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Executivo de primeira grandeza

José Francisco Rodrigues, diretor Grupo Líder, administra quatro concessionárias; ele conversou com o jornalista Aloysio Balbi

Campos
Por Coluna do Balbi
6 de maio de 2019 - 7h00

José Francisco Rodrigues é um bem-sucedido empresário do setor (Foto: Silvana Rust)

José Francisco Rodrigues, diretor do poderoso Grupo Líder, que somente em Campos tem quatro concessionárias das principais marcas de automóveis do país, trabalha entre 11 e 12 horas por dia. Pai de quatro filhos e avô de seis netos, ele tem uma regra: não leva trabalho para casa e tira sempre que pode os finais de semana para a família. Defende uma saudável vida social, considerando-a importante nos dias de hoje.

Usando sempre a palavra “trabalho” José Francisco, homem que tem estreitas relações com a cúpula do Porto do Açu, não tem dúvidas de que esse empreendimento irá mudar o perfil da economia de Campos, São João da Barra, do Estado e do país. Ele defende a tese de que principalmente os jovens devem se preparar para o futuro que está chegando.

Na economia regional, a preocupação de José Francisco é com a aprovação de uma lei que tira os royalties do petróleo dos municípios e estados produtores, o que para ele seria um desastre. Afirma que o Rio com outros estados produtores, como São Paulo e Espírito Santo, devem se mobilizar.

O senhor dirige uma empresa que vem a ser uma das maiores do país, na área automotiva, somando concessionárias de marcas variadas e sofisticadas. Isso toma quanto do seu tempo?

Toma todo meu tempo. É uma rotina compensatória. Trabalho de 11 a 12 horas por dia. Mas tenho um acordo comigo mesmo: não levo trabalho para casa, para poder viver para a família e faço isso também nos fins de semana. Esse tempo que sobra eu dedico única e exclusivamente para a família. É óbvio que existem fins de semana que temos que viajar a trabalho para um evento ou outro. Mas separar esse tempo para a família é importante, pois é ela que me move além da vocação que tenho para o meu trabalho. Acho que o núcleo familiar é o combustível que eu necessito. Vivo para minha esposa, quatro filhos, noras, genros e seis netos maravilhosos. Já tenho um neto de 15 anos que em um estalar de dedos estará na faculdade. Considero tudo isso o principal fruto do meu trabalho.

Mesmo fixado em Campos, sua função no Grupo implica em estar se deslocando sempre de um lugar para outro. Como é isso?

Temos empresas em Campos, Itaperuna, Macaé, Cabo Frio, Rio de Janeiro e no Espírito Santo, somente na minha área de atuação. É claro que temos reuniões constantes para avaliar o desempenho de cada uma dessas empresas. A troca de experiências entre os nossos executivos é importante. Muitas vezes saio de Campos para ajudar a resolver um problema em outra praça, assim como também executivos destas outras praças se deslocam para Campos para me ajudar. Em Campos, a exigência é no mesmo nível do Rio de Janeiro já que temos quatro concessionárias aqui. Ao todo, o Grupo Líder tem 74 empresas em toda Região Sudeste do país, como Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Mas minha área de abrangência é o Estado do Rio, onde o grupo tem crescido bastante nos últimos anos.

O senhor recentemente fez quase que de forma instantânea um feirão, ligando para os clientes com uma proposta de venda personalizada. Parece que neste dia, um sábado, vendeu mais de 100 veículos. Como foi isso?

É uma nova concepção de vendas mobilizando os clientes pelas redes sociais. A gente pega o nosso banco de dados dos clientes e liga diretamente para ele convidando para tomar um café em uma das nossas empresas no sábado. Mas não servimos somente cafezinho e sim boas promoções e por isso o resultado de vender mais de 100 carros em um sábado aqui em Campos. O cliente não quer ser enganado. Quer promoções de verdade. Destaco aqui que essa mobilização é feita através das redes sociais que nos ajuda a difundir a nossa filosofia de negócios e nossas promoções. Estamos vivendo um novo tempo. E, ao mesmo tempo, a gente consegue mobilizar todos os nossos funcionários desde os guardadores de carro até a diretoria. Isso é muito bom para o ambiente de negócios e para o ambiente de trabalho.

