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Opinião: para evitar que a morte os separe

Crime contra a mulher, por clara questão de gênero, passou a ser tipificado como feminicídio

Justiça
Por Redação
14 de julho de 2019 - 0h01

(Foto: Carlos Grevi)

Por ALOYSIO BALBI

As agressões físicas e psicológicas às mulheres resultaram na Lei Maria da Penha, precedida pelas delegacias especializadas para investigar e reprimir esses ataques. O crime contra a mulher, por clara questão de gênero, passou a ser tipificado como feminicídio, que se alastra por todo o país, em um quadro quase epidêmico.

A violência do homem contra a mulher vem de longe, mas agora pode ser vista mais de perto, exatamente por essas medidas. O homem, em pleno novo milênio, antes anda pensando como seus ancestrais que habitavam cavernas, tendo a mulher como posse; e sendo posse dele, ele pode tudo, até tirar a vida.

Mais do que um assunto criminal, isso parece um fenômeno social, onde o homem reivindica um direito que há muito já não tem: o de defender sua honra. Não que ele tenha perdido a sua, mas homem honrado é aquele que honra suas responsabilidades assumidas, e matar quem ama definitivamente não seria uma delas.

Em Campos, as desavenças de casais têm resultado em sangue e lágrimas. Na igreja católica o padre encerra a cerimônia de casamento dizendo “ até que a morte vos separe” e tem homens que levam isso ao pé da letra. Os tempos mudaram e existe o divórcio para quando o amor morre, acaba ou até mesmo não é honrado.

A reportagem Especial desta edição mostra que em Campos existem mais de três mil casais que um dia estavam de mãos dadas e hoje tem que manter uma distância de 300 metros — um do outro — por decisão judicial, o que é chamado de Medida Protetiva. Medida não tão difícil de ser cumprida dependendo do tamanho da cidade.

Somente esse ano, já foram concedidas pela Justiça Criminal mais de 300 destas Medidas Protetivas. É um número expressivo. Muitas dessas medidas foram tomadas em consequência de agressões físicas e ameaças. E com certeza deve haver um número alto de subnotificação, ou seja, casais que insistem em ficar próximos da tragédia.

Nem sempre é um objetivo comum dois viverem vida de um. E isso não é de hoje. Seja por qual motivo, a agressão, as ameaças e a morte não resolveram esse problema.