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Teatro de Bolso revivendo sua glória

Plateias lotadas, artistas afinados e grandes performances exibem a boa fase do revitalizado Procópio Ferreira

Geral
Por Redação
14 de julho de 2019 - 0h01

(Foto: Carlos Grevi)

A casa do artista local. Essa é a premissa do Teatro de Bolso Procópio Ferreira que, ao longo dos 51 anos de história, acolhe atores, músicos e bailarinos de Campos e da região em busca de um espaço para manifestar sua arte e, recebe, espetáculo após espetáculo, uma plateia fiel sedenta de cultura. Somente em 2019, aproximadamente 4,5 mil espectadores marcaram presença nos 26 eventos que aconteceram ali, sendo a maior parte deles com produção da terra goitacá. Esse sucesso é, portanto, uma consequência do empenho da classe artística amadora e profissional da cidade de Campos que, mesmo em tempos desfavoráveis, mantém-se firme no propósito de fazer da arte um ato de resistência.

Inaugurado no dia 13 de abril de 1968, o TB é fruto da postura reivindicatória dos artistas da época que, bastante atuantes na causa, ansiavam por uma casa de espetáculos onde pudessem mostrar ao povo a força da arte local.

Foi por meio da pressão da extinta Associação Regional de Teatro Amador de Campos que o então prefeito Rockefeller Felisberto de Lima iniciou as obras do teatro no local onde, antes, funcionava um clube. Contudo o espaço só foi aberto ao público na gestão seguinte, por Zezé Barbosa, que, por coincidência do destino, era avô de Rafael Diniz, atual gestor municipal e quem reabriu as portas do TB em 2017 após três anos de interdição.

A partir de então, o teatro mais antigo da cidade vem sendo reconquistado pelos campistas que, a cada atração, o reencontram e o reafirmam como seu. Segundo o diretor do Teatro de Bolso, Fernando Crespo Rossi, o argumento que, em tese, justificava a escolha do governo anterior por mantê-lo por tanto fechado era a suposta “falta de demanda”, alegação que se mostra infundada a cada espetáculo.

“Desde que foi restabelecido até hoje, o teatro não parou mais. Isso porque nós produzimos com qualidade mesmo em situações adversas. Esse é, aliás, um sintoma da efervescência cultural de Campos ao longo de toda a sua história”, pontuou o diretor teatral que lembra e ressalta a importância do movimento de ocupação que aconteceu em 2016. “Precisamos ter em mente que aquela atitude foi fundamental para que esse espaço esteja hoje vivo e para que não deixe de funcionar jamais. A reivindicação está no cerne desse teatro”, declarou Fernando que, inclusive, preocupa-se com a diversificação dos públicos quando elabora a programação semestral. Há espaço para todos no Teatro de Bolso.

Considerando que o TB tem capacidade para receber 162 visitantes, os números demonstram que essa missão vem sendo cumprida: em 2018, 79 atividades foram desenvolvidas no local e o número de frequentadores, entre artistas, público e alunos do Curso Livre de Teatro e das oficinas, fechou em 12.560. Em 2017, ano em que foi reaberto, foram 45 atividades desenvolvidas e, no total, 8.880 espectadores.

A força da arte campista, validada tanto pelo próprio artista quanto pelo público, também foi destacada pela presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Cristina Lima.

“Essa efervescência cultural é verdadeira e podemos atestar isso porque nossos teatros têm recebido um grande número de visitantes. O Teatro de Bolso, especificamente, tem registrado casa cheia com frequência, o que mostra mais um ganho, já que esta sala recebe principalmente produções locais. Nossa cidade está produzindo e consumindo arte. E é uma satisfação ver que estamos no caminho certo”, ressaltou.

Entre os espetáculos que foram sucesso de público e crítica em 2019 estão, por exemplo, “Eu Fui Macabéa” e “Traídas e Traidoras, Somos Todas Capitus”, textos de Arlete Sendra e direção de Fernando Rossi; o espetáculo de dança contemporânea “Dogmas”, da Movimento Cia. de Dança; e o intercâmbio feito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).

Programação dos próximos finais de semana

“Alguém Acaba de Morrer lá Fora”, do Grupo Grito de Teatro, estará em cartaz em dois finais de semana, do dia 12 a 14 e de 19 a 21 de julho, sempre às 20h. Com classificação indicativa de 12 anos, a tragicomédia reúne três desconhecidos em um café bar. Cada um à espera de um encontro. Após ocorrer um acidente na rua próxima, todos indagam se a vítima não seria a pessoa que aguardam. A peça mostra as possíveis versões da história. Os ingressos saem a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

Com entrada gratuita, no dia 17 de julho, às 20h, o TB receberá o “Concerto do Pianista Marcos Leite – 36 anos de Carreira Artística”. O evento tem classificação livre e conta com a participação do pianista Rogério Duarte e do tenor João Victor Campelo.

Para fechar o mês, nos dias 26, 27 e 28, será apresentado o espetáculo “Solo”, da Ruptura Cia de Arte – companhia responsável pela montagem de “Transgressores”, sucesso de crítica e de público em 2017 e 2018. A peça tem classificação indicativa de 14 anos e os ingressos saem a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

Ainda neste semestre, será apresentada a terceira parte da trilogia “O Avesso de Mulher” com a personagem “Diadorim”, de João Guimarães Rosa. As duas primeiras foram “Eu Fui Macabéa”, inspirada na obra A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e “Traídas e Traidoras, Somos Todas Capitus”, baseada em Dom Casmurro, de Machado de Assis.