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Laboratório de Meteorologia da Uenf auxilia várias instituições

Cooperação existe com diversas unidades espalhadas pelo planeta com o objetivo de prever eventos climáticos

Ciência e Tecnologia
Por ASCOM
30 de julho de 2019 - 17h58

Fenômenos climáticos monitorados pela Uenf  (Foto:Reprodução/Metrópoles)

O clima do planeta já não é mais o mesmo. Eventos climáticos intensos a cada dia se tornam mais frequentes, como consequência direta do aquecimento global. Neste cenário, a meteorologia ganha um papel primordial ao estudar a atmosfera, prever o seu comportamento e, desta forma, contribuir para a minimização dos efeitos adversos causados pelos fenômenos climáticos.

Situado em Macaé, o Laboratório de Meteorologia da UENF (LAMET) vem contribuindo com esta área de estudos, que hoje funciona de forma integrada por todo o planeta. O professor Isimar de Azevedo Santos, do LAMET, conta que, sem essa integração, seria impossível fazer previsões do tempo acertadas. “As previsões requerem o conhecimento do que está acontecendo em todo o globo terrestre. Só assim podemos ter êxito, porque os movimentos são relativamente rápidos, as massas de ar se locomovem sobre o globo com certa rapidez”, diz.

Professor Isimar de Azevedo Santos do LAMET situado em Macaé (Foto: Ascom)

Segundo Isimar, o compartilhamento de informações já é uma rotina entre os diversos órgãos que trabalham com meteorologia em todo o mundo. Isto é feito através de redes de telecomunicação específicas, às quais a UENF está interligada. “O trabalho de meteorologia inclui essa capacidade de rapidamente compartilhar informação com outros órgãos e com o mundo inteiro. A meteorologia só trabalha quando há essa cooperação”, afirma.

“A atmosfera não é uma coisa divisível, por isso a meteorologia é trabalhada de uma maneira global”, diz a professora Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva, chefe do LAMET, lembrando que a Organização Meteorológica Mundial foi criada em 1873 já devido à necessidade de cooperação mundial nesta área. “Hoje a preocupação em relação à evolução das características do clima mostra com ainda mais força que essa integração é necessária. É bom lembrar que o que um pais coloca na atmosfera num momento impacta gerações e gerações e causa alterações em nível de tempo e clima em  lugares remotos”, afirma.

Parte das pesquisas que vêm sendo feitas na UENF têm por objetivo descobrir como sistemas remotos podem afetar a região Norte Fluminense, o que é chamado de estudo das teleconexões. “Recentemente, demonstramos que as modificações no Ártico estão afetando as chuvas na América do Sul e Sudeste do Brasil. Nosso interesse é saber se teremos condições mais ou menos favoráveis nos próximos anos para a agricultura. O clima afeta muito as plantas, pois elas são muito sensíveis a qualquer modificação climática”, diz.

Apesar dos avanços na área de meteorologia, Justi afirma que a previsão climática de longo prazo ainda é um desafio em todo o mundo. “A previsão de clima para a próxima estação, por exemplo, ainda é um desafio. A meteorologia mundial está na fronteira do conhecimento tentando responder a isso. Por exemplo: você planta e quer saber se vai chover na época certa, mas ainda não é possível responder a isso”.

Segundo Isimar, a melhoria da previsão de curto prazo se deve à velocidade da computação e à melhoria dos programas que transformam as equações da dinâmica e da termodinâmica em previsão do tempo. “A previsão do tempo é uma simulação de como a atmosfera vai se comportar no futuro a partir do que está acontecendo no presente. E isso só ocorre quando se alimentam modelos computacionais”, afirma.

Professora e pesquisadora Maria Gertrudes Justi do Laboratório de Meteorologia

Justi observa que a previsão de fenômenos climáticos intensos, que têm uma vida menor — como as fortes tempestades que ocorrem no Brasil, por exemplo — normalmente é feita com menos de sete horas de antecedência. Para tanto, foi crucial a compra de dois radares meteorológicos para o Estado do Rio de Janeiro — um dos quais está instalado no campus da UENF em Macaé, a partir de um convênio com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Segundo ela, o que motivou a compra dos dois radares foram as chuvas de 2010 (Morro do Bumba) e 2011 (Região Serrana), que tiveram inúmeras vítimas.