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Witzel visita Campos, cita dívidas e possíveis investimentos

Governador participou da inauguração do Criaad idealizado pela juíza Maria Daniela Binato

Geral
Por Ocinei Trindade
20 de janeiro de 2019 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

Pela primeira Wilson Witzel veio a Campos como governador do Rio de Janeiro. A visita ocorreu na última terça-feira (15) para a inauguração do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad), resultado de uma campanha elaborada pela juíza Maria Daniela Binato de Castro durante vários anos. A obra foi concluída em dezembro passado pelo governo estadual, mas não pôde ser inaugurada. Witzel demonstrou surpresa e satisfação quando viu o seu nome na placa comemorativa do lançamento do serviço que contou com autoridades presentes como o prefeito Rafael Diniz. Foi a primeira obra inaugurada pelo governador desde sua posse em 1º de janeiro.

O governador Witzel elogiou a iniciativa da juíza Maria Daniela que se empenhou pela criação do Criaad, órgão que terá capacidade de atender a 60 adolescentes em situação de risco, e que necessitem de acompanhamento especializado para sua recuperação, próximos das famílias e da sociedade. “Queremos que os nossos jovens tenham a oportunidade de estudar, porque não existe caminho alternativo ao estudo. Parabenizo a todos que se empenharam para tornar esse lugar realidade. Vamos dar direito a esses jovens de voltarem ao caminho correto. Precisamos devolver as pessoas para a sociedade de uma forma melhor do que recebemos”, disse.

Segurança e Delegacias

De acordo com o governador Wilson Witzel, há um déficit no orçamento do estado do Rio de Janeiro em torno de R$8 bilhões, e é preciso reduzir essa deficiência financeira para poder garantir pagamentos e investimentos futuros. Witzel respondeu sobre o estado precário das delegacias de Polícia Civil, uma reivindicação de melhorias feita pelo sindicato da categoria ao governo estadual. “Temos uma nova proposta para estruturação das polícias. Estamos preparando projetos que estão sendo estudados. É preciso uma mudança de conceitos. O que pensamos é algo diferente dessa estrutura de delegacias, mas que serão divulgadas em detalhes em outra ocasião”. Wilson Witzel voltou a dizer que está empenhado em combater a violência e a criminalidade no estado do Rio de Janeiro.

Rodovias, obras e universidades

Durante sua visita a Campos, Wilson Witzel foi indagado sobre situação precária de algumas rodovias estaduais, o sucateamento das escolas e das universidades, além de obras que necessitam ser concluídas, como a Ponte da Integração que liga São João da Barra a São Francisco de Itabapoana. Segundo o governador, tudo isto depende de reorganizar as contas do estado.

“Espero chegar ao fim do ano com o déficit bastante reduzido ou até zerado. Os investimentos nas estradas poderão ser realizados por meio de concessões à iniciativa privada. Veremos o que se pode melhorar por meio do Departamento de Estrada e Rodagem (DER). Um pedágio razoável para a melhoria das estradas pode ter um custo menor em manutenção”, comentou.

Quanto às universidades estaduais, Wilson Witzel disse que elas também dependem da melhoria do orçamento. “Eu acredito na monetização das pesquisas para levar recursos extras para as faculdades. Gastar com o ensino é investimento. Queremos em quatro anos de mandato melhorar a situação das escolas e das universidades sem descartar parcerias com a iniciativa privada. Já a Ponte da Integração necessita de R$30 milhões para sua conclusão. Isto depende de vontade política para fazer, e estamos dispostos a concluí-la, assim como obras em outras áreas do estado do Rio de Janeiro”, relatou o governador

Escola Militar

O governo do Rio de Janeiro já autorizou a criação de duas escolas militares nas cidades de Volta Redonda e Miguel Pereira. Segundo Wilson Witzel, já há projetos para a execução deste modelo de ensino em Campos.  “Pensamos em uma escola militar em parceria com a  prefeitura em Campos e com recursos do Fundeb”. O secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, também comentou sobre o projeto:

“Pensamos em remanejar algum Ciep  ou até de construir uma nova unidade escolar. Estamos planejando isto com a Polícia Militar e com o Corpo de Bombeiros. Caberá  à Secretaria de Educação o suporte logístico, infraestrutura e aprovação do Conselho. A PM já tem escolas militares há 12 anos. Queremos abrir este atendimento a todas as pessoas da sociedade”, informou.

Conquista          

O Criaad foi adequado ao lado do Colégio Estadual José do Patrocínio, no Parque Leopoldina. O sistema atenderá cumprimento de medidas socioeducativas de semiliberdade na cidade, subordinado ao Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) com ações de planejamento e intervenção na prática do atendimento ao adolescente em conflito com a lei.Para o diretor do Degase, André Monteiro, a medida oferecerá tratamento digno aos usuários. “Queremos ajudar a formar cidadãos de bem”, disse.

A idealizadora do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente, a juíza Maria Daniela Binato de Castro, destacou o esforço para a criação do Criaad, desde a época em que atuou na Comarca de Campos dos Goytacazes. Ela também se empenhou na criação do órgão na capital estadual durante a gestão de Eduardo Paes.

“É motivo para agradecer por esta inauguração. O que vemos hoje é o final de uma longa batalha. Foram incansáveis reuniões, onde nós tentamos tirar leite de pedra. Todos sabem a crise pela qual o estado passa. E, infelizmente, a infância não é prioridade. É uma batalha árdua. Esta é a unidade mais moderna de todo o Rio de Janeiro. Campos dos Goytacazes passa a ser referência em cumprimento de medidas socioeducativas. Este não é um trabalho do magistrado. Este não é um trabalho isolado. Isto é um trabalho em conjunto. Foi-se o tempo em que o Judiciário acreditava única e exclusivamente no peso de sua caneta. Hoje em dia realiza-se um trabalho em parceria com o Executivo. Os adolescentes que serão atendidos aqui estarão livres de estarem uma zona de conflito com facções criminosas. O antigo Criaad ficava dentro da comunidade da Baleeira. Então, temos um legado que fica para Campos, e espero que possamos ressocializar o maior número de adolescentes possível, porque esta é nossa obrigação enquanto cidadãos”, disse Maria Daniela.