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Alunos do pré-escolar aprendem sobre cardiopatia congênita em Campos

Mãe de uma aluna que tem a doença ajuda a desenvolver campanhas e ações socioeducativas para ajudar outras famílias

Educação
Por Ocinei Trindade
12 de junho de 2019 - 18h24

Antonella, de 5 anos, passou por quatro cirurgias no coração (Fotos: Carlos Grevi)

Antonella Lima tem 5 anos e cardiopatia congênita, um defeito na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação. Assim que nasceu, com cinco dias de vida, a menina enfrentou a primeira das quatro cirurgias no peito. Quem conta sobre o problema é a mãe de Antonella, a farmacêutica Nathalia Rosa. Esta quarta-feira (12) é o Dia Nacional da Cardiopatia Congênita. A data foi lembrada por Nathalia com uma ação educativa na escola onde a filha estuda. “É uma maneira de informar e naturalizar o problema de saúde. Apesar de algumas limitações, ela vive uma rotina normal como a de qualquer criança”, explica.

Professora Juliana com Antonella e os colegas de classe: “Hoje, ela deu uma aula”

Na escola, Antonella ajudou a distribuir folhetos explicativos e pôde falar para alguns coleguinhas sobre o problema no coração, e como cuida da saúde. “Muitas crianças e adultos têm curiosidade sobre a grande cicatriz que ela tem no peito. Desde sempre, procuro falar naturalmente sobre o assunto. Há algumas brincadeiras que podem prejudicá-la. Então, preciso explicar para os coleguinhas o que não pode fazer. Eles entenderam e passaram a cuidar também da Antonella”, diz Nathalia.

Uma forma de abordagem foi utilizada dentro da sala de aula. Com linguagem própria, Antonella deu explicações sobre a cardiopatia congênita. A professora dela, Juliana França, se encantou com a iniciativa da aluna. “Ela trouxe uma boneca com o coração fora do corpo, mostrou um pouco sobre a cirurgia e como o coração voltou para dentro do corpo depois de operado. A cicatriz é chamada de marquinha do amor”, informou. A direção da escola e a coordenação pedagógica gostaram da iniciativa e apoiaram a divulgação sobre como identificar a cardiopatia congênita.

Diretora da escola, Liana Azevedo, apoiou a iniciativa

Quando Antonella foi matriculada, nos preparamos para recebê-la e estamos sempre acompanhando o seu histórico. Achei interessante fazer com que a própria aluna falasse do seu problema como forma de conscientização dos outros meninos e meninas. Ela faz isso com muita propriedade. A rotina dela é muito tranquila na escola”, conta a diretora Liana Azevedo.

A coordenadora pedagógica Shayanne Klein ajudou nas tarefas de divulgação sobre cardiopatia congênita na unidade escolar. “Os alunos da idade da Antonella já estão mais maduros para compreenderem alguns temas. A proposta da mãe faz com que os alunos conscientizem outras pessoas sobre o problema também”, destaca.

A turma de Antonella aprendeu sobre cardiopatia congênita com brincadeiras lúdicas

Nathalia Rosa participa da criação de uma associação de pais e amigos de crianças com cardiopatia congênita em Campos. Uma das propostas é apoiar crianças atendidas pelo Sistema Único de Saúde. Uma das dificuldades em Campos é realizar o diagnóstico durante a gestação. “Infelizmente, Campos não tem uma estrutura adequada para cuidar de crianças cardiopatas. Precisei fazer o tratamento no Rio de Janeiro”, disse Nathalia.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, nascem no Brasil cerca de 28 mil crianças com problemas cardíacos por ano. Cerca de 80% precisarão de cirurgia, mas cerca de 18 mil crianças não recebem o tratamento, principalmente por falta de diagnóstico e vagas na rede pública de saúde. O exame de ultrassom morfológico pode revelar se está tudo bem com o coração do bebê. Durante todo o ano, outras ações informativas sobre a cardiopatia congênita serão realizadas em Campos.

Felippe Lima e Nathalia Rosa são os pais de Antonella (Foto: Acervo Pessoal)