×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Relógio da Catedral de Campos volta a funcionar

Foram seis anos de interrupção por conta de um defeito e falta de componente de bronze na engrenagem

Patrimônio
Por Redação
14 de fevereiro de 2019 - 15h37

O relógio da Catedral sempre orientou a população local (Fotos: Reprodução)

Após seis anos parado no tempo, o relógio da Catedral do Santíssimo Salvador voltou a funcionar. O trabalho de recuperação uniu o relojoeiro Enildo Gonçalves e o jovem estudante Lucas Gomes, de 19 anos, e começou em julho do ano passado. O rapaz resolveu subir na torre do relógio para buscar informações sobre a causa do problema. Constatou que uma roda de escape estava com quatro dentes quebrados. E resolveu buscar ajuda para realizar a restauração do relógio que voltou a funcionar no último fim de semana.

“O primeiro passo foi buscar a ajuda de um relojoeiro. O senhor Enildo Gonçalves aceitou o desafio. Ele me contou que há 15 anos atrás já havia consertado o relógio junto ao colega de trabalho Nilo Barbosa dos Santos, já falecido. Com a permissão do Monsenhor Leandro Diniz acionei o relojoeiro que me orientou a retirar a peça. A dificuldade para realizar o conserto foi a falta de um fio de bronze para reconstruir a engrenagem, difícil de ser encontrada no mercado. O item chegou do Rio de Janeiro no início deste ano. E, finalmente, com a peça pronta começamos a preparar a instalação, seguindo as orientações do relojoeiro”, conta Lucas.

Na antiga Igreja Matriz, lá já estava o relógio que passou de 100 anos (Foto: Arquivo)

O relógio foi adquirido em 1912, instalado na torre da igreja em 1935. Com 74 anos de idade e 57 anos de profissão, o relojoeiro Enildo Gonçalves disse não ter condições de subir ao local onde está o relógio da Catedral. Ele deu todas as orientações ao jovem Lucas que realizou o trabalho para fazer o relógio voltar a funcionar. Lucas Gomes promete ajudar a manter o relógio em funcionamento. Ele destaca a importância de manter a preservação de um patrimônio que ajuda a contar a história da cidade.

“Temos de valorizar elementos que nos ajudam na preservação da memória, do passado e de uma igreja tão importante para a cidade. Tudo foi construído ao redor da Catedral. O relógio é um registro importante que ajuda a marcar as horas e a História. Para mim, como seminarista, é muito importante e gratificante ver que ele voltou a funcionar, que as pessoas podem escutar novamente as badaladas e, assim, não perder a hora para chegar à missa ou ao trabalho”, sugere.

A Praça São Salvador nos anos 1990 antes da remodelação: destaque da Catedral

O Diretor do Arquivo Público de Campos Carlos Freitas destaca que o conserto efetuado no relógio da Catedral, além de ser essencial para a sua manutenção e normalidade funcional, representa a preocupação com o patrimônio cultural que ele representa em si mesmo.  “Apenas o funcionamento permanente de um equipamento já representa uma política de preservação de uma tradição/memória coletiva da sociedade.  Tradicionalmente, os templos religiosos são os preferenciais de suas cidades e populações.  Importante ação individual e institucional para o patrimônio cultural da cidade. Exemplo a ser seguido e aplicado”, opina.

Para o jornalista Orávio de Campos Soares, o relógio da Catedral sempre foi um meio de informação para as pessoas que circulam pelo centro histórico. “Tornou-se um patrimônio social e fez muita falta durante o tempo em que esteve inoperante. Agora, retoma-se à cultura de se olhar para a torre do templo, para se orientar sobre o tempo e se associar à espiritualidade”, conclui.