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No tempo do vinil

Projeto sensório-musical acontece todas as quintas-feiras a partir das 19h no Soma+Lab, em Campos

Cultura
Por Redação
27 de junho de 2019 - 12h30

(Fotos: Arquivo Pessoal)

Construir uma narrativa que envolve tanto a nostalgia da cultura vinílica como as tendências contemporâneas da música experimental. Esse é o intuito e a essência do projeto No Tempo do Vinil que acontece todas as quintas-feiras no estúdio Soma+Lab, com entrada colaborativa. Encabeçado pelo DJ Magrones — também responsável pela curadoria e pelo feeling que ocorre ali, em meio à discotecagem — a iniciativa começou ainda em 2017 e, hoje, conta com um público fiel que anseia por ouvir um som que não se ouve em qualquer lugar por aí.

Às vezes as seleções são temáticas. Às vezes são intuitivas. A proposta do professor doutor Ronaldo Vicente, também conhecido como DJ Magrones, é deixar fluir seu próprio gosto musical sem desconsiderar a energia do local e a preferência dos frequentadores.

“Sou muito sincero comigo na hora de escolher os discos e as músicas. Pesquiso música desde criança e o vinil, e de certa forma também o k7, forneceram-me outros contatos com as frequências ali presentes. Busco imprimir isso em minhas seleções visando não somente apresentar uma determinada música — o que também está envolvido no processo — mas as sensações e os sentimentos que orbitam no entorno. Os sons estão banhados de tempos e frequências”, declarou.

E, nesse processo sensório-musical experienciado no projeto No Tempo do Vinil, não há espaço para preconceitos estilísticos: inserido em um contexto, tudo é válido.

“Em geral preparo linhas sonoras, não necessariamente estilos, pois enxergo afinidades em sons que, muitas vezes, estão em estilos totalmente diferentes. Ainda assim, a pré-seleção é somente a base; o feeling acaba imperando no momento”, conta o DJ.

O início

Magrones, como gosta de ser chamado, teve contato com os discos desde criança. Sua infância foi marcada pela vitrola e pelas histórias infantis entoadas por artistas renomados da MPB, como Chico Buarque, Nara Leão, Vinícius de Morais, Tom Zé, Caetano, Gal, Gil, Bethânia, entre outros. “Aquele era o rito social que se apresentava e que eu estava inserido e isso me trouxe uma grande variedade de sonoridades, visto que tive o contato com estilos e períodos sonoros diferentes”, explica.

A partir daí, já na vida adulta, Magrones se envolveu com a discotecagem, inicialmente por meio de softwares digitais. “Comecei a comprar material e estudar técnicas de mixagem que é o que mais tenho afinidade. Estudei bastante em tutoriais no YouTube e fui treinando, sempre tentando impor minha criatividade e adaptando as técnicas. Nesse processo, começar a discotecar em vinil foi meio que natural. As transições foram fluindo e os encaixes acontecendo. Mas tudo ficou mais orgânico quando adquiri os equipamentos, que ocorreu somente quando voltei a morar em Campos, em 2017”, recorda o DJ.

A experiência concreta que deu origem ao ‘No Tempo do Vinil’ em Campos aconteceu, então, em abril desse ano, mais especificamente no evento ‘Na ponta da agulha’, na Casa Verde, com produção de Maria Clara Oliveira e Daniel Azeredo e discotecagem do Márcio Aquino e do próprio Magrones, além do apoio de Luiz Felipe Coelho e Bira.

Mas o que hoje se entende por ‘No Tempo do Vinil’ foi inaugurado, de fato, no bar do Dandão, em agosto de 2017. Nessa época também não havia uma definição sonora e estilo pré-determinados. No entanto, por ser um bar que possui uma tradição de samba, a música brasileira e suas vertentes prevaleciam.

No ano seguinte, Magrones recebeu o convite do Soma+Lab, que inaugurava a casa em janeiro, quando aconteceu a primeira edição do No Tempo do Vinil. “Hoje estamos na edição sessenta e sete em um ano e meio de projeto”, lembra o DJ, que ainda conta com a pesquisa, divulgação e administração da produtora cultural Maria Clara Oliveira.

Apesar do sucesso no Soma+Lab, existe o desejo de que o projeto seja itinerante. “Já tivemos algumas experiências expondo o projeto na rua que foram bem interessantes, entretanto, requer esforço grande e, em geral, para uma permanência, necessita também de parcerias, principalmente públicas”, afirmou Magrones.

Balanço de Frequência

O projeto musical do Dj Magrones e da produtora Maria Clara Oliveira deu origem também ao selo Balanço de Frequência que surgiu como um espaço para divulgação de discos.

“No início, eu elaborava textos sobre alguns discos que achava interessantes e sobre as fichas técnicas e divulgava em uma página do Facebook. Hoje, criamos, de fato, um selo dedicado à pesquisa musical e divulgação das produções culturais que elaboramos”, explicou o DJ.

Além das páginas nas redes sociais Facebook, Instagram e YouTube, o Balanço na Frequência também esteve por trás da organização de um show em homenagem à Jorge da Paz de Almeida, sambista do bairro Morrinho, em Campos; do evento Melânica; do Gramofônica e das edições do No Tempo do Vinil, além do apoio de produção no evento Marginaliaria High Tech, realizado pela Ellen Corrêa, no Sesi Campos.