É comum encontrar moradores da Avenida Francisco Lamego, sentados em cadeiras à beira do Rio Paraíba do Sul em fins de tarde, na Orla de Guarus construída nos anos 1990 com calçadas e ciclovia para ser uma extensa área de lazer. Um deles é o aposentado Joacir Manhães, de 70 anos, que desfruta do local como o quintal de casa. Com o passar do tempo, a Orla de Guarus entrou em processo de degradação. Em todo o percurso, há algum tipo de problema apontado. “A falta de iluminação à noite aqui preocupa por causa de assaltos”, diz morador.
A Orla de Guarus é um dos locais mais bonitos de Campos. Há centenas de árvores nos canteiros e nas margens da beira rio. A área verde atrai moradores, mas também pessoas que praticam esportes como caminhada, corrida e ciclismo. Porém, obstáculos no caminho são freqüentes. O recepcionista Alef Fernandes mora em Guarus e utiliza a pista da orla para correr. “O piso está quebrado, há buracos. À noite para correr é ruim, sem falar em mau cheiro, pois faltam lixeiras”, reclama. O bombeiro hidráulico Júlio Pinheiro também pratica esportes e critica o abandono do local. “Havia aparelhos de ginástica há 15 anos. Temos um campo de futebol e passeio danificados. Precisa melhorar”, sugere.
Desde os anos 1990 vários quiosques com bares e restaurantes movimentam a Orla de Guarus. Porém, há vários estabelecimentos fechados ou abandonados. Durante a semana que esteve no local, a reportagem flagrou uma árvore caída em um quiosque, além de calçadas quebradas e bueiros abertos. Para a costureira Jane Viana, a falta de segurança e infra-estrutura precária tornam o lugar perigoso. “São muitos buracos que podem causar acidentes. A gente sente medo ao passar por aqui”, disse.
Apesar das reclamações, todos os entrevistados elogiam a beleza e o potencial do lugar. Para o aposentado Joacir, não tem local melhor na cidade. “Nasci e vivi aqui na mesma casa por toda a vida. A gente tem até frutas no caminho disponíveis perto das calçadas. É uma beleza. Carambola, jabuticaba, nozes e mamão a gente colhe ao ar livre. A pessoas precisam preservar”. A dona de casa Maria da Penha Cabral também elogia a Orla de Guarus. “Aqui é bom, mas a prefeitura tem que fazer sua parte e os moradores também precisam cuidar”, observa.
Nos últimos 30 anos, surgiram projetos de reformular a área de lazer e criar outros espaços no entorno do Rio Paraíba do Sul. Para o presidente da Associação Norte Fluminense dos Engenheiros e Arquitetos (Anfea), Ernani Alves, seria desafiador transformar o local:
“Acho um grande desafio, mas não impossível, em se pensar na reurbanização voltada para o turismo ou mesmo a prática de modalidades esportivas e de lazer. Vejo com cautela a implantação de qualquer tipo de intervenção em função da falta de segurança. Contudo, vislumbro espaços generosos com grandes decks às margens do rio mostrando toda sua beleza, com ambientes diversos. Salvo as exceções pertinentes as leis ambientais e códigos vigentes. No mais, seriam estudos de viabilidade urbanística para a área” analisa.
Alterações previstas
Segundo a Codemca, em 2019, a Orla II na região da Lapa passará por intervenções estruturais com iluminação e inclusão de área de lazer. “O projeto inicial da Orla II não contempla todos os permissionários que atuavam no local, foram necessárias providências para adequar o projeto no sentido de atender a um número maior de permissionários. Atualmente, trâmites de licitação estão em andamento para que, ainda neste primeiro semestre, intervenções possam ser iniciadas no local”.