Uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta terça-feira (22), cinco suspeitos de integrar uma milícia que age em grilagem de terras. Entre eles, está um major da PM e um tenente reformado. Outras oito pessoas são procuradas. As prisões podem ajudar a elucidar a morte da vereadora carioca Marielle Franco, executada com três tiros na cabeça e um no pescoço em março de 2018, na capital.
O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.
Denunciados e presos
O major Ronald foi homenageado em 2004 pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que propôs moção de louvor. Um foragido, o capitão Adriano, também recebeu a mesma comenda do filho do presidente um ano antes.
Equipes da força-tarefa estão em endereços da Zona Oeste do Rio, nas favelas de Rio das Pedras e da Muzema e nos bairros da Barra, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena.
Além dos mandados de prisão, são cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados e de algumas empresas relacionadas ao grupo criminoso. Num condomínio no Recreio, uma equipe apreendeu dois celulares.
Investigações
Segundo a denúncia, capitão Adriano, major Ronald e o tenente Maurição são os líderes da organização, e Beto Bomba, presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras, conquistou o cargo a partir de ameaças e uso de força.
Os promotores afirmam que a entidade presidida por Beto Bomba concentra as transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas.
Beto Bomba, ainda de acordo com a denúncia, possuía informações privilegiadas sobre operações policiais realizadas nas localidades dominadas, sempre alertando seus subordinados com antecedência.
As investigações foram realizadas por meio de escutas telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia.
Crimes investigados
Prisão estratégica para caso Marielle
Agentes da Polícia Civil que trabalham no caso Marielle Franco consideraram a prisão do major Ronald Paulo Alves Pereira estratégica para a investigação. Eles consideram ele suspeito de participação do crime — sem especificar qual seria o nível de envolvimento.
O major foi um dos cinco suspeitos de integrar uma milícia que age em grilagem de terras na Operação intocáveis, conduzida nesta terça-feira (22) por uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
“Todos esses presos serão ouvidos, na expectativa de que possam colaborar em outras investigações. A gente não descarta a participação no crime de Marielle Franco, mas não podemos afirmar isso neste momento”, disse Simone Sibilio.
“Algumas pessoas que foram presas hoje também integram o escritório do crime, mas a investigação Teve como objetivo combater essa organização em Muzema e Rio das Pedras presos”, acrescentou Simone, sobre o grupo paramilitar investigado por execuções no Rio.
Ronald Paulo Alves Pereira, quando era lotado no 16º BPM, foi homenageado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro. A condecoração aconteceu meses depois de ele ser apontado como um dos autores da Chacina da Via Show, que deixou cinco jovens mortos após a saída de uma casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Até hoje o major – agora apontado como chefe da milícia da Favela da Muzema – não foi julgado pelo crime.
“Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos”, escreveu Flávio Bolsonaro nesta terça, em suas redes sociais.
O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.
Fonte: G1