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A relação entre tireoide e gestação

Especialista comenta que os hormônios produzidos pela glândula são essenciais para a saúde da mãe e do bebê

Saúde
Por Redação
2 de julho de 2019 - 15h14

Dra. Patrícia Peixoto (Foto: Silvana Rust)

A cada ano, médicos e especialistas lançam campanhas com o objetivo de conscientizar o público, a imprensa e os profissionais de saúde sobre a tireoide e seus distúrbios, pois embora sejam comuns, ainda há muitas informações incorretas sendo transmitidas, além das diversas dúvidas geradas pela sociedade. Em 2019, o tema abordado indica os problemas relacionados à glândula e à gestação, já que os hormônios produzidos pela tireoide são essenciais para a saúde da mãe e do bebê. Por isso, a iniciativa alerta que o mau funcionamento da tireoide durante a gravidez pode causar sérios problemas de saúde, tanto para a mãe quanto para o feto.

A tireoide tem o formato de uma borboleta e está localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo da região popularmente conhecida como gogó. Ela é uma das maiores glândulas do corpo humano e em perfeito estado garante o equilíbrio e a harmonia do organismo. Em função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins, a tireoide interfere também no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes; na regulação dos ciclos menstruais; na fertilidade; no peso; na memória; na concentração; no humor; e no controle emocional. Quando o funcionamento não ocorre de forma adequada, a glândula pode liberar hormônios em excesso (hipertiroidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo).

A médica endocrinologista, Dra Patrícia Peixoto, explica que a escolha do tema “tireoide e gestação”, ocorre justamente, pois muitas mulheres com alguns fatores de risco precisam ser alertadas da importância da avaliação e acompanhamento pelo especialista mesmo antes de engravidarem. É durante a gravidez que a glândula passa a ser ainda mais exigida, pois precisa dar conta do metabolismo da gestante e da criança. Dentre os riscos para a grávida estão: o aumento da pressão arterial, abortos e partos prematuros. Já para o bebê, problemas mentais, déficit cognitivo e aparecimento de bócio.

“A tireoide do bebê só está totalmente formada a partir do terceiro mês de gestação. Com isso, enquanto a tireoide dele não está formada, o feto depende, exclusivamente, do hormônio materno. Logo, no início da gestação há mudanças normais no funcionamento da tireoide materna. Na maioria das mulheres isso ocorre sem problemas, porém, em casos específicos deve-se ter um cuidado ainda maior”, ressalta.

A médica cita que mulheres com hipotireoidismo devem avisar ao seu endocrinologista da intenção de engravidar, ou tão logo descubram a gestação, para o ajuste do medicamento, além de manterem um acompanhamento por todo o pré-natal. Pacientes com hipertireoidismo devem tratar primeiro a disfunção antes da gravidez. Caso a gestação ocorra antes, considera-se uma situação de risco e mudanças podem ser feitas no tratamento da paciente, além de ser necessária uma observação de perto do desenvolvimento do bebê.

“Dentro das condutas específicas, as mulheres que tenham fatores de risco para desenvolver doença em tireoide devem ter a função da glândula monitorada durante toda a gestação e também no pós-parto, por ser uma fase em que pode aumentar as chances do diagnóstico de hipotireoidismo”, completa.

Os fatores de risco nas mulheres são: idade acima de 35 anos, história familiar de doença que afeta a glândula, presença de anticorpos contra a tireoide, presença de outras doenças autoimunes, como lúpus, diabetes tipo 1 e vitiligo, história de radioterapia ou cirurgia em região cervical, uso de alguns medicamentos, como lítio e amiodarona, tabagismo e deficiência ou excesso de iodo.

Avanços no tratamento das disfunções da tireoide

A endocrinologista comenta que atualmente, os avanços se concentram principalmente no campo do tratamento do câncer de tireoide, doença considerada rara, que atinge menos de 150 pessoas anualmente no Brasil.

“Há alguns anos vemos um aumento do número de casos de nódulos e de câncer de tireoide, e muito se estuda sobre as causas. Certamente, o fato de hoje serem feitos exames de imagem, em especial ultrassonografia, com maior frequência, é um dos motivos para este aumento, porém não o único. Mais recentemente ficou claro que a obesidade, doença que vem crescendo de modo epidêmico, é um fator de risco para o câncer de tireoide. De um modo geral, os nódulos são benignos, por isso devem ser avaliados pelo endocrinologista, a fim de que o paciente não seja submetido a cirurgias ou procedimentos desnecessários. Nos casos de nódulos malignos, houve mudanças em relação ao tratamento nos últimos anos. Hoje, temos meios mais precisos de analisar se um nódulo na tireoide deve ou não ser operado, como os testes moleculares, além de haver uma tendência a condutas mais conservadoras mesmo em casos confirmados de câncer diferenciado da tireoide. Também existem mais opções não cirúrgicas para nódulos benignos, como alcoolização e ablação por radiofrequência”, comenta.

A médica faz o alerta e recomenda que em caso de qualquer suspeita de problemas na tireoide, principalmente quando há indícios de história familiar, o paciente deve procurar o endocrinologista e, uma vez identificada alguma disfunção, fazer o tratamento adequado.