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Desafios de um delegado

Ele lidera sua equipe acompanhando pessoalmente as operações e comemora a meta alcançada pela 134ª DP

Campos
Por Redação
28 de maio de 2019 - 16h27

Delegado Bruno Cleuder, da 134ª DP (Foto; JTV)

À frente de uma das maiores delegacias do interior do estado do Rio de Janeiro, Bruno Cleuder assumiu a 134ª DP, no Centro de Campos, em janeiro de 2019. Nascido em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, Cleuder é um delegado além do seu gabinete. A parte da inteligência investigativa une-se a operacionalidade e ao bom trabalho em equipe. Foi assim que ele conseguiu alcançar a meta estipulada pelo Estado na delegacia no primeiro trimestre do ano. Além de delegado, Bruno Cleuder é professor no curso de Direito e atua também como coach. O sucesso está ligado, segundo ele, ao equilíbrio em conciliar o trabalho com a vida pessoal. Nesta entrevista Cleuder fala sobre a missão de prender criminosos, reduzir a violência, mas
também do lado humano de incentivar pessoas por meio do seu trabalho de coach.

1– O Sr. não é campista, embora já tenha trabalhado aqui em outra ocasião. Assumiu a titularidade da 134ª DP, uma das maiores delegacias do estado, em janeiro de 2019. Foi ou ainda está sendo um desafio?

– Sempre foi um desafio. Lógico que atualmente vejo como um desafio ainda maior, já que se trata da titularidade da maior delegacia do 6 DPA (Departamento de Polícia de Área). Além disso, tenho a missão de substituir uma administração de sucesso e que fez o antigo titular ser atualmente o Diretor do Departamento de Área.

Aos poucos vou mostrando meu trabalho e o meu jeito de administrar a Unidade.

2- Apesar de Campos figurar no mapa da violência, até mesmo internacional, a delegacia tem conseguido alcançar suas metas. Isso representa também diminuição da violência? Fale um pouco sobre esse trabalho.

No ano passado, o Norte Fluminense não conseguiu atingir as metas de criminalidade estabelecidas pelo Isp (Instituto de Segurança Pública). Já esse ano, ao menos no primeiro trimestre, já conseguimos bater as metas traçadas, o que considero um avanço expressivo

3- Ninguém faz nada sozinho. Em um trabalho de investigação, por exemplo, muita gente está por trás. Fale um pouco do entrosamento da sua equipe e da divisão do trabalho entre os delegados da 134ª DP.

Considero minha equipe a grande responsável pelo sucesso das minhas administrações anteriores e, por que não, pelo da atual. Tenho grandes policiais em vários setores da delegacia, que vai da investigação até a parte administrativa. Ademais, todos os policiais da 134a DP compraram nossa ideia e estão mostrando que com união e espírito público, vamos longe.

Os demais delegados da nossa unidade são, além de excelentes profissionais, grandes colegas. Cada um trabalha em dias determinados e é responsável por uma quantidade específica de procedimentos. Com isso, conseguimos aumentar em pelo menos 30% a produtividade investigativa e operacional da Delegacia.

4- A violência contra a mulher não para de crescer em todo o Brasil. Sabemos que inicialmente esses registros vão primeiro para delegacia da jurisdição e, só num segundo momento, a investigação é encaminhada à especializada. Isso dificulta o processo investigativo?

Isso não é verdade. No nosso município, todas as ocorrências que envolvam violência doméstica ou familiar contra a mulher são confeccionadas pela DEAM-Campos

5- Não podemos deixar de falar dos crimes insolúveis. Não poder dar uma resposta a uma mãe que perdeu o filho assassinado, isso te tira o sono?

Sempre. Tento sempre dar o meu melhor, mas os casos insolúveis são uma realidade de que não se pode fugir. O que não quer dizer que aceitemos com parcimônia

6- A Polícia tem conhecimento da atuação de milicianos em Campos?

Há rumores nesse sentido, mas nada comprovado cabalmente

7- A maior rebelião de presos em Campos aconteceu quando a 134ª DP tinha carceragens e foi motivada pela superlotação na unidade. Muitos anos se passaram e o problema mudou de lugar, atravessou a ponte e se instala nas unidades prisionais de Guarus. Por vezes, esse excesso na população prisional faz com que a corda da justiça afrouxe e seja necessária uma reavaliação da condição de manter um suspeito preso. Isso desmotiva a PM a prender, desmotiva também o delegado?

Não me desmotiva. O sistema de justiça criminal é um todo. As vagas no cárcere finitas. É preciso ter critério ao se prender alguém cautelarmente. Concordo com boa parte das decisões judiciais nesse sentido. Como professor de Direito Penal e Processual Penal, vislumbro alguns equívocos, mas nada anormal.

8- As ocorrências online funcionam? Vieram para reduzir as filas nas delegacias? Como a vítima deve proceder?

Funcionam e muito bem. O escopo é o de tornar o atendimento mais célere. Basta que a vítima vá ao endereço eletrônico https://dedic.pcivil.rj.gov.br e registre sua ocorrência. O site é muito intuitivo. Logo após, é possível que seja chamada à delegacia para confirmar alguns dados.

9- Antigamente, o perfil de um delegado de polícia era, digamos, bem peculiar. Hoje em dia, o perfil é completamente diferente. Temos cada vez mais delegados jovens. Essa renovação na polícia influencia necessariamente na garra e disposição em combater a violência?

Acho que isso mudou após o advento da Constituição Federal de 1988 que exigiu concurso público para o ingresso no cargo de delegado de polícia, tornando um servidor de carreira. Isso impediu apadrinhamentos ocorridos outrora. Isso não quer dizer que os delegados mais antigos sejam menos preparados. Aprendi muito com delegados mais antigos que passaram por minha, ainda curta, trajetória na polícia civil.

10- Completando a questão anterior, se tornar delegado de polícia hoje é sonho de muitos jovens que almejam uma carreira promissora. O Sr. trabalha em cursos preparatórios, é Coach, um incentivador de pessoas. Se considera bem-sucedido no que faz? Fale um pouco sobre como concilia tudo isso com sua vida pessoal. Sei que tem uma filha linda…

Sou delegado de polícia titular da maior delegacia do departamento de área, professor de Direito Penal, Processual Penal e Constitucional na Universidade Iguaçu/Unig, coach e coordenador em cursos preparatórios para as carreiras de delegado de polícia e inspetor de polícia. Acredito que realizei muito mais do que sonhei quando ainda estava na graduação. Sou muito realizado tanto profissionalmente como na vida pessoal.

A rotina não é nada fácil, mas tenho conseguido conciliar bem.

Tenho orgulho de ser um incentivador de pessoas. As pessoas têm que sonhar! Temos que ter fé!

Quanto a minha filha, de fato, é linda e é minha grande razão para lutar por um mundo melhor.