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Entrevista: A voz de comando do 8º BPM

Ten. Cel. Rodrigo Ibiapina veio de Macaé, onde jogou duro contra o tráfico; pretende fazer o mesmo em Campos

Entrevista
Por Redação
4 de fevereiro de 2019 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

Por ALOYSIO BALBI

O tenente-coronel Rodrigo Ibiapina acaba de assumir o comando do 8º Batalhão de Polícia Militar sediado em Campos. Na verdade, é o maior batalhão do Estado do Rio em se tratando de contingente, mas ao mesmo tempo é o que cobre a maior área física. O militar estava há quase um ano respondendo pelo comando do 32º Batalhão da PM em Macaé, cidade onde o tráfico de drogas é forte e tem uma estreita ligação com o crime organizado da cidade do Rio de Janeiro.

Em 10 meses, ele conseguiu reduzir os índices de diversos crimes em Macaé e fez operações de inteligências que chegaram a desarticular o poderoso tráfico de drogas nas favelas das Malvinas e Nova Holanda.

Ele pretende fazer o mesmo em Campos e atingir suas metas. Já fez o reconhecimento do terreno e começou a trabalhar firme no policiamento ostensivo. Segundo ele, a responsabilidade da PM aumenta quando a segurança pública passa a ser apontada como prioridade máxima pela população.

O senhor vem do comando da PM em Macaé, cidade que tem um tráfico de drogas que sofre influência do tráfico do Rio de Janeiro. Pelo que o senhor pode notar, Campos também sofre essa influência de forma forte?

A cidade do Rio de Janeiro é o berço das organizações criminosas ligadas ao tráfico no Estado e, portanto, não há como desvincular Campos desse contexto. Entretanto, há diferenças significativas entre as estruturas daqui e de Macaé, como a divisão territorial e a logística empregadas, fruto da cultura peculiar de cada região. Neste ponto a dinâmica utilizada em Macaé se assemelha muito a da capital fluminense.

Afinal, em termos do tráfico de drogas, Campos é uma área de risco maior que Macaé?

Não vejo dessa forma. O policial militar está sempre preparado para enfrentar os riscos e nunca descarta a possibilidade do enfrentamento ou qualquer outra dificuldade. Não utiliza como parâmetro uma área ou região específica. Em regra o tráfico se instala em territórios de descoesão social, fator que potencializa e direciona o risco para a população local.

Quando o senhor foi remanejado para Campos a comunidade de Macaé lamentou. O senhor considerada isso uma boa avaliação?

Sem dúvida nenhuma. Nos dez meses que fiquei a frente do 32ºBPM fiz muitas parcerias, amizades e me identifiquei com a tropa. Houve retorno bastante positivo da população em geral, dos gestores públicos, empresários, comerciantes e da sociedade civil organizada. Essa relação harmônica foi fundamental.

O senhor assume o maior Batalhão do Estado do Rio de Janeiro. Pelo que pode perceber até aqui, ele atende as expectativas?

Sim, antes de assumir conversei com o ex-comandante, Ten Cel Fabiano, analisei dados estatísticos e a documentação que contempla os quesitos administrativos e operacionais do 8ºBPM.

Campos notadamente é considerada uma das cidades com maior número de homicídios proporcionalmente falando do país. Como reverter isso?

O estudo que apontou esse indicador já está ultrapassado e não considera pontos fundamentais de amplo espectro. Houve mudanças significativas nos últimos anos e o 8ºBPM conquistou no segundo semestre de 2017 o 1º lugar isolado no Sistema Integrado de Metas da extinta Secretaria de Segurança Pública. Cabe frisar que um dos indicadores se refere à letalidade violenta.

Por ser um município imenso, e o Batalhão ser responsável ainda por outros, esse desafio é sempre o maior de todos?

Toda nova missão é sempre um desafio. A responsabilidade aumenta em razão da extensão territorial e do número de habitantes nos quatro municípios. Mas a população pode ter a certeza de que os policiais do 8ºBPM são dedicados e estarão se empenhando ao máximo para promover a segurança pública necessária e tão desejada.

O número de efetivos e viaturas é o ideal para um bom policiamento ostensivo?

Ainda não mas os recursos materiais começaram a chegar no fim de 2018. Recebemos 18 veículos e outros 18 serão entregues até meados de março. Novas viaturas serão recebidas provavelmente em julho de 2019. Quanto aos recursos humanos o efetivo disponível está aquém das necessidades operacionais mas encontra-se em análise a possibilidade de formarmos uma turma de soldados aqui mesmo em Campos.

A cidade de Campos tem todas as ferramentas para prender, investir e julgar. A relação com a polícia civil e a Justiça, incluindo aí os Ministérios públicos, está sendo intensificada pelo senhor?

O entrosamento com os demais órgãos que têm responsabilidade sobre a segurança pública é muito bom. O 8ºBPM desenvolve com frequência ações integradas com as guardas municipais, polícia civil e ministério público, entre outros. Estou dando prosseguimento às relações construídas pelos meus antecessores.

E a relação com as entidades representativas de classe. Existia até então um café comunitário mensalmente aqui. Isso vai continuar?

Com certeza. Algumas reuniões fazem parte de protocolos previamente estabelecidos e outras, ainda que não obrigatórias, serão mantidas para estreitar ainda mais a relação da PMERJ com a comunidade local.

O disque-denúncia ainda é uma arma eficiente para ajudar a PM a evitar crimes?

Sempre. Cada vez mais a população está consciente de suas responsabilidades na segurança pública e sabe que tem à disposição diversas ferramentas que facilitam o contato com os órgãos de segurança, de forma sigilosa e anônima. Isso tem ajudado a Polícia Militar na prevenção e repressão de delitos.

O senhor está inovando, participando pessoalmente das redes sociais. Isso tem dado resultado?

É um caminho sem volta. A relação institucional da PM com os veículos de comunicação (imprensa) e com a comunidade através das redes sociais é fundamental para a construção de um ambiente harmônico e saudável entre as partes, transmitindo com maior agilidade e total transparência fatos relevantes e informações de interesse social ligados à segurança pública, elevando o nível de confiança na corporação. O retorno experimentado no 36ºBPM (Pádua) e 32ºBPM (Macaé) me fez ter a certeza de que estamos no caminho certo. Peço que as pessoas nos sigam no aplicativo Facebook e que convidem seus contatos a fazer o mesmo: #8bpmoficial.