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Câncer de cabeça e pescoço ‘está na cara’

Grupo IMNE adere a iniciativa Julho Verde e vai promover ações de conscientização

Saúde
Por Redação
22 de julho de 2019 - 17h13

Dr. Raphael Sepulcri (Foto: Carlos Grevi)

Em sua quarta edição, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) deu início a campanha Julho Verde, mês que celebra o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, lembrado no próximo dia 27.

A iniciativa este ano traz o slogan: “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê” como um alerta para o diagnóstico precoce e a atenção aos sinais desses tipos de tumores que são mais aparentes do que se imagina. Em Campos, das três unidades de saúde que atendem pacientes com câncer na cidade, somente o grupo IMNE – com o Hospital Dr. Beda e o Oncobeda – tem um profissional de cabeça e pescoço para tratar essas neoplasias.

O cirurgião, Dr. Raphael Abreu Sepulcri, já planejou algumas ações para este mês e quer cada vez mais conscientizar os pacientes e transmitir informações para a população a respeito dos tumores que atingem a boca, faringe, laringe, seios da face, glândula salivar e tireoide. Essas manifestações correspondem a 3% de todos os tipos de câncer.

Segundo o especialista, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indica que são esperados 43 mil novas manifestações por ano. Na mulher, o câncer de tireoide é a quinta neoplasia mais comum e no homem, o câncer de boca é a sexta. A maior parte dos pacientes que são acometidos por estes tumores estão na quinta ou sexta década de vida. “A maioria dos pacientes é tabagista e etilista. São aquelas pessoas que bebem e fumam muito, que escondem a lesão e que têm medo de ir ao médico. Por isso, é muito importante o apoio da equipe  multidisciplinar com profissionais que vão dar o suporte. Vale dizer que a combinação de álcool e cigarro em longo prazo aumenta em dez vezes as chances de surgir um câncer de cabeça e pescoço. Além disso, o tabagismo também é um fator para o câncer de pulmão e geralmente esse paciente fumante corre o risco de ter mais de um tipo de tumor”, declara.

O médico explica ainda que os primeiros sinais desses tipos de tumores, além do histórico de etilismo e tabagismo, são rouquidão, feridas na boca ou na garganta, sangramento e o surgimento de caroços no pescoço. “É importante citar aquela velha história, o câncer quando diagnosticado precocemente tem mais chances de cura e nos tumores de cabeça e pescoço isso não é diferente”, comenta.

Tumor de Orofaringe

O especialista ainda chama a atenção para um problema que vem crescendo no mundo todo: o câncer de orofaringe. Esta neoplasia está relacionada à infecção por HPV e a promiscuidade (o sexo oral) seria a causa. “Nos Estados Unidos, 70% dos tumores de orofaringe estão ligados ao vírus. No Brasil, os primeiros estudos mostram que são 30% desses cânceres. Geralmente são pacientes mais jovens, que  não tem o histórico do etilismo e do tabagismo. A vantagem é que como não há esse histórico, a resposta ao tratamento é boa e a maioria fica curada. A recomendação hoje é que todas as
biópsias de orofaringe têm que ir para a pesquisa de HPV justamente para aumentarem esses estudos”, explica.

Câncer de tireoide
Nesse caso, o cirurgião de cabeça e pescoço afirma que em geral o prognóstico é muito bom. “A sobrevida em 20 anos é praticamente 99%. Acredita-se que um a cada mil pacientes com câncer de tireoide vai morrer da doença. O sintoma é o surgimento de nódulos no pescoço. Hoje em dia, com fácil acesso ao ultrassom, o médico acaba detectando. 40% da população tem nódulo tireoidiano. Desses 10% são tumores, mas 90% são begninos. A maioria das pessoas vive sem sequer saber, porque eles não causam problemas”, assegura.

Tratamento
“Em casos de câncer de cabeça e pescoço são recomendados dois tipos de tratamento: a cirurgia, que na maioria das vezes é a melhor opção, associada à radioterapia ou a quimioterapia, ou em outras situações é melhor indicar a radioterapia e a quimioterapia. Essa escolha também depende do estágio da doença. Deve-se pensar no processo de reabilitação do paciente. Por exemplo, há casos em que é preciso retirar a mandíbula ou a laringe, assim tenho que pensar em como reabilitar esse indivíduo a comer e a falar. Se eu posso preservar o órgão em algumas situações, devo levar isso em consideração. Não é somente a cura do câncer, mas também o retorno do paciente à sociedade depois do tratamento. A reabilitação faz a diferença na sobrevida. O apoio da equipe multidisciplinar e a força de vontade do paciente são pontos importantes na recuperação”, revela o Dr. Raphael, lembrando ainda que a prevenção para estes tipos de câncer seria o paciente cessar os hábitos de etilismo e tabagismo.

Ações no Julho Verde – Prevenir, Detectar, Tratar e Curar! 
Segundo o Dr. Raphael Sepulcri, o grupo IMNE realizou de 2016 até maio deste ano, 2075 consultas e 325 cirurgias de câncer de cabeça e pescoço.
“Se mantivemos a média de janeiro a maio, que foram quase 60 procedimentos, vamos chegar a 150 cirurgias no ano. Isso sem falar nos pacientes
que foram direto para radioterapia e quimioterapia”, completa.

No dia 27 de julho, data mundial de combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, haverá uma ação para realização de exames de laringe, a laringoscopia, em pacientes que precisam ou que suspeitam da doença. Já no dia 29 de julho, está programada uma palestra, às 15h, no auditório do Hospital Dr. Beda, unidade 2, voltada aos pacientes e profissionais, como forma de alertar sobre esses tumores.