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Mais monitoramento para o Paraíba

Serão 32 novos pontos no rio no Norte Fluminenses em trechos que não eram acompanhados pelo INEA ou ANA

Região
Por Thiago Gomes
3 de junho de 2019 - 0h01

Diretor-presidente do Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, João Siqueira destaca benefícios da sala de monitoramento (Fotos: Silvana Rust)

De todas as bacias hidrográficas do Brasil, a do Rio Paraíba do Sul é a que concentra o maior número de pessoas e indústrias que captam água para consumo. A informação é do Baixo Comitê Paraíba do Sul e Itabapoana, entidade que faz a gestão do manancial na região. Segundo dados do órgão, são 184 municípios que utilizam a água do Paraíba, o que representa 14 milhões de pessoas em três estados, sendo 9 milhões apenas na Região Metropolitana do Rio. Proporcional ao esforço do rio para matar a sede de tanta gente é a preocupação do comitê com a saúde do Paraíba. Para acompanhar com mais precisão os impactos ao rio, já está em operação uma sala de monitoramento que inclui 32 novos pontos que ficarão sob análise.

“Das bacias hidrográficas de nosso país, nenhuma sofre tanta pressão populacional quanto a do Paraíba do Sul. Para efeito de comparação, o Rio São Francisco tem uma vazão em sua foz de 1.500m³ por segundo, ou seja, 1.500 caixas d’água passando por segundo. O nosso rio tem vazão de 240m³ por segundo na sua foz. O Paraíba, realmente, é menor, mas não é tanto. E também não é só isso. Muita água fica no meio do caminho para abastecimento da população. Ambos os rios sofreram com transposição. No entanto, enquanto no São Francisco a retirada de água foi de 2.3%, no Paraíba o impacto foi de 75%”, analisou o diretor-presidente do Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, João Siqueira.

A sala de monitoramento funciona no prédio P5 da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), na sede do comitê. Segundo João Siqueira, serão monitorados mais 32 novos pontos em trechos que atualmente não são acompanhados pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) ou a Agência Nacional de Águas (ANA).

Sala de Monitoramento funciona na Uenf

“Atualmente, a vazão que chega a Campos dos Goytacazes é monitorada com dados colhidos na Ilha dos Pombos, no município fluminense de Carmo. Depois de lá, existe um vazio que não é monitorado. Essa sala vai preencher este vácuo. Teremos mais três pessoas que irão receber os dados de qualidade e quantidade da água e interpretar essas informações”, esclareceu, destacando que passarão a ser coletados dados do Paraíba, Pomba, Muriaé e rios da Baixada Campista.

A previsão é de que o site com informações coletadas na sala de monitoramento entre no ar no dia 3 de junho, pelo endereço eletrônico salademonitoramento.cbhbaixoparaiba.org.br .

Rio tem sofrido cada vez mais com intervenções em seu curso

Sofrimento
A vazão do Rio Paraíba que chega à foz é a mínima, de 252m³ por segundo. Segundo João Siqueira, o ideal seria uma vazão de 500m³ a 800m³ por segundo. A transposição do Paraíba em Barra do Piraí, de acordo com o Baixo Comitê do Rio Paraíba do Sul, contribuiu para o avanço do mar em Atafona, onde o rio encontra o Oceano Atlântico.

O presidente do comitê lembra que a retirada de água ao longo do Paraíba é tamanha que, se não fosse a reposição hídrica de seus afluentes (rios Preto, Pomba, Paraibuna e Muriaé), o Paraíba chegaria praticamente morto à foz.

“Noventa por cento da região metropolitana do Rio é abastecida com água do Paraíba, sendo que dois terços da água é retirada em Barra do Piraí. Isso causa assoreamento do leito e intrusão salina, que é a entrada da água do mar no rio. Um estudo apontou que de cinco anos para cá, a vazão do rio na foz diminuiu ainda mais. O mar, que antes entrava por cerca de quatro quilômetros do rio, atualmente entra oito quilômetros. E isso já nos tem causado transtornos. Em São João da Barra, por exemplo, duas vezes por dia a captação regular de água é interrompida”, destacou o diretor-presidente do comitê.