Como o senhor vê o futuro da economia da região? Soube que o senhor é um grande entusiasta do Porto do Açu. Esse empreendimento será a solução em breve para a nossa economia?

Sem dúvida alguma o Porto é a solução para a economia não só de Campos ou de São João da Barra. E vou além: será importante para a economia de todo o Estado do Rio de Janeiro e também do país sem nenhum risco de exagero. No caso específico de Campos, o Porto do Açu vai virar uma página importante da história da nossa economia. Nas próximas duas décadas, a cidade vai passar por uma transformação que poucos imaginam. Hoje, o Porto já é o maior empregador da região no que se refere ao setor privado. Todos os anos novos postos de trabalho estão sendo abertos e empresas chegando. É realmente um sol e não apenas uma luz no fim do túnel. É preciso que o empresariado da região e também os jovens se preparem para esse novo tempo que já estamos vivendo, mas que será ainda mais intensificado em grandeza de atividade econômica. Precisaremos de mais empreendedores e de mão-de-obra qualificada. Então, o que posso adiantar é que temos que estar preparados para dias melhores, e isso implica realmente em estar preparado para fazer parte deles.

Um empresário de visibilidade como o senhor consegue ter vida social?

Consigo sim. Assim como ressaltei a importância da família, destaco aqui também a importância dos amigos. A vida social de forma regrada faz bem e é altamente necessária. E com amigos, a gente troca informações, colhe conselhos, dá alguns quando é possível e se confraterniza. É uma maneira da gente aprender. O importante e ter bons amigos, e felizmente eu os tenho e preservo cada um deles. Sempre que possível, os vejo pessoalmente e isso é imensamente gratificante. Nos dias de hoje, em todas as fases, a vida social é importante e isso não é sinônimo de festas, jantares ou coisas assim. Falo também de uma vida social onde possamos estar sempre ao lado de amigos e fazendo novos amigos. Cada cliente que o grupo conquista é transformado em um amigo de certa forma. E recomendo vida social saudável para todos.

Quando se afasta um pouco dos negócios qual é a programação preferida?

Viajar. Além de culturalmente ser importante a gente consegue extrair lições de vida com outros povos e isso é maravilhoso.  Uma viagem não é realmente uma coisa barata nos dias de hoje, mas é um ótimo investimento, aquele que ninguém tira de você com o passar dos anos. Meu hobby hoje é viajar. No meu caso em especial, que tenho uma rotina desgastante, viajar renova. Não abro mão de viajar e estou sempre planejando uma viagem. É preciso entender que uma boa viagem é consequência do seu trabalho e se posso dar conselho às pessoas, um deles é viajar. Não importa se para o Leste da Europa, Estados Unidos ou para o Nordeste do país. Viajar é sempre muito bom, levando sempre  em conta o aspecto cultural desta viagem.

Voltando a falar da economia regional, o senhor acha que o pior já passou ou teremos que enfrentar outros problemas difíceis?

A grande preocupação no momento é a questão dos royalties do petróleo. Preocupação que se intensifica principalmente em Campos e Macaé bem como em outros municípios produtores. Em novembro, essa questão volta a ser julgada. Se dividirem os royalties do Rio de Janeiro com outros estados da União, o Estado do Rio quebra de vez. É preciso que todos se unam para mostrar o prejuízo que isso causará em todos os níveis. Dividir o dinheiro dos royalties com o país todo não resolverá o problema do resto do país, mas transformará o Rio em um resto. Mas eu antevejo um futuro econômico melhor para a região, e volto a falar do Porto do Açu. Campos está mudando: a nossa principal atividade econômica antigamente, a agroindústria de cana-de-açúcar, vem minguando, mas a agropecuária está se diversificando. Os resultados demoram para aparecer mas eles vão ser percebidos. A grande questão momentânea é a possível perda dos royalties, o que seria uma injustiça já que temos um grande impacto social nesta região e não sabemos os impactos futuros. Campos e Macaé são exemplos disso. A população aumentou, a violência, a pesca praticamente acabou e não sabemos as consequências de uma exploração no Pré-Sal, ou seja, como a natureza irá reagir no futuro. Somos produtores de petróleo e royalties não são favores e sim obrigação de quem extrai essa riqueza que é finita.

