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Editorial: A munição do presidente

Na filosofia de Jair Bolsonaro, fogo se combate muitas vezes com fogo

Artigo
Por Redação
20 de janeiro de 2019 - 0h01

Como quem dispara uma arma, o presidente Jair Boilsonaro, canetou o decreto que muda muita coisa em relação ao uso de armas pelos civis. Não se pode afirmar que ele disparou à queima roupa, porque essa foi uma de suas principais e polêmicas promessas de campanha.

Não resta dúvida de que como militar que fora, o presidente Jair Bolsonaro é bem intencionado neste contexto. Na sua filosofia, fogo se combate muitas vezes com fogo, e os bombeiros sabem disso.

A intenção pode ser boa, mas o inferno está com o estoque cheio delas. Por outro lado, deve ser observado que neste decreto ele não liberou geral, como se diz na gíria. Trocando em miúdos, ele apenas aumentou o número de armas que a pessoa pode ter em casa e a indústria deste setor agradece.

Agora vai começar o lobby para que o cidadão de bem possa andar armado na rua. E nas entrelinhas Bolsonaro também prometeu isso. Só que neste caso, a polêmica é ainda maior. Que bandidos cheiram cocaína e usem fuzil é uma coisa. Mas encher a cara de uísque e sair com uma 45 na cinta parece uma coisa diferente em termos de cultura.

Bolsonaro, um político hábil, sabe que é complicado deixar todo mundo sair armado pelas ruas e no momento não quer gastar sua munição com essa polêmica. Mas uma hora vai chegar lá.

Metaforicamente falando, não se pode com um tema desses, atirar primeiro e perguntar depois. O cidadão de bem pode até ter uma sensação de segurança portando uma arma, desde que não esteja no trânsito do Rio ou de São Paulo, nem em um jogo do Flamengo e do Corinthians.

Vamos lembrar que existe o Estatuto de Desarmamento. Não podemos esquecer que houve uma consulta popular na forma de Referendo e as armas ganharam. Recordar que até pouco tempo a política federal comprava armas das pessoas para desarmar a população.

Os tempos são outros e o presidente da República também. Tomara que ele acerte na mosca, nas decisões polêmicas como essa, e torcer para que o alvo não venha a ser o homem de bem.