O Jornal Terceira Via abre espaço para tratar de feminicídio em Campos. Essa nova tipificação de crime tem sido pauta constante em todo o país, que percebeu que mesmo com toda rede de proteção à mulher, como a Lei Maria da Penha, a sociedade continua machista e violenta e a mulher sendo o alvo preferencial desta deformidade.
Desde que essa nova termologia começou a ocupar espaços na imprensa, Campos tem registrado cada vez mais casos, como os que aconteceram na semana passada, sendo uma jovem assassinada e uma mulher agredida pelo companheiro, felizmente esse último caso, embora com covardia equivalente, não resultou em morte.
Observa-se que o feminicídio é, na imensa maioria das vezes, ou quase em sua totalidade, passional, motivado por ciúmes de ex-maridos e ex-namorados que não aceitam a separação. Logo vem a rasteira e a velha frase, “se não for minha, não será de mais ninguém”. Não que estejamos aqui defendendo a frase “ninguém é de ninguém”.
Fato é que ninguém é propriedade de alguém, e um casal pode ser desfeito sem que uma das partes morra. O assunto já geroufrases como “quem ama não mata”. Ainda estamos sob o luto de mais um caso, porém é bom lembrar que avançamos na repressão a esse tipo de crime punindo os responsáveis.
Até os anos 70, maridos ciumentos matavam suas esposas após a separação. Um dos casos emblemáticos foi o rico
playboy Doca Street, que matou em Búzios a socialite Ângela Diniz em um dos crimes de maior repercussão da crônica policial brasileira.
O advogado do playboy conseguiu no júri popular livrar o seu cliente da cadeia, invocando o “legítimo direito de defesa da honra”, desdenhando desta forma o direito da vida. Hoje esse argumento não é mais tolerado em um tribunal, pois uma honra passional não pode se sobrepor a vida. E que honra seria essa?
Bem, Campos tem uma delegacia especializada em crimes contra as mulheres, o que até pouco tempo não era imaginado. Os fatos mostram que essa delegacia é necessária. E mais necessária ainda é a reflexão dos homens sobre esse assunto. Separações são dolorosas, mas fazem parte da vida e não devem motivar mortes.