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O gestor da Nova Canabrava

Destilaria industrial começou a safra e vai moer 600 mil toneladas de cana-de-açúcar e 45 milhões de litros de etanol

Campos
Por Redação
23 de abril de 2019 - 14h02

Por: Aloysio Balbi / Girlane Rodrigues

Fotos: Carlos Grevi

A Canabrava, destilaria de etanol no limite dos município de Campos e São Francisco do Itabapoana iniciou sua moagem no início da semana passada. Pretende esmagar 600 mil toneladas de cana-de-açúcar que se traduzirão em 45 milhões de litros de álcool. Rodrigo Oliveira, que arrendou a destilaria, alterou o nome para Nova Canabrava e garante que implantou um novo conceito de gestão. Existe um passivo trabalhista de porte que está sendo quitado. Com 42 anos, ele acha que a região pode retomar em médio prazo o papel expressivo no cenário nacional neste segmento. Afirma que a luta do setor hoje é a oferta de matéria-prima, mas concorda com a previsão de uma boa safra por causas das chuvas. Segundo ele, a Nova Canabrava vai gerar 1.500 empregos diretos no curso da safra e está otimista quanto o futuro.

 

A safra da Nova Canabrava começou na semana passada. Vai até quando e qual é a sua expectativa em torno dela?

A safra irá até o dia 14 de novembro e a expectativa é animadora, por motivos diversos, como as chuvas de março e abril recuperando a lavoura e mantendo os mesmos níveis ou até maiores do que os de 2018. Pelo que sei, a região viveu até muito recentemente problemas de seca, mas nos últimos dois anos as chuvas chegaram e, como disse, houve uma renovação da lavoura, o que é muito bom para o setor.

 

Qual a previsão de cana-de-açúcar a ser esmagada?

Inicialmente 600 mil toneladas, acreditando que conseguiremos ultrapassar esse número. O número de 600 mil toneladas é uma meta, mas no curso da safra, vamos trabalhar muito para ter uma massa maior de matéria-prima. Essa possibilidade é real, mas temos que trabalhar com metas e a meta neste momento gira em torno de 600 mil toneladas. Então temos que focar nesta meta. Uma ampliação expressiva da cana-de-açúcar a ser esmagada será uma realidade premente nas próximas safras.

 

E essas 600 mil toneladas vão resultar em quantos litros de etanol?

Vamos alcançar uma produção de 45 milhões de litros de etanol carburante. Podemos afirmar que nosso parque fabril permite que consigamos aproveitar o máximo da cana-de-açúcar na extração de etanol. Em breve queremos produzir 50 milhões de litros com essa mesma quantidade de cana.  É uma produção altamente otimizada, não tenha a menor dúvida disso. Temos um parque fabril moderno que aproveita  tudo que a cana pode oferecer em termos de etanol.

 

Tanta cana assim significa uma grande quantidade de bagaço. Ele será transformado em energia?

Sim. A nossa termoelétrica alimentada pelo bagaço da cana deve gerar em média 55 GW/h durante a safra. É uma geração de energia bastante razoável e energia hoje é algo muito importante para a produção e para a economia de um modo geral.

 

Essa energia abastece o parque fabril e ainda sobra?

Esses 55 GW/h é justamente o excedente, o qual exportamos nas linhas de transmissão pela Enel e todo parque fabril é abastecido com energia própria no curso da safra. Acrescendo que gerar energia não é apenas uma consequência e sim também uma meta da nossa pauta da gestão. É um ativo importante da usina.

 

Destas 600 mil toneladas de cana-de-açúcar, quanto é produzida em terras de usina, ou seja, cana própria?

Em média de 100 a 120 mil toneladas de cana própria. O restante virá de parceiros e fornecedores tradicionais e fieis da usina.

 

A Nova Canabrava tem projeto de contrapartida, ou seja, de incentivo a esses fornecedores?

Após o início da safra, começamos um projeto agrícola audacioso para chegarmos a seis mil hectares plantados entre áreas próprias e parcerias. Trata-se de um investimento grande pois estaremos colocando na medida do possível à disposição dos parceiros os insumos necessários para alcançarmos essa meta.

 

Por que a mudança da denominação, usando o “Nova” Canabrava?

Fotos: Carlos Grevi

É um novo tempo. Quando assumimos a usina no ano passado e após iniciarmos o processo de saneamento dos problemas, o que ainda está recebendo tratamento final, resolvemos mudar a marca para deixar bem visível um novo conceito empresarial. Então a partir desta safra somos a Nova Canabrava em todos os sentidos.

 

Quais os maiores problemas da Nova Canabrava?

Da Nova, nenhum. Estamos falando da velha. Os problemas são os seguintes: quase 2,5 mil processos trabalhistas.

 

E como eles estão sendo resolvidos?

Somente no ano de 2018, 498 processos no valor total de R$ 8 milhões 880 mil foram quitados. Pretendemos manter esse mesmo ritmo para esse ano, e assim cumprir o objetivo maior do nosso arrendamento judicial.

 

Como está a relação com da Nova Canabrava com a Justiça Trabalhista?

Estamos cumprindo o que foi determinado e ajustado desde o início do arrendamento. Todas as ações trabalhistas estão sequencialmente se transformando em acordos que estamos cumprindo na integra. Parece se ter uma ideia, já temos acordos fechados com bastante antecedência e assim nos programarmos para honrá-los.

 

Existe em médio prazo projeto para a expansão do parque fabril?

A nossa meta é alcançar até 2022 cerca de 90% da capacidade de moagem da Nova Canabrava. Então, até lá não vamos pensar na indústria e sim na lavoura, pois como disse, operamos com capacidade ociosa, já que temos capacidade hoje para moer três vezes mais. Então não seria uma boa estratégia investir pesado no parque fabril. A prioridade é sim, repito, a expansão da lavoura.

 

Você acredita que Campos pode retomar a sua história com a cana-de-açúcar através do etanol?

Acredito que estamos iniciando uma nova história. Espero que os concorrentes tenham gestão empresarial para crescerem nos níveis da Nova Canabrava. Nós estaremos fazendo nossa parte, contribuindo para retomada e crescimento do setor sucroalcooleiro do Norte Fluminense.

 

E o terceiro setor da Nova Canabrava?

Estamos desenvolvendo como primeiro projeto é o Jovem Aprendiz, paralelo a isso iniciamos o apoio as instituições que prestam assistências a menores carentes de Campos e São Francisco.

 

E a geração empregos?

Temos uma previsão nesta safra que é de gerar 1.500 empregos diretos e mais de três mil empregos indiretos tanto nas áreas de Campos como de São Francisco do Itabapoana. Acreditamos que paulatinamente, com o decorrer da safra, seremos um dos principais geradores de empregos da região.