×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Lei proíbe, mas sem fiscalização canudos resistem

Comércios estão proibidos, mas distribuem canudos enquanto não há fiscalização como acontece na cidade do Rio de Janeiro

Campos
Por Redação
27 de maio de 2019 - 0h55

Sétimo item mais coletado nos oceanos de todo o mundo em 2017, segundo dados da ONG Ocean Conservancy, sediada nos Estados Unidos, o canudo de plástico tem sido proibido em vários locais do mundo. No Brasil, o município do Rio de Janeiro se tornou o primeiro a proibir seu uso. Em Campos, a lei municipal nº 8.859, de 24 de outubro de 2018, já está em vigor e proíbe bares, restaurantes, lanchonetes e similares a disponibilizar estes canudos aos clientes.

De autoria do vereador Silvinho Martins (PRP), a lei já foi sancionada pelo prefeito Rafael Diniz (PPS) e estabelecia ainda o prazo de 180 dias para que os comerciantes se adaptem. Embora este prazo já tenha se esgotado desde o mês passado, a reportagem do Terceira Via foi às ruas e constatou que grande parte dos estabelecimentos comerciais da área central ainda não se adequou. De acordo com o dispositivo legal, os comércios do município estão obrigados a usar e fornecer aos seus clientes e consumidores canudos de material biodegradável, ou similares.

Mesmo com a possibilidade de disponibilizar outras opções de canudos, para Salvador José da Silva Moço, dono de uma lanchonete no Centro de Campos, há o risco de os clientes não aceitarem comprar estes outros tipos de canudos que são permitidos. “Tem tanta coisa descartável, por que o canudinho tem que ser proibido? Eu não sei se isso vai funcionar e acho que muitas pessoas não vão querer pagar pelos outros canudos com materiais que são permitidos”, pontuou.

Embora favorável e já cumprindo a lei, o comerciante Darlan Ferreira de Almeida argumenta que muitas vezes os clientes questionam a venda de produtos que já vêm com canudo de plástico.

“É difícil a gente explicar para o cliente que pode o copo descartável e não pode o canudo. O cliente quer comodidade e reclama. Como a gente serve um Guaravita sem canudo? E o Toddynho que já vem com canudo? Acho que não deveria parar com o canudo, embora aqui nós tenhamos parado desde o ano passado, desde que anunciaram a lei”, explicou. A bióloga e engenheira ambiental Elaine Cruz destaca a importância da criação de uma campanha de conscientização ambiental para que a lei, de fato, tenha efetividade.

“É muito importante que as pessoas tenham consciência ambiental sobre os resíduos que são gerados, mas a prefeitura ou qualquer instituição que está delegando isso aos comerciantes deve dar estrutura para que este procedimento seja adequado. Não adianta impor alguns procedimentos sem criar condições. Se a prefeitura realmente tiver toda a estrutura para trabalhar isso de forma eficiente, eu concordo, mas se criar leis que não pode sustentar, acho que não tem sentido fazer algo só pra dizer que fez”.

Na boca do povo
“Pra mim não vai mudar em nada, porque é muito difícil eu usar canudo, pois prefiro o copo descartável. Acho importante não jogar lixo nas ruas. Sou a favor da lei, mas tenho minhas dúvidas sobre a eficácia dela”. Shirlei Oliveira de Paula, aposentada.

“Acho que se não tiver fiscalização, não vai resolver. Porque a gente já está acostumado a usar o canudo em todos os lugares. Acho que vai continuar quase a mesma coisa, pode ser que diminua, mas se não tiver fiscalização vai continuar”. Luíza de Souza Barbosa, estudante.

“Muitas vezes a população não é educada a jogar o lixo no lixo e isso prejudica o meio ambiente. Acho que em vez de parar de vender, poderiam conscientizar a população a ter educação de jogar o canudo no lixo após o uso”. Gabriel Azevedo, vendedor.

A reportagem tentou contato com o vereador Silvinho Martins, autor da lei, para mais detalhes, mas ele informou, via whatsapp, que estava com problemas de saúde e impossibilitado de se inteirar do assunto. Já a Prefeitura de Campos informou que: “Passado o período de seis meses de adequação, como destacado na publicação, a Prefeitura de Campos segue buscando diretrizes de fiscalização”.