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Corte na Educação e dívidas ameaçam atividades da UFF Campos e podem afetar 3 mil alunos

Empresa responsável pelo módulos habitacionais, onde ocorrem 80% das atividades da UFF, vai retirar estrutura neste mês

Campos
Por Redação
2 de maio de 2019 - 18h25

Foto: Carlos Grevi

Alunos, professores e a direção da Universidade Federal Fluminense (UFF Campos) se reuniram para discutir sobre a possibilidade da instituição perder os módulos habitacionais (contêineres) que são utilizados para as aulas há cerca de dez anos. A reunião foi na tarde desta quinta-feira (2), no pátio da instituição, com fala da direção, de professores e de alunos. Segundo os professores que participaram do encontro, a empresa responsável pela locação, a NHJ do Brasil, informou que vai retirar todos os módulos da instituição no dia 20 de maio. O motivo é a falta de pagamento do aluguel dos últimos sete meses por parte da instituição. Cerca de 3 mil alunos podem ser afetados pela medida.

Segundo informado durante a reunião, a crise financeira na UFF começou em 2016, após o governo do ex-presidente Michel Temer ter cortado parte dos recursos públicos destinados à várias instituições de ensino federais. Nos últimos meses, a crise econômica se acentuou e a universidade não conseguiu manter o pagamento do aluguel dos módulos habitacionais em dia.

“A divulgação recente do corte de 30% das verbas para as instituições de ensino federais agrava ainda mais a nossa situação. A UFF já estava com dificuldades em se manter após os cortes de 2015. Agora, com esse anúncio de mais essa redução orçamentária, a situação se torna insustentável. Estamos buscando solução, mas ainda não temos nada certo. Temos comissões para discutir as possibilidades e na próxima terça teremos outro ato em defesa da UFF. Atualmente, 80% dos nossos alunos estudam nos módulos. Sem eles, a situação fica muito complicada”, informou um professor que não quis se identificar por medo de represálias.

Outra professora da UFF confirmou a gravidade da situação. “Ficamos sabendo disso nesta semana e se eles tirarem os contêineres, nós perderemos a estrutura de salas de aulas, coordenações, laboratórios de pesquisa e outros setores essenciais para a continuidade do trabalho por aqui. Temos hoje cerca de 3 mil alunos e será uma perda muito grande”, desabafou.

A reportagem do Terceira Via tentou contato com a empresa NHJ do Brasil, que enviou a seguinte nota “A NHJ do Brasil esclarece que, há oito meses, não recebe o valor do contrato com a UFF, que prevê a locação de mais de 100 módulos. Após várias tentativas de acordo, todas sem qualquer solução efetiva, a empresa terá que retirar os módulos do campus a partir do dia 20 de maio”.

Foto: Carlos Grevi

Cortes
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou nesta quarta-feira (1º) que as universidades federais do país passarão por corte de investimentos. O plano é aplicar agora o contingenciamento de cerca de 30% para todas as universidades do país até que a pasta publique regras mais claras para a definição de cortes. Antes, o ministro havia dito que apenas as universidades onde “ocorrem balbúrdia e festas inadequadas” sofreriam os cortes. O MEC informou ainda que o governo definiu bloqueio de R$ 5,8 bilhões do orçamento da pasta.

Reitor da UFF fala sobre possível fechamento
O reitor geral da UFF (da qual a UFF Campos é subordinada) concedeu uma entrevista ao Jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira (2), em que afirma que “com corte de 30%, o risco de não conseguir manter a universidade aberta se torna real”. Antonio Claudio da Nóbrega explicou que a conta já estava no negativo em R$ 30 milhões e que vinha “cortando na carne” para equilibrar os números.

“Vários serviços de manutenção têm reajustes constantes e mais altos que a inflação. Ao mesmo tempo, nós estamos em processo de expansão histórica. Esse é um movimento que não dá para voltar atrás da noite para o dia, é uma política de Estado, funciona a longo prazo. Ainda tenho a expectativa de que o governo consiga atender o orçamento para, pelo menos, retornar ao que a gente tinha antes. Pedi audiência com o ministro. Talvez eles não tenham a real dimensão de tudo que as universidades podem fazer pelo país”, informou ao Globo.