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Entrevista com Rodrigo Viana Estevão de Moraes: um campista na Fórmula 1

Rodrigo é um grande especialista em automobilismo e mantém uma biblioteca especializada em casa

Entrevista
Por Redação
17 de junho de 2019 - 0h01

Na infância não gostava de brincar com carrinhos, mas adorava ler sobre a história de cada um deles. Aos poucos foi acumulando um raro conhecimento sobre motores, aerodinâmica, evolução automobilística, corridas e pilotos. Já adulto, na condição de jornalista, fez um pit stop na Fórmula 1 e foi ganhando mais conhecimento e admiração de profissionais do ramo como Reginaldo Leme, repórter de pista da Rede Globo. Rodrigo conhece tudo e quase todos do atual circuito da fórmula 1. É uma espécie de padrinho do Autódromo construído na Baixada Campista e prevê que em breve a cidade poderá sediar uma das etapas do Stock-car. Nesta entrevista, ele fala sobre os bastidores do Circo da Fórmula 1 e dos pilotos que ele conhece ou conheceu, com Niki Lauda, recentemente falecido.

Quando despertou em você, a paixão pelo automobilismo?

Desde sempre fui apaixonado por carros, quando criancinha já colecionava carrinhos e admirava nas ruas os diversos tipos de automóveis existentes, sabia nome e reconhecia com facilidade cada modelo que passava na minha frente, além dos carros dos meus irmãos, tios e primos mais velhos. Motivo pelo qual trabalho com carro até hoje e nunca segui a profissão da minha formação. Mas, em um momento, descobri que nas pistas de corridas de automóveis é que funciona o maior laboratório que um fabricante de veículo pode ter. Lá são testadas todas as tecnologias para aprimorar o comportamento dinâmico de um veículo, seja em matéria de desempenho, de segurança ou de eficiência de um projeto em si. Assim, as tecnologias e soluções dos carros de rua de hoje, tiveram a sua eficácia comprovada nas pistas de testes e de competições. Desta maneira, nada melhor que conversar com pilotos, mecânicos, engenheiros, chefes de equipe e representantes da indústria automobilística, para aprimorar conhecimentos e aprender cada vez mais sobre este fascinante mundo sobre rodas. Desta forma, o gosto por carro e trabalhar neste ramo, levou-me a pular de cabeça no automobilismo.

Isso te influenciou na decisão de ser jornalista?

Com certeza, em qualquer ramo de atuação profissional, não há mais espaço para ser mediano, principalmente num mundo cada vez mais competitivo, acirrado e até cruel, como o de hoje. Ou você se torna muito bom ou excelente no que você faz, ou o mercado te exclui. Para tanto, necessário se faz que você estude cada vez mais assuntos relacionados à sua área de atividade e esteja sempre informado, ou “antenado”, sobre assuntos novos, contemporâneos, tendências e perspectivas. Para tal, a área de jornalismo se torna excelente, pois para falar ou tratar de um assunto, para obter êxito e sucesso, você tem que estar muito bem embasado, tem que pesquisar muito e aprender sempre. Não há outro caminho. Tenho em casa, como exemplo, uma biblioteca com 360 livros e mais de 1.000 revistas especializadas em carros, indústria automobilística e automobilismo. Assim, o jornalismo complementa o meu lado vendedor, e o meu lado vendedor complementa o meu lado jornalista automobilístico.

Consta que você é o único jornalista da Região Norte/Noroeste Fluminense credenciado para, por exemplo, ter acesso aos boxes nos grandes prêmios de Fórmula 1. Como conseguiu essa proeza?

