Apesar das chuvas dos últimos dois anos que deram um alento à agricultura, o município de Campos é contextualizado hoje como semiárido, com um clima bem semelhante ao do Nordeste do país, tanto que há mais de 10 anos os produtores de cana-de-açúcar daqui conseguiram uma espécie de isonomia com seus colegas nordestinos e chegaram a receber subsídios do governo como compensação pelos efeitos da seca.
Há vários anos o engenheiro José do Amaral Ribeiro Gomes, que foi presidente do Sindicato Rural de Campos usa a expressão “microclima” para definir a região Norte Fluminense. Segundo ele, geograficamente Campos está alinhada com os produtores da Região Sudeste, onde está São Paulo. Mas isso geograficamente, mas em se tratando de clima, estamos mais próximos do Nordeste.
Para acentuar essa incomoda e preocupante situação, o Rio Paraíba do Sul, que deveria irrigar as terras do município está cada vez mais fraco e padecendo de sintomas graves como a salinização. A partir do momento em que perde força, o oceano invade o seu espaço e isso no futuro poderá comprometer toda a produção agrícola.
O Rio Paraíba do Sul tem hoje seis sangrias na forma de barragens que desviam parte de suas águas, em uma espécie de transposições homeopáticas. Isso acontece nas barragens da usina hidrelétrica de Paraibuna; na usina hidrelétrica de Santa Branca e na usina hidrelétrica do Funil, além das de Suplício e da Ilha dos Pombos fechando com a barragem de Santa Cecília.
Isso tem preocupado sobre maneira os ambientalistas e o assunto é tema da reportagem Especial desta edição. Se o mundo está preocupado com as mudanças climáticas, aqui elas já estão acontecendo.