O senhor percebe nos jovens de Campos algum traço de empreendedorismo?

Esses dias conheci uma menina, que foi ao CDL fazer uma apresentação que me surpreendeu, com o modelo por ela apresentado. Ela quer reunir jovens empreendedores para montar escritórios compartilhados e outros ferramentas modernas como as mídias sociais. Ela falou tudo que um jovem precisa realmente ouvir. Eu vejo jovens empreendedores em Campos sim. É nossa obrigação incentivá-los em todos os níveis. O caminho saudável da juventude é empreender. Alguém pode até empreender em arte e em outros segmentos não necessariamente empresariais, mas é preciso empreender. E vejo grandes potencialidades nos jovens de Campos e temos uma infraestrutura satisfatória; Acredito nos jovens, sempre acreditei neles e nunca me decepcionaram. Comecei jovem e cheguei até aqui porque alguém acreditou em mim.

Na verdade o senhor começou como executivo que se graduou no grupo e hoje é diretor. Qual é o segredo?

Em um primeiro momento trabalho, em um segundo momento, trabalho e em um terceiro momento, também trabalho. Me sinto realmente abençoado por ter desenvolvido minha vocação neste grupo empresarial que é uma referência em todo o mercado do país. Não existe um segredo específico. O meu, como disse no início da resposta, é trabalhar, alcançando o planejamento antes estabelecido. Se eu posso voltar ao assunto dos jovens, quero incluir um conselho: o grande segredo é trabalhar e muito. Para empreender é preciso trabalhar e neste caso não existe nenhum grande segredo. Os jovens precisam ter foco e garra. Se preparar e planejar o seu futuro. Hoje existe um ambiente de desemprego, mas isso vai passar. E quando passar, esses jovens estarão prontos. Vou além: há sempre um trabalho para fazer, apesar do ambiente desfavorável.

O que, em sua opinião está faltando para Campos deslanchar de vez? O Grupo Líder tem algum projeto de diversificação para Campos?

O momento nacional não é oportuno para novos desafios. Mas você pode estar certo que o grupo Líder estará sempre de portas abertas para novas oportunidades. A marca do nosso grupo é desenvolvimento, ou seja, crescimento. Sempre crescemos na crise, porque conseguimos superação. E isso é o que deveria permear qualquer intenção de investimento. Em suma, estamos sempre atentos a essas novas oportunidades, prospectando negócios, nos atualizando e buscando perceber as tendências do futuro, principalmente na nossa área. O momento é de vento contra, mas essa tempestade vai passar. Enquanto não passa, trabalhamos dobrado, porque como eu disse, temos crescido sim no curso das crises. Essa é a nossa meta e trabalhamos sempre para atingir nossas metas.

Todos sabem que o Grupo Líder investe em seus funcionários e tem formado gerações de bons profissionais. Como é esse trabalho?

Nosso maior ativo são nossos funcionários. Investimos de forma permanente, com projetos de atualização, reciclagem e treinamentos. Primamos por estabelecer um ambiente de trabalho mais saudável possível. Trabalhos muito os nossos recursos humanos. Sem eles, os nossos colaboradores, não cresceríamos, não enfrentaríamos as crises, não iríamos planejar o futuro. Então o recurso humano talvez seja o principal recurso de uma empresa moderna, e esse investimento por parte do Grupo Líder é permanente e tende a se intensificar cada vez mais, podem ter certeza disso.

Qual conselho o senhor daria para quem quer empreender em Campos?

Acreditar sempre. Ao longo desta entrevista falamos do Porto do Açu, em uma pecuária mais moderna, entre outras coisas. Campos é uma cidade que tem vocação para o crescimento apesar de alguns contratempos. Então, eu aconselho investir em Campos e na Região, na certeza de que não haverá decepção. Neste momento, isso requer um trabalho acima da média, mas é bom ir ganhando musculatura, porque o trabalho será sempre necessário. Só com ele vamos conseguir estabilizar a economia do país.