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A mistura das marquises, chão e agressão

Estamos dando moedas para salvar a mão, quando na verdade deveríamos estendê-la

Opinião
Por Redação
9 de junho de 2019 - 13h06

Infelizmente a linha tênue que separa o porão da pobreza e a superfície onde pisa em falso a classe média parece estar se rompendo em algumas áreas de Campos, assim como em centenas de cidades brasileiras. Já é visível e nítida esta triste paisagem expondo, não personagens, mas pessoas que estão abaixo da linha da miséria dormindo sob marquises e sobre chão frio.

Essa paisagem está cada vez mais banalizada e moradores de rua deixando de ser pessoas para serem personagens que, dependendo do contexto, são olhados com lágrimas de pena ou de repreensão. Com uma raiva represada, quando essas pessoas viram personagens elas agridem os que estão passando.

Socialmente, são mais agredidos do que agridem. Foram excluídos de todos os direitos básicos dos seres humanos: habitação, saúde, educação, alimentação entre outros, embora muitos tenham optado por isso. Durante o dia se alimentam de favores e a noite de drogas baratas como o crack que servem para enganar seus estômagos onde falta comida e as mentes onde já não existem sonhos.

É um problema sério de todas as cidades médias e grandes, mas que em Campos já estaria merecendo uma ação mais contundente em seus aspectos sociais. A contar pelo número de instituições de assistências que existem na cidade, sem somar aí as ações do poder público, morador de rua deveria ser raro.

A reportagem Especial desta edição foi motivada pela tentativa de agressão de uma moradora de rua a alguém que passava. Isso tem sido rotineiro no centro de Campos. Morador de rua deveria ser exceção momentânea e não uma regra. As ruas estão riscadas de linhas abaixo da miséria e sem perceber estamos pisando nela.

Estamos dando moedas para salvar a mão, quando na verdade deveríamos estendê-la. Mas é bom lembrar que do outro lado, eles também levantam as mãos, em alguns casos para agredir.