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Capoeiristas de Campos divulgam o esporte nas ruas

Pelo menos duas vezes por mês, a capoeira ganha destaque na área central da cidade com participantes de todas as idades

J3 Esporte
Por Ocinei Trindade
4 de maio de 2019 - 16h01

Capoeiristas se encontram no Calçadão, Centro de Campos (Imagens: Ocinei Trindade)

Uma prática genuinamente brasileira, a capoeira ou capoeiragem, é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular, dança e música. Acredita-se que tenha surgido no século 16, no Quilombo dos Palmares, entre os negros que fugiam da escravidão. Em Campos, não se sabe quantos praticantes da capoeira existem em número absoluto, mas há quem arrisque em três mil pessoas. Parte delas costuma ir para as ruas centrais da cidade para exibir a beleza dos movimentos e as canções de roda ao som de instrumentos africanos. A iniciativa reúne 12 grupos distintos que querem promover cada vez mais a capoeira.

Há seis anos, em todo o primeiro sábado do mês, capoeiristas de todas as idades se encontram no Calçadão, no Centro de Campos, pela manhã. Por mais de duas horas, crianças, adolescentes, jovens e idosos jogam capoeira com muito ânimo e alegria. As músicas e as palmas chamam à atenção dos pedestres que caminham por ali. Depois, todos ficam hipnotizados com os movimentos de luta e dança no centro da roda. “Eu acho uma beleza. Incentivar a prática do esporte e da arte é importante para educar as pessoas”, disse a aposentada Maria Eugênia Lopes que parou para assistir ao espetáculo de rua.

Para o instrutor de capoeira, Cristiano Oliveira, mais conhecido como Mestre Touro, a capoeira pode ser praticada por qualquer pessoa e de qualquer idade. “Eu estou com 46 anos. Desde os 13, estou envolvido com a capoeira. Não fico sem isso. Aqui, reunimos 12 associações de Campos que sempre se encontram para para praticar o esporte na rua. Só no Calçadão, viemos há seis anos demonstrar nossa arte popular. Eu recomendo a crianças e velhos praticarem a capoeira, pois é uma celebração e comunhão de pessoas”, diz.

Na capoeira, a maioria dos praticantes ainda é de homens. Porém, o interesse de mulheres no esporte tem crescido nos últimos tempos. É o caso de Manuela Gomes, de 15 anos. “Eu acho bonito e também ajuda na defesa pessoal. Indico às minhas amigas e outras mulheres que conheçam o esporte”, sugere. No Calçadão, encontramos Carlos Augusto, o Mestre Azeitona, de 69 anos. Era o praticante mais velho do encontro. Instrutores garantem que é possível começar na capoeira também nesta idade. “Temos alguns alunos que estão começando aos 50 e aos 60 anos. É possível e só faz bem”, diz Mestre Touro.

Além do Calçadão, capoeiristas se reúnem também na Praça São Salvador em todo o terceiro domingo de cada mês. A rua é o espaço mais democrático para as apresentações. Os organizadores querem aumentar o número de praticantes de capoeira em Campos. “Na ativa, creio que sejamos três mil capoeiristas de todos os níveis. Queremos dobrar esse número. Além das associações, costumamos ensinar capoeira nas vilas esportivas municipais. Nosso objetivo é promover integração social”, conclui Cristiano.

 

Assédio na capoeira

Foi realizado neste sábado (4) um encontro com praticantes de capoeira na Vila Olímpica do Jóquei Clube. Três acadêmicas e capoeiristas promoveram um diálogo sobre a questão do assédio sexual, imposições machistas, sexistas e a resistência feminista nos vários espaços da sociedade. Participaram a jornalista argentina Silvina Cortés, a assistente social Mannu Ramos e a cientista social Jhen de Almeida, além de várias pessoas da sociedade. No evento aberto ao público e destinado a homens e mulheres, ao final do debate, foi realizada uma roda de capoeira com os participantes.

Mulheres capoeiristas defendem o esporte e combatem o assédio sexual na sociedade