – de idas e vindas, de perdas e ganhos  –, algumas curiosidades merecem registro. Entre figuras que fizeram história em suas respectivas atividades, foi num agosto que o mundo do cinema perdeu o ator italiano Rodolfo Valentino, considerado o primeiro galã das telonas. No mesmo mês, 18 anos depois (em 1943) nascia Robert De Niro, um dos ícones da sétima arte de sua geração.
Na música, a morte de Elvis Presley (1977), o “Rei do Rock”, com apenas 42 anos, chocou milhões de fãs em todo planeta, não sendo poucos os adeptos do “Elvis não morreu!”. Na mesma prateleira da fama, o “Rei do Pop”, Michael Jackson, nascia em 29 de agosto de 1959 e ainda criança iniciaria uma das carreiras de maior sucesso da história, trilhando espetacular trajetória de cantor, dançarino, arranjador vocal e produtor.
Na linha dos grandes chefes de Estado que governaram por longos anos, o ‘nosso’ Getúlio Vargas dava fim à vida e à hegemonia política de 19 anos em 24 de agosto de 1954, quando com um tiro no peito saiu ‘da vida para entrar na história’. Já Fidel Castro, que governaria Cuba por nada menos que cinco séculos, viria ao mundo também em agosto (1926) , por sinal numa sexta-feira, 13.
No âmbito da monarquia, um trágico e misterioso acidente automobilístico, ocorrido num túnel de Paris, colocava um ponto final na tumultuada vida de Diana, a ‘Princesa de Gales’, de apenas 36 anos. Era 31 de agosto de 1997. Já a rainha Elizabeth I, também conhecida como “Rainha-Mãe”, nasceria quase cem anos antes, em 04 de agosto de 1900.
A loura mais famosa do mundo  –  musa de todas as épocas  –  chocaria uma geração inteira com a morte prematura e que até hoje, decorridos mais de 50 anos, segue envolta em mistério: a atriz Marilyn Monroe, de 36 anos, foi encontrada morta, em 05 agosto de 1962, em sua casa em Los Angeles. A versão oficial de overdose de barbitúricos gerou suspeitas. Muitos anos antes, outra belíssima loura, que imortalizaria seu nome no cinema com “Casablanca”, nascia em 29 de agosto: Ingrid Bergman conquistou plateias de todo planeta e, como curiosidade, morreu na mesma data de nascimento: 29.
Na ‘dicotomia’ criador e criatura, o escritor britânico Ian Fleming, inventor do personagem James Bond(007) morreu em agosto de 1964, enquanto o ator Sean Connery, também inglês e que ficou famoso na pele do agente secreto ‘a serviço de sua majestade’, nasceu em 25 de agosto de 1930.
No circuito de velocidade, o construtor Enzo Anselmo Ferrari, fundador da Ferrari, morreu aos 90 anos, num 14 de agosto. Já o brasileiro Nelson Piquet, tri-campeão e um dos grandes da história da Fórmula 1, vinha ao mundo em 17 de agosto de 1952. Não menos importante, o também campeão  James Hunt, (famoso, também, pela frenética rivalidade nas pistas com Niki Lauda) nasceu em 29 de agosto de 1947, no distrito Wimbledon, Inglaterra.
No campo das letras, foi em agosto (1987) que o poeta Carlos Drumond de Andrade se despediu de seus versos e da vida. Muitas décadas antes, no distante ano de 1909, morria de forma dramática – numa troca de tiros  –  o escritor Euclides da Cunha. Tinha 43 anos. Foi também em agosto que nasceriam outros dois gigantes da literatura brasileira, ambos escritores e jornalistas: Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Como curiosidade, os dois em 1912.
 
O que entrou e ficou de fora de agosto
Já ressalvado que as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki foram o pior horror das duas guerras, do século 20 e do mês de agosto, vale desmistificar um pouco a nuvem negra que paira sobre o mês oito do calendário.
Para começar, o “11 de Setembro” não é “11 de Agosto” – o que já diz muito – e o maior tsunami deste século, o do Japão, em 2011, foi pra conta de março.
Recuando no tempo, o dirigível Hindenburg, símbolo de uma era, explodiu no ar quando se preparava para aportar em Nova Jersey. O mês não foi agosto, mas maio de 1937, dia 06.
Outro símbolo, só que dos mares, o Titanic abalou o mundo ao afundar em abril de 1912.
No Brasil, os maiores desastres aéreos das últimas seis décadas ocorreram fora do mês de agosto; o incêndio do Gran Circus, em Niterói (1961), que deixou mais de 500 mortos, aconteceu em dezembro. Outro incêndio, do Ed. Joelma, em São Paulo (1974),  matando 191 pessoa, foi em fevereiro. Há seis anos, em janeiro de 2013, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), tirou 242 vidas.
Como registro, os ditadores mais sanguinários do século 20 (Hitler, Stalin e Mussolini), não nasceram em agosto. Da mesma forma, os assassinatos mais dramáticos da história aconteceram fora de agosto: Abraham Lincoln e Martin Luther King, em abril; Mahatma Gandhi, em janeiro de 1948; Anwar Al Sadat, outubro; Indira Gandhi, também outubro; o presidente John Kennedy, em novembro de 1963; e seu irmão Bob, em 06 de junho de 1968.
Tirando a dúvida  – Outro dado que demonstra que agosto não é tão ruim assim está no fato de que as eleições no Brasil não acontecem neste mês. Se fosse o contrário, aí agosto seria azarado mesmo.