Falo com orgulho das conquistas que alcancei, mas não com vaidade… Infelizmente, não tenho na região outro colega que me acompanhe neste delicioso e fascinante mundo do automobilismo nacional e internacional. Hoje sou credenciado pela Federação Internacional de Automobilismo – FIA, para fazer a cobertura da Fórmula 1 e da WEC, campeonato mundial de resistência, que é a categoria automobilística internacional com as provas de longa duração, que abrange a famosíssima “24h de Le Mans”, como exemplo. Também faço a cobertura do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, o terceiro maior do mundo. No ano passado, inclusive, fui convidado, num seleto grupo de jornalistas especializados, para as coletivas de imprensa. Ainda consegui conversar com todos os presidentes das 31 marcas expostas, além do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA, do Prefeito e do Governador de São Paulo. Fiz cobertura da comemoração brasileira dos 70 anos da Ferrari, quando foram reunidas 70 Ferraris para um passeio no Autódromo de Interlagos, que vieram em comboio e escoltadas, oriundas da importadora da marca sediada na cidade de São Paulo. Também faço cobertura anual da maior premiação do Automobilismo Nacional, o “Capacete de Ouro”, que premia os pilotos brasileiros em destaque nas competições nacionais e internacionais. Também tive o privilégio de acelerar e testar algumas máquinas e lançamentos cedidos pelas montadoras, como carros elétricos, Audi R8, Porsche, Lamborghini, Ferrari entre outros. Inclusive, a Audi me concedeu um passeio no seu modelo mais luxuoso, o A8, o mesmo que conduziu a Chefe do Executivo da Alemanha, Ângela Merkel, quando aqui esteve na Copa do Mundo, seguindo os mesmos moldes, com motorista caracterizado, bandeira hasteada da Alemanha e do Brasil, uma em cada lado, presa no capô do carro e, batedores de moto na frente, abrindo caminho.

Sobre a Fórmula 1, especificamente, estou caminhando neste ano para a minha quarta temporada no Brasil. Mas o caminho para conseguir foi difícil e a persistência foi exaustiva, pois o acesso à categoria máxima do automobilismo mundial é muito fechado e restrito. Foram 3 anos tentando e fazendo inúmeras matérias para alcançar os exigentes e inimagináveis pré-requisitos. Amigos da imprensa atuantes em redes maiores de comunicação não conseguiam e tentavam me convencer a desistir. Mas, segui com o meu objetivo… No terceiro ano, enviei uma série de documentos e matérias realizadas, num volumoso sedex para a diretoria de imprensa do GP Brasil de Fórmula 1, em São Paulo. Depois de 2 meses de análise, fui aprovado. O passo seguinte seria ser aprovado na Federação Internacional de automobilismo.

Você trabalha em uma concessionária de carros japoneses, a Honda, um dos motores campeões no automobilismo. Esse conhecimento todo ajuda no desempenho do seu trabalho?

Sim e muito. A Honda fornece motores para a Fórmula 1, hoje na equipe Red Bull e Toro Roso. É uma das duas marcas que fornecem motores para a Fórmula Indy, inclusive as “500 Milhas de Indianápolis”, que é a maior prova de durabilidade e resistência dos motores Honda: imagina um motor que roda a mais de 300 km/h por quase 4 horas praticamente ininterruptas. Além disso tem a divisão de motocicletas, que é a atual campeã do campeonato mundial de Motovelocidade. Tem a divisão de motores estacionários e também para barcos, além de produzir o melhor e mais eficiente avião da sua categoria, o jato executivo Honda Jet, também vendido no Brasil. Não é a toa que a fama da Honda de produzir veículos duráveis e resistentes é reconhecida no mundo todo. Não posso deixar de mencionar também, que o maior ídolo do esporte mundial, Ayrton Senna, foi tricampeão mundial de Fórmula 1 com motores Honda nas suas três conquistas.

Parece que você é um campeão de vendas. É verdade que você já vendeu mais de mil carros Hondas?

É verdade, isso ao longo do tempo já me rendeu prêmios bacanas, viagens… Nestes 12 anos atuando na concessionária Planeta H, representante da marca Honda na região, superei a marca de 1.000 Hondas vendidos. Assim como um jogador de futebol que se preze, tem o sonho de fazer 1.000 gols, acredito que um profissional de vendas de carro, também deve se sentir realizado ao atingir ou superar esta marca, dos 1.000 carros vendidos, principalmente quando esta marca é superada com todos os carros contabilizados sendo da mesma fabricante. Ainda vou além, se colocarmos estes carros em fila indiana, daria 9 km de distância. Para quem é de Campos/RJ, seria uma fila que iria do trevo de saída para o Rio de Janeiro, em frente à Planeta H, até ao trevo de saída para São João da Barra, em frente ao CEPOP.

Você troca figurinhas com o pessoal da Globo nos Grandes Prêmios Brasil. Conta isso ai?

Pois é, consegui uma grande amizade com o pessoal da Globo, única emissora de televisão brasileira que tem o direito de transmissão de imagens da Fórmula 1. De todos os jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos brasileiros credenciados pela Fórmula 1 para o GP Brasil, metade são da Globo. Há uma mesa na sala de imprensa reservada só para os jornalistas da emissora, e sinto-me lisonjeado por ser o único jornalista que não é da Globo a ser convidado a participar da mesa. Imagina o aprendizado que tenho ao trabalhar lado a lado com a Mariana Becker, e também com o Galvão Bueno, Reginaldo Leme e outros jornalistas de ponta do Globo Esporte, do Esporte Espetacular e do Auto Esporte?

Você tem uma grande coleção de livros, revistas e réplicas de carro, além de capacete, camisas etc. Tem espaço para isso tudo?

Quando sai do meu apartamento para a casa que construí, combinei com a minha esposa de fazer um cômodo para ser o meu escritório, só para eu guardar as minhas coisas ligadas às áreas de automóveis e automobilismo. Além dos 360 livros e mais de 1.000 revistas que já mencionei acima, tenho uma coleção de 215 réplicas miniaturas de carros que me marcaram, quase 100 cartas das principais fabricantes de automóveis do mundo, 55 bonés, 29 camisas, quadros, posters, DVDs, quase 2.000 fotos, um capacete que ganhei da Porsche e muitos outros mimos que ganhei de pilotos, donos de equipe, diretores e presidentes de montadoras. Hoje confesso que o espaço já ficou pequeno. Dos livros, um, raro, único escrito pelo Ayrton Senna, com técnicas de pilotagem, me marca muito, assim como o livro escrito pelo Dr. Sid Hatkins, que foi Chefe da Equipe Médica da Fórmula 1 por anos, amigo pessoal do Senna e que foi socorrê-lo naquele terrível acidente fatal. Outro livro interessante é o que foi escrito pelo Henry Ford, fundador da marca de mesmo nome e criador da linha de produção, escrito na primeira metade do século passado.

Você tem um vídeo postado com Felipe Massa que demostra um grande carinho com você. Além de Massa você se relacionada bem com outros pilotos?

Sim. O jornalista é super respeitado nestes eventos. A cultura é outra. Somos tratados como rei. Seja lá qual for o profissional, pilotos, donos de equipe, dirigentes ou personalidades, eles entendem que também somos profissionais e estamos trabalhando, o respeito é mútuo. A sala de imprensa é climatizada e temos um serviço de Buffet à disposição. A Mercedes-Benz nos convida para almoçar no seu HC, Centro de Hospitalidade, com o mesmo cardápio dos seus atletas preparado por nutricionistas alemães. A Ferrari nos disponibiliza cafezinho o dia todo. Conversamos o tempo todo com todos, registramos fotos… Só os pilotos atuantes e sua equipe técnica, devido à correria do comprometimento com os seus respectivos trabalhos, têm os seus horários previamente definidos pela assessoria de imprensa para falar com os jornalistas. Tenho fotos com todos os pilotos das temporadas que cobri: 2016, 2017 e 2018. Além disso, tenho vídeos com Sebastian Vettel, Anitta, Marina Ruy Barbosa, Galvão Bueno, Emerson Fittipaldi, Viviane Senna, Bruno Gagliasso, entre outros, todos mandando beijo, para tirar sarro com os amigos e parentes.

Você acha que o autódromo de Campos poderá vir a sediar uma das etapas do Stock-car?

Hoje ainda não, pois tem muitos pré-requisitos a serem cumpridos. Mas, como o investimento é alto e longo, muitas coisas aos poucos vão se adequando às normas da Federação Estadual e da Confederação Brasileira de Automobilismo. Vai um segredo, um dono de equipe da Stock-car, ao tomar conhecimento que eu iria pilotar um carro no autódromo, pediu para eu filmar e mandar o vídeo para ele… Assim, acredito que, futuramente, não teremos só Stock-car, mas também outras categorias do automobilismo nacional.

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