Segundo o Inea, técnicos estiveram no local e confirmaram que o Sesc Mineiro de Grussaí dispõe de poço de água sem outorga. Ainda de acordo com o órgão, “a empresa será multada pela irregularidade e também será notificada a requerer a outorga em um prazo de 20 dias”. O Inea não informou o valor da multa.
A descoberta da irregularidade – A irregularidade veio à tona após a reportagem especial da última edição do jornal impresso do Terceira Via abordar o assunto e receber a informação, através de pesquisadores da Uenf, que o Sesc Mineiro e outras empresas exploravam o aquífero de forma irregular.
Durante a reportagem, o Sesc Mineiro foi a única empresa citada que assumiu que explora o recurso hídrico sem possuir as outorgas necessárias. Procurado pela reportagem, o Inea confirmou que o Sesc também era a única empresa citada que não possui os documentos necessários e foi questionado sobre como iria agir após tomar conhecimento da informação relatada na reportagem. Alguns dias após os sucessivos questionamentos do Terceira Via, por meio de e-mail, o Inea informou sobre a vistoria e a multa no início da noite desta quarta (27).
Entenda – Os aquíferos são áreas com grande volume de água que ficam no subsolo e podem abastecer milhares de pessoas. A região tem grandes aquíferos: o Terciário Formação Emborê, o Quaternário Deltaico e o Terciário Formação Barreiras. Apenas um destes aquíferos, o Emborê, é tão grande que, além de Campos, ainda ocupa parte do território de Quissamã, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. A água proveniente do Emborê é considerada de excelente qualidade. Mas, apesar de tudo isso, há uma grande preocupação entre os pesquisadores: a exploração desordenada destes aquíferos por grandes empresas da região.
Alerta – Pesquisadores da Uenf fizeram um alerta sobre a exploração dos aquíferos. “Na região, nós temos empresas como o Sesc Mineiro de Grussaí que estão explorando uma quantidade muito grande de água em um poço profundo e isso já está trazendo problemas. Nossos estudos indicam que a população que está situada naquela região vai sofrer escassez de água futuramente, já que esse é um bem finito. No município de São Francisco, por exemplo, já está tendo intrusão salina porque estão tirando água além do que a natureza recebe de recarga”, denunciou um dos pesquisadores que não terá o nome divulgado.
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