A sessão extraordinária, que acontece na manhã desta segunda-feira (17), na Câmara de Vereadores de Campos, conta com explicação do secretário de Gestão Pública André Luiz Gomes de Oliveira e o secretário de Desenvolvimento Econômico Felipe Quintanilha sobre as contas da Prefeitura de Campos em mais uma tentativa de explicar para os servidores públicos municipais o porquê de o governo municipal não ter concedido o reajuste salarial reivindicado pela categoria. Com a casa cheia de servidores que foram ao local em busca de respostas, os dois secretários argumentaram sobre as dificuldades financeiras do município. 22 dos 25 vereadores que compõem a Câmara estão presentes na sessão, que contou com protestos dos servidores que levaram faixas e gritaram palavras de ordem. A sessão precisou ser interrompida várias vezes pelo presidente Fred Machado (PPS) para que os ânimos se acalmassem.
Logo no início da explanação, o secretário Felipe Quintanilha mostrou dados sobre as contas do município e falou da dificuldade em cumprir a folha de pagamento.
Em seguida, o secretário André Luiz reafirmou a impossibilidade de conceder o reajuste. “Qualquer tipo de reajuste está atrelado aos royalties e a gente já usa parte destes recursos para pagar a folha de pessoal”.
Após as explicações de cerca de uma hora dos dois secretários, o microfone foi aberto para os vereadores fazerem as indagações. O primeiro foi o Cabo Alonsimar (PTC), que entregou ao secretário Felipe Quintanilha um documento com dezenas de questionamentos.
Em sua fala, o vereador Cláudio Andrade (DC) levantou a preocupação sobre a aposentadoria dos servidores.
“A PreviCampos em 2015 tinha R$ 1,3 bilhão e em 2016 esse valor caiu para R$ 804 milhões e isso me preocupa muito. Sem contar os investimentos ilegais que foram feitos. Eu faço a pergunta para o Felipe Quintanilha: hoje você garante que o servidor tem a garantia da aposentadoria?”.
Felipe respondeu.”Hoje não tem como garantir. A situação da PreviCampos é muito assustadora, é criminosa”.
A fala do vereador Eduardo Crespo (PR), ex-secretário da gestão Rosinha Garotinho, foi o momento mais tenso da sessão. Aos gritos e com dedo em riste, ele chamou o secretário Felipe Quintanilha de mentiroso.
“O senhor é um mentiroso e tinha que ter vergonha de estar aqui neste plenário. Estes números apresentados não condizem com a verdade, são falsos”, bradou enquanto era ovacionado por parte do público.
Quintanilha rebateu e também foi aplaudido por parte dos presentes. “O senhor fez uma confusão de arredondamento matemático primário. Se você não tem condição de analisar arredondamento… Vir pra cá, jogar para a galera e chamar os outros de mentiroso, isso não é a postura que a gente espera da Câmara. Manda ofício para o Tribunal de Contas e pede os dados. Os dados estão corretos. Quem não tem espaço, precisa de trampolim pra fazer barulho. Seria cômico se não fosse trágico. O número está ali, o dado está certo”, respondeu.
Em seguida o secretário André Luiz saiu em defesa de Quintanilha e atacou o vereador Eduardo Crespo ao lembrar de quando ele foi presidente do Fundecam durante o governo Rosinha.
“Vir para essa casa de leis ver um colega secretário ser chamado de mentiroso é lamentável. Ele (Eduardo Crespo) é um dos que pode ajudar aos servidores entenderem o porquê de não haver um reajuste. Foram R$ 484 milhões perdidos com o Fundecam. Botaram milhões na mão de poucos. No ano de 2003, durante o governo de Arnaldo Vianna, a Canabrava pegou R$ 10 milhões para pagar em 60 parcelas. Pagou 16 e ficou devendo R$ 7,2 milhões ao município. Em 2011, a empresa conseguiu mais R$ 6 milhões. Só pagou duas parcelas. O presidente do Fundecam na época era o vereador Eduardo Crespo”, disse André Luiz.
Houve mais gritaria neste momento, que foi seguido da explanação do vereador Genásio (PSC). Durante a fala do vereador, o público formado pelos servidores levantou das cadeiras e aos gritos de “mentiroso” e “fora Rafael” saiu do plenário. Os seguranças ficaram a postos, mas não foi preciso intervir.
A Nova Canabrava, destilaria de etanol que fica localizada no limite dos município de Campos e São Francisco do Itabapoana, reconhece a existência de um passivo referentes à antiga Canabrava, mas afirma que as empresas são personalidades jurídicas distintas.
Durante as considerações finais, o presidente da casa, Fred Machado, pediu desculpas a Felipe Quintanilha em nome da Casa e do vereador Eduardo Crespo. “Peço desculpas por ele a todos aqui que ouviram isso, porque a democracia começa quando a gente respeita cada um. E o respeito nessa Casa é o que temos de mais importante”, encerrou.
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