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Mulheres da capoeira discutem assédio em Campos

Evento acontece na Vila Olímpica do Jockey, nesta sexta-feira (3), às 18h, com entrada franca

Campos
Por Redação
1 de maio de 2019 - 11h58

Silvina Cortés, capoeirista da Argentina participa do evento (Reprodução)

Três acadêmicas e capoeiristas se propõem em promover diálogo sobre a questão do assédio sexual, imposições machistas, sexistas e a resistência feminista nos vários espaços da sociedade. O encontro acontece na sexta-feira (3), na Vila Olímpica do Jockey, às 18h. Participam a jornalista argentina Silvina Cortés, a assistente social Mannu Ramos e a cientista social Jhen de Almeida. O evento é aberto ao público e destinado a homens e mulheres, independentemente de ser capoeirista ou esportista.

Silvina Cortés considera que as mulheres  precisam ser ouvidas. “Como comunicadora social, mulher, capoeirista, lutadora pelos direitos humanos, animais e ambiental, desejo que compreendam a importância que têm nestes tempos parar para pensar, refletir sobre as dificuldades que nós, as mulheres, seja no desporte, como no cotidiano sofremos no dia a dia. Precisamos de ser ouvidas por homens e também por mulheres de gerações mais antigas, para trabalharem juntos para que nossas irmãs, filhas, sobrinhas, não tenham que passar o que nossas ancestrais tiveram que suportar no passado”.

Para Mannu Ramos, coordenadora estadual da Juventude do Movimento Negro Unificado (MNURJ), a proposta não é só discutir o assédio no esporte. É no sentido amplo, em casa, no trabalho, nos relacionamentos, em todo o lugar.

“No século XXI, com a entrada de mulheres em práticas esportivas como a capoeira, ainda se enfrenta machismo e sexismo. Esses valores sociais acabam sendo reproduzidos e também aparecem no esporte. A partir da discussão na capoeira, como acadêmicas, nós queremos entender e aprofundar sobre o tema, e desnaturalizar a questão do assédio. Trata-se de um encontro para toda a comunidade. Portanto, homens e mulheres podem participar”, diz.

Mannu Ramos é uma das debatedoras do encontro (Reprodução)

A capoeirista, cientista social e professora de Sociologia, Jhen de Almeida, acredita que seja bom que homens adultos e meninos participem desse tipo de discussão para que não reproduzam o modelo machista. “A gente ensina e aprende ao mesmo tempo. Digo isto como docente e como mulher”, avalia.

A questão do assédio é considerada um tema caro e pertinente para todas as mulheres na atualidade. “Falamos sobre assédio no âmbito da capoeira, onde nós nos encontramos. Levando em consideração que esse tema que está dentro de uma sociedade criada e construída aos moldes machistas, patriarcais e escravistas. Isto faz com que o assédio seja naturalizado em vários espaços, inclusive na capoeira. Nosso objetivo é dar ouvidos e voz às mulheres para escutar suas vivências e entender seu cotidiano, além de fazê-las entender o que é o assédio. A grosso modo, alguns acham que o assédio é só o abuso sexual, mas as faces sutis do assédio muitas vezes não são consideradas”, conclui Jhen.

O evento é realizado pelo grupo Mandingueiros dos Palmares, núcleo Campos-RJ-Brasil.

Jhen de Almeida também é debatedora (Reprodução)