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Mães e esposas de detentos pedem explicações após suspeita de casos de meningite no Presídio de Campos

Os familiares fazem uma manifestação em frente à unidade. As visitas foram suspensas desde sábado em caráter emergencial.

Campos
Por Redação
13 de maio de 2019 - 12h26

(Fotos: Silvana Rust)

Mães, esposas e filhos dos internos do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca fazem uma manifestação na manhã desta segunda-feira (13) em frente à unidade. O motivo é a suspeita de que dois internos teriam adquirido meningite bacteriana, doença que se espalha rapidamente e que pode levar ao óbito. Os detentos foram encaminhados ao Hospital Ferreira Machado (HFM) e as visitas ao presídio foram suspensas por tempo indeterminado como medida preventiva emergencial, mas os familiares afirmam que não receberam qualquer posicionamento por parte dos servidores ou da própria Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) a respeito do caso. Segundo a assessoria de imprensa do HFM, somente um dos pacientes recebeu o diagnóstico de meningite meningocócica.

O hospital informou ainda que o primeiro paciente permanece leito de isolamento recebendo o acompanhamento da equipe médica. O estado de saúde dele e é estável e já apresenta melhorias após 48 horas de medicação. Toda a equipe de contato direto com o paciente diagnosticado com meningite também está recebendo as orientações necessárias quanto à quimioprofilaxia. Já o segundo paciente não foi diagnosticado com a doença, mas recebe tratamento necessário, através da enfermaria para Doenças Infecto Parasitárias e já recebeu, também, os procedimentos relativos à quimioprofilaxia, como medida preventiva.

A equipe de reportagem do Jornal Terceira Via esteve no presídio nesta segunda-feira e conversou com os familiares que ainda denunciaram outros problemas na unidade como a distribuição de alimentos estragados, o acúmulo de lixo e a presença constante de animais transmissores de doenças. A reportagem também flagrou uma ratazana morta próximo ao portão de entrada do presídio.

Outra denúncia feita por essas mães é quanto ao atendimento médico precário. O filho da faxineira Leandra Gomes utiliza uma bolsa de colostomia e, muitas vezes, esse material é substituído por uma sacola plástica devido à falta de recursos, mas, principalmente, de atenção por parte dos enfermeiros que atuam na unidade. “Nem sempre conseguimos entregar os mantimentos que levamos, inclusive a própria bolsa adequada. Com isso, o risco de infecção é muito grande”, explicou.

O irmão de Marcela Pessanha está desde a última quarta-feira com febre alta, um dos sintomas da meningite. Ela tem medo de ele estar com a doença e ainda não ter recebido o atendimento emergencial. “Há muita negligência aqui”, declarou.

De acordo com auxiliar de serviços gerais Laudimar Viana, que também é mãe de um detento, o medo é que seu filho morra, mesmo pagando pelos seus crimes. “Não queremos passar a mão na cabeça deles. Eles erraram, mas estão aqui para cumprir suas penas. O que pedimos é mínimo de dignidade, afinal, eles são humanos”, afirmou a mulher.

ENTENDA

Dois presidiários alocados no Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, em Campos, estão com sintomas de meningite bacteriana, o tipo mais comum da doença, e, essa suspeita já foi confirmada pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap). As visitas ao presídio foram suspensas e os servidores também estão impedidos de entrar na unidade como medida de prevenção em caráter emergencial. Os presidiários com os sintomas da doença foram encaminhados ao Hospital Ferreira Machado (HFM), que é o procedimento padrão em situações desse gênero.

Segundo nota oficial emitida pela Seap, o caso está sendo acompanhado e as providências cabíveis já vem sendo tomadas por meio da coordenação de saúde do órgão que será responsável pela execução do tratamento de quimioprofilaxia.

No sábado (11), o Hospital Ferreira Machado (HFM) informou que  recebeu um primeiro paciente da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) com suspeita de meningite. Quando a nota foi encaminhada, já havia sido feita a punção lombar e o hospital aguardava a Cultura do Líquor para resultado conclusivo sobre o caso. Contudo, devido aos sintomas apresentados pelo paciente, o mesmo já se encontrava na enfermaria de isolamento. O segundo paciente chegou à unidade um pouco depois e passou pelos mesmos exames.

A unidade hospitalar informou ainda que, para confirmação da cultura e resultado específico, foi necessário encaminhamento ao laboratório. A previsão é que o HFM receba o resultado esta semana. O Hospital esclareceu ainda que toda a equipe de contato direto com o paciente com suspeita de meningite já está recebendo as orientações necessárias quanto à quimioprofilaxia.

Hoje, o presídio Carlos Tinoco da Fonseca possui uma população interna de aproximadamente 2 mil presidiários, sendo que, em tese, o local possui apenas 842 vagas. O Jornal Terceira Viajá denunciou a superlotação no local; confira a reportagem neste link.

A meningite bacteriana, também chamada de meningite meningocócica, é a inflamação das meninges causada por bactérias. Mais de 80% dos casos de meningite são provocados por infecção bacteriana. Os sintomas incluem início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão). Